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Não ignore seus pensamentos negativos

Fazendo isso, você ignora uma parte de si mesmo.

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Todos já ouvimos falar sobre a importância dos pensamentos positivos e os benefícios que eles podem nos trazer, junto com as afirmações e visualizações. Porém, junto com essa onda de pensar positivo, acabamos aprendendo também que devemos ignorar, negar, suprimir nossos pensamentos negativos. Nada poderia estar mais errado.

Não estou sugerindo aqui que você se apegue aos seus pensamentos negativos e pare sua jornada de pensar positivo. Nada disso. Só pare de fingir que seus pensamentos negativos não existem. Empurrar eles para debaixo do tapete mental não vai fazer com que eles desapareçam. Vou explicar.

Os pensamentos “negativos”, assim como os “positivos”, são apenas pensamentos que temos a todo instante. Nós os classificamos como positivos ou negativos de acordo com a capacidade que eles têm de nos fazer sentir bem ou não. Se você se sente bem com um pensamento, ele é um pensamento positivo. Se você se sente mal com outro pensamento, ele é um pensamento negativo. Porém, ambos são apenas isso: seus pensamentos. Atentem aqui para a palavra “seus”.

Os pensamentos que se formam em sua mente são seus, tanto os positivos quanto os negativos. No momento em que pegamos parte de nossos pensamentos (no caso, os negativos) e negamos eles (ou ignoramos, fingimos que nunca existiram, jogamos para debaixo do tapete, trancamos em um lugar e jogamos a chave fora), estamos fazendo isso com uma parte de nós mesmos. Estamos dizendo que uma parte de nós mesmos não é boa, que uma parte de nós mesmos merece ser negada, ignorada, escondida. Estamos nos dizendo que nos envergonhamos de uma parte de nós e que essa parte não merece nossa atenção.

E qual o problema disso? Isso reflete diretamente na nossa autoestima, bem como no nosso amor próprio. Como posso dizer que amo quem sou, que minha autoestima é alta, se há uma parte de mim que eu não suporto nem saber que existe e preciso esconder ela assim que percebo sua existência?

(Tempo para pensar)

Deixar com que os pensamentos negativos vagueiem livremente não ajuda. Escondê-los tão logo quanto possível também não. Então, qual seria a solução? Segue minha sugestão abaixo.

1. Identifique seus pensamentos negativos

Em primeiro lugar, você precisa olhar para esses pensamentos negativos e identificá-los. Você está sempre pensando que as coisas vão dar errado pra você? Que vai faltar dinheiro? Que as pessoas não vão gostar de você? Que você nunca vai ser feliz? Que você nunca vai conseguir um bom relacionamento? Que nunca vai conseguir um trabalho legal?

Identifique eles. Se desejar, anote os pensamentos negativos quando identificar um. Ou anote aqueles que você costuma ter sempre. Anote-os por uma semana. Ou todo o dia a noite, lembre-se dos pensamentos negativos que teve ao longo do dia. Como você preferir. O interessante é ter um inventário escrito deles, pois quando escrevemos, transformamos ele em algo físico, que podemos olhar e trabalhar em cima.

2. Identifique os padrões

Depois de ter escrito seus pensamentos negativos, você irá começar a notar padrões neles. Pode ser que a maioria deles gire em torno de dinheiro. Ou de relacionamentos. Ou de como você vê seu próprio corpo. Ou de um problema específico que você julga ter (ex. medo de falar em público). Só você pode identificar seus padrões.

3. Busque a origem desses pensamentos

Tendo reconhecido os padrões de pensamentos, você pode começar a se perguntar quando esse padrão surgiu. Desde quando você tem esse tipo de pensamento? Será que houve algum episódio específico que fez você criar uma crença a respeito de si mesmo (ex. desde o final “daquele” relacionamento você se acha incapaz de ter um relacionamento legal)? Ou será que esses pensamentos são tão antigos que você nem lembra mais como surgiram? Se for esse o caso, será que sua família não lhe passou uma crença limitante (ex. “dinheiro é algo ruim, temos que ter só o necessário”)? Qual a crença que se esconde por trás de seus pensamentos negativos?

4. Busque modificar sua crença base

Essa pode ser a parte mais difícil e demorada do processo. Dependendo do que causou sua crença limitante, como por exemplo, um trauma, é possível que você possa precisar de ajuda profissional.

Se sua crença foi passada a você pela sua família ou pela cultura em que vivemos, é preciso uma grande mudança na sua mentalidade. E isso pode demandar a leitura de muitos livros, muitas conversas com pessoas que têm crenças diferentes, ou que têm as crenças que você gostaria de ter, etc.

Porém, se sua crença limitante surgiu a partir de uma crença que você criou a respeito de você mesmo, você pode precisar mudar a sua verdade a respeito de você mesmo. Voltando ao exemplo do medo de falar em público, digamos que quando você era criança, você teve uma apresentação em público qualquer. Por algum motivo, você ficou muito nervoso no dia, esqueceu sua fala, gaguejou, chorou, deu branco, ou qualquer outra coisa. Pode ser que nesse momento, você tenha criado para si a crença de que você não é bom para falar em público, que você não sabe fazer isso. Quanto mais você acredita nisso, menos você treina como falar em público e mais dificuldade você passa a ter, por falta de treino.

Nesse momento, você hoje, adulto, pode mudar essa “(in)verdade” a respeito de você mesmo. Olhe para esse primeiro episódio com carinho, entenda que você era uma criança, que era a primeira vez em público, que é normal ficar nervoso na primeira vez que fazemos algo, etc. Assuma para você mesmo que você não é intrinsecamente ruim nisso. Você apenas não falou em público por um número suficiente de vezes até você ficar seguro nisso. No momento em que assumimos isso, podemos trabalhar a partir dessa nova verdade sobre nós mesmos.

5. Passe a declarar suas novas verdades

Depois de passar por esse processo, no momento em que seus pensamentos negativos vierem, você pode olhar para eles com carinho, acolhê-los, reconhecer a parte de si que os criou e passar a falar para você mesmo sua nova verdade a respeito de você mesmo.

Dessa forma você estará se acolhendo por inteiro, e não apenas a parte que lhe é “interessante”. Você estará entendo que todos os seus pensamentos são seus por algum motivo e todos eles ajudaram a criar quem você é hoje. Todos os pensamentos são seus e se você amar a todos e dar o encaminhamento certo a cada um, aí sim você estará trabalhando seu amor próprio e sua autoestima de forma completa.

Concluindo

Às vezes, só pensar positivo não resolve. É preciso também dar atenção aos pensamentos negativos, pois eles são sinalizadores de bloqueios que temos, sinalizadores de crenças limitantes, de crenças que não são a verdade sobre nós mesmos. Muitas vezes, continuamos contando essas inverdades para nós mesmos por costume, por falta de analisá-las mais a fundo.

No momento em que damos mais atenção a essas inverdades, a esses pensamentos negativos, estamos dizendo para nós mesmos que todas as nossas partes são importantes e merecem atenção. Isso aumenta nossa autoestima, bem como nosso amor próprio, além de aumentar a possibilidade dessas crenças limitantes e não verdadeiras deixarem de existir, já que estamos dando o tratamento adequado à elas.

E você? Como lida com seus pensamentos negativos? Compartilhe comigo nas respostas!

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Míriam Medeiros Strack
Introverso

Escritora, professora, bailarina, artista. Falo sobre consciência emocional, consciência corporal e autenticidade. Insta: @miriam.mest