Nossa Primeira Sprint Retrospective

Luccas Evans
Inventos Digitais
Published in
8 min readAug 18, 2021

A Retrospectiva, ou sprint retrospective, é um evento de extrema importância dentro do framework do Scrum. Mesmo não sendo discutido nada relacionado ao negócio ou a futuras features, é nesse momento que o time deve entender o que foi feito, como foi feito, por quê foi feito e como melhorar os processos.

Durante os próximos minutos, vamos contar como foi realizar a primeira retrospectiva de um time scrum recém formado, passando por algumas dicas de facilitação, por cada uma das dinâmicas propostas e finalizando com uma “retrospectiva” da nossa própria sprint retrospective, compartilhando nossos principais aprendizados.

Nossa retrospective contou com duas pessoas desenvolvedoras, uma pessoa product owner, uma pessoa scrum master, com um dos stakeholders e comigo atuando como facilitador. Confesso que estava um pouco tenso em facilitar a retro com a participação do stakeholder, mas, a todo momento, ele demonstrava que estava ali como membro do time e isso facilitou muito a condução das dinâmicas.

Nosso encontro estava marcado para segunda, dia nove de agosto de 2021, um dia após o final das Olimpíadas de Tokyo. Então, inspirados pelo espírito olímpico, decidimos “vestir” nossa sprint retrospective com as cores e temáticas dos Jogos. Tivemos diversas dinâmicas temáticas, como por exemplo escolher um esporte olímpico que te represente — por sinal tivemos ótimas respostas nessa dinâmica — , fizemos uma analogia com nossas funções e as posições dos jogadores de vôlei e entregamos medalhas para ações que foram tomadas ao longo do último sprint e meio.

Toda a atmosfera criada ajudou o time a se soltar, tivemos dinâmicas introdutórias muito leves e espontâneas, onde conseguimos nos conhecer melhor como time e entender melhor nossos propósitos. A seguir vamos nos aprofundar em cada uma dessas dinâmicas, sobre a ótica do Pedro, o Scrum Master desse time.

Quebra-Gelos e Team Building

Começamos com dois quebra-gelos para deixar o ambiente mais leve, descontraído e, aumentar o conhecimento que temos uns sobre os outros, deixando o time mais unido. Aproveitando o clima olímpico, a primeira foi baseada em esportes, onde cada um escolhia um esporte que o representasse e, depois que todos tivessem escolhido, pedimos para que fosse explicado o motivo por trás da decisão. Foi um momento muito bom com motivações variadas, vindo de motivos pessoais como a identificação de uma filosofia de vida que o esporte prega, analogias com o mundo e nossa vida dentro dele e também de escolhas que representavam o amor e o aprendizado que aquele esporte trouxe para a pessoa.

A segunda dinâmica foi a clássica duas verdades e uma mentira, após todos terem escrito seus “fatos”, os demais falavam qual eles pensavam ser a mentira, e durante as revelações todos deram risada, se conectaram um com o outro e entenderam um pouco mais do caminho que aquela passou ao longo da vida até chegar naquele momento de interação. A principal intenção dessa dinâmica foi um tremendo sucesso! No final o time estava muito conectado, com uma maior empatia entre si, e um ambiente de confiança e seguro estava gerado!

Afinal, os quebra-gelos servem para isso! Nunca devemos esquecer de sua importância, ainda mais quando estamos falando de um time scrum recém formado, ou qualquer time recém formado na verdade. Temos uma propensão natural a resistir a feedbacks e a dinâmicas de feedback, e a Retrospective é exatamente isso, não apenas em relação ao nosso desempenho individual, mas como um time todo, e se queremos melhorar continuamente buscando nossa melhor versão, temos que estar abertos a esses momentos, confortáveis para participar de coração verdadeiramente aberto, e que forma melhor de estarmos preparados para isso que não com boas dinâmicas de integração para conhecermos mais nosso time?

Particularmente eu sou um leitor que adora relacionar os livros e suas teorias o máximo possível com o meu dia a dia, e após essas dinâmicas eu pude entender melhor como se constrói, e também como se comporta, um time que caminha para ser autoconsciente, um time onde o ambiente é seguro, amigável, onde você se sente acolhido e pode compartilhar feedbacks sem medo de reações negativas e que alguém se sinta ofendido, onde as pessoas falam abertamente de seus pontos de melhoria pessoais e dos demais, trabalham em conjunto para resolver os problemas, um alinhamento no sentido kaizen que o Scrum, e outros frameworks ágeis buscam. Nesse momento, o que aprendi na leitura de Insight da Tasha Eurich se passou muito pela minha cabeça.

Nesse caminho é muito importante que alguém dê o primeiro passo para demonstrar ao time que ali estamos unidos e seguros, o nosso facilitador por muitas vezes foi o primeiro a falar, sempre com muito tato e respeitando os demais, se mostrando aberto ao feedback e ajudando a criar o ambiente que eu falei logo acima, um ambiente de vulnerabilidade como a Brené Brown defende ser necessário nas relações humanas. Não devemos esquecer da importância do facilitador e das lideranças ao darem o exemplo para esse tipo de comportamento positivo que traz diversos benefícios ao time e, que nesse caso, foi essencial para o sucesso de nossa Retrospectiva.

