Introversão — Pensamento

Daniela Amadeu
Introverso
Published in
3 min readOct 3, 2017
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Para Jung o pensamento introvertido não é focado em objetos, mas em subjetividade.

Como é o pensamento introvertido

Todo objeto gera um estímulo. O que determina se o indivíduo será sensação ou pensamento é a parte que mais reage ao estímulo recebido. Neste caso, o pensamento é o que mais se manifesta após ser estimulado.

Analisar a forma de pensar é algo muito difícil. Basicamente, o que podemos aprender sobre as diferentes formas de se pensar é o que o sujeito mais percebe quando discorre sobre seus pensamentos e o que recebe mais ênfase durante o processo.

Objeto e subjetivo. Duas palavras repetidas exaustivamente ao se explicar sobre introvertidos e extrovertidos.

O introvertido tem o seu pensamento originado no subjetivo: objetos estimulam, desvincula-se o objeto do pensamento e foca-se na subjetividade adquirida pelo objeto. Para Jung, o introvertido praticamente não tem relação com o objeto — e essa falta de relação com o objeto se estende aos 4 sentidos do introvertido.

O pensamento introvertido pode alterar os dados recebidos para adequá-los a suas abstrações, subjetividades e fantasias. O sujeito perde-se na subjetividade de seus pensamentos.

Imaginação

Como o pensamento não é atrelado a objetos e a nada que pertença ao mundo físico, não há limite para a manifestação dos pensamentos e das ideias. Não há nada que aprisione a imaginação do introvertido ao mundo real.

Na resolução de problemas, ele pensa exaustivamente e costuma complicar-se ainda mais, ficando perdido em suas próprias indagações.

O introvertido não se intimida sobre seus pensamentos, sejam estes subversivos ou que possam ofender o sentimento dos outros. E ainda cria-se a expectativa de transformar todo o seu pensamento numa realidade objetiva.

O pensamento evapora numa representação do irrepresentável, muito além de qualquer coisa que posa ser expressada em uma imagem.

Dado o seu desprendimento do mundo material, pode apresentar dificuldade em exprimir seus pensamentos, ideias e divagações. Tanta subjetividade pode levar a arbitrariedade em julgamentos e desentendimentos.

Ele é exigente e se em seus olhos o produto parece correto e verdadeiro, então na prática assim deve ser. Por mais clara que a estrutura interna de seus pensamentos esteja, ele não compreende onde suas ideias se ligam ao mundo da realidade.

Tudo o que o introvertido valoriza é poder ficar em paz com suas ideias subjetivas, a relação com pessoas costuma ser de importância secundária.

Visões de numerosas possibilidades aparecem na cena, mas elas nunca se tornam realidade, permanecendo uma mera imagem inalcançável e desconhecida.

Introvertidos de pensamento são muito atentos a formalizações e definições. E pensar não pode sobrepor as demais características.

Por Desconhecido — http://global.britannica.com/media/full/560202/122142, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=303545

Na filosofia

O pensamento foi supervalorizado no século 17. Descartes enfatizava o racionalismo enquanto Espinoza, em seu livro Ethics, compreendia a subjetividade do pensamento humano e via que razão era uma combinação de emoção, não sendo possível separar os dois.

Introvertidos de pensamento tendem a supervalorizar o estímulo racional. Jung diz que a emoção ocorre de modo primitivo.

E há alguma vantagem no pensamento?

Pensar sem os vínculos do mundo real é um passo ao infinito para a criatividade. Quando objetos, dentro da mente, misturam-se com outros pensamentos que adulteram a origem do objeto, tem-se a criação.

A literatura refere-se ao introvertido como um ser criativo, e não é uma associação em vão. De fato, compreende-se a capacidade de criar como sendo a combinação entre dois elementos presentes no mundo material que, dentro da mente do indivíduo, geram um terceiro estímulo.

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