“Ninguém me ama” — ou a falta que faz o amor próprio

Míriam Medeiros Strack
Published in
3 min readMar 4, 2019

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Recentemente estava eu em uma roda de tias, em um aniversário de família e a conversa girava sobre um primo, muito próximo de mim, que evita festas familiares.

Conversa vai, conversa vem, eu tentei argumentar que ele é introvertido, assim como eu, e que temos dificuldades com grandes interações (ele ainda mais do que eu). Porém, cada tia levantava uma hipótese, baseada em suas próprias experiências com interação social, até que uma delas falou o seguinte:

“Quando a gente não se ama, a gente acha que ninguém mais é capaz de nos amar”.

(Pausa para deixar você absorver a ideia)

Vou repetir a frase para garantir que você está absorvendo: “Quando a gente não se ama, a gente acha que ninguém mais é capaz de nos amar”.

Dei essa pausa porque foi o que eu precisei na hora. Essa frase fez tanto sentido para mim que fiquei off da conversa por alguns instantes, só sentindo os efeitos dela sobre mim.

Em alguns segundos repassei a minha vida e vi quantas vezes eu deixei de ter interações mais profundas por pensar que ninguém teria interesse em se relacionar comigo (falo aqui não só de relacionamentos amorosos, mas familiares e de amizade também). Como minha premissa era de que as pessoas não teriam esse interesse, eu também não me esforçava para fazer os relacionamentos serem mais significativos.

E a causa principal, pelo menos para mim, era sim uma falta de amor próprio e de auto estima. Aliás, assuntos esses já trabalhados na terapia e sobre os quais já tive muito progresso nos últimos anos.

O fato era que eu pensava que ninguém tinha interesse em me conhecer ou em conversar comigo (já falei sobre isso neste texto aqui). Lembro que cheguei a pensar um dia: quem vai ter interesse em uma pessoa chata e sem graça como eu? Pois é… auto estima zerada e uma grande falta de amor próprio. Não que eu não tenha defeitos, mas nessa época eu não conseguia enxergar em mim nenhuma qualidade. Se eu mesma não me achava uma pessoa interessante, digna de amor, como eu poderia esperar que uma outra pessoa achasse isso? Como eu poderia esperar receber amor de outra pessoa se eu mesma não estava sendo capaz de me amar?

Difícil, viu…

Para não deixar esse “problema” sem solução, trago rapidamente aqui uma das ferramentas utilizada em terapia que me ajudou muito nesse processo todo: me perdoar. Sim, eu sei, parece bem clichê e é. Mas é do tipo de clichê que todo mundo fala, mas ninguém põe em prática.

A lógica por trás de se perdoar consiste no fato de que não nos sentimos dignos de amor enquanto nos sentimos culpados por algo. E as culpas aqui são as mais variadas em forma e tamanho. Se você quiser se aprofundar mais, leia esta série que estou escrevendo sobre crimes imaginários.

Por fim, termino dizendo que falta de amor próprio não está necessariamente relacionada com ser introvertido (só para deixar claro). Os dois estados podem causar um mesmo resultado (evitar interações sociais), mas as causas para isso podem ser inúmeras. Entre elas, ser introvertido é uma possibilidade. Falta de amor próprio, outra.

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Míriam Medeiros Strack
Introverso

Escritora, professora, bailarina, artista. Falo sobre consciência emocional, consciência corporal e autenticidade. Insta: @miriam.mest