Já temos um ambiente muito bom construído, é hora de aprofundar no team building. A primeira dinâmica que fizemos foi um paralelo das funções do nosso time Scrum e do stakeholder presente com um time de vôlei em quadra.

Com os papéis reafirmados, todos se sentiram contemplados e felizes com a importância de cada um e o alinhamento quanto ao entendimento disso. Ao longo desse primeiro Sprint e meio percebemos uma confusão quanto ao que cabia cada desenvolvedor fazer nesse projeto, para sanar essas dúvidas, foi feita uma dinâmica de “Faz, Não Faz” inspirada na dinâmica de construção de produto “É, Não é, Faz, Não Faz” da Lean Inception. O que achei mais interessante foi como tudo ocorreu muito bem e de forma muito fluida, o nosso facilitador começou explicando o motivo por trás de preenchermos esse quadro, e deu a palavra para cada desenvolvedor falar o que ele deve fazer ou não, devido a ambientação que tivemos antes, os outros membros do time (incluindo o nosso stakeholder) se sentiram à vontade para falar e colocar pontos! O mais legal foi ver os desenvolvedores abertos a isso também, inclusive com pontos levantados em relação a uma função futura que um deles vai adquirir com o passar do tempo e com experiência, um verdadeiro plano de desenvolvimento de membro!

Agora que temos nosso ambiente de conexão e segurança criado, com um aprofundamento de team building, vamos conferir com o Luccas como foi nossa Retrospectiva!

A Retrospectiva em si

Agora que criamos um ambiente mais seguro e o time se sente mais confortável em expor suas opiniões, damos início a grande estrela da noite — no caso era dia ainda — a nossa entrega de medalhas.

Nessa parte do nosso encontro, começamos pontuando o que de bom aconteceu no sprint e que devemos manter, essas ações receberam ouro , além de fazermos um breve “Kudos Card” e mencionar quem foram os pilares de cada um dos pontos dourados do nosso sprint. Em seguida, distribuímos as medalhas de prata , aqueles pontos que foram bons mas ainda tem muito espaço de crescimento.

Como todo bom time tivemos alguns pontos de discordância nessa parte em específico da dinâmica, até porque se todo mundo pensasse igual nem precisaríamos estar ali, certo? Tivemos algumas opiniões contrárias em relação no que focar para melhorarmos nosso desenvolvimento, parte do time considerou que a comunicação estava boa e parte do time considerou que não estava tão boa assim.

Após debatermos sobre esses tópicos, dando espaço para todos falarem, cada membro do time teve três votos para colocar naqueles pontos que, segundo eles, merecem mais atenção. Feita a votação, ficou bem claro o que o time considerava mais prioritário. Alguns dos pontos se assemelhavam bastante, então conseguimos condensar 3 deles em um único item a ser tratado.

Com os itens priorizados, chegamos nos três que o time considerou mais críticos e que mereciam mais atenção e assim partimos para a parte da entrega das medalhas de bronze, que vamos buscar transformar em ouro no próximo ciclo olímpico — também chamado de sprint — .

Para isso, utilizamos três perguntas a serem respondidas para cada um dos itens selecionados:

Por que fazer?
Aqui a ideia é alinhar com o time o motivo pelo qual essa ação é importante para o desenvolvimento. É muito importante que essa parte fique extremamente clara para todos os participantes da dinâmica.

O que fazer?
Nessa parte, basicamente fizemos um brainstorm de ideias, buscando possíveis soluções para aquele problema.

Como fazer?
Definidas as soluções a serem seguidas, é muito importante entendermos como elas vão ser executadas. Então aqui saímos do campo das ideias e fomos entender realmente quais os passos necessários para a mudança.

Essa parte da dinâmica ocorreu incrivelmente bem, todo o alinhamento que foi sendo feito ao longo do nosso encontro fez com que, nesse momento, estivéssemos bastante alinhados em relação aos nossos pontos de melhoria. Assim, ficou relativamente fácil contextualizar o “por que fazer?”, definir o “o que fazer?” e montar o plano de ação do “Como fazer?”.

Chegamos então ao fim da nossa dinâmica com o saldo bastante positivo, conseguimos criar laços entre o time e passar por todos os principais desafios que vínhamos tendo durante o nosso período de desenvolvimento. Em seguida vamos comentar um pouco sobre as lições aprendidas e os pontos de melhoria para as próximas retrospectivas.

Retrospectiva da Sprint Retrospective

Nossas medalhas de ouro 🥇:
→ A interação entre o time foi ótima;
→ Deixamos bem claro para o time sobre o que aquela reunião se tratava, ela é para alinhar pessoas e processos, nada de falar de negócio e funcionalidades;
→ Conseguimos criar momentos de bastante descontração, o que permitiu tratarmos de assuntos sérios com mais leveza quando foi necessário;
→ Conseguimos fechar todas as dinâmicas previstas na hora exata (talvez a call tenha acabado 3 minutos após o tempo estipulado, “but who’s counting?”);
→ Na hora do planejamento da retro, conseguimos identificar bem os pontos que mereciam atenção e fazer dinâmicas bem focadas neles.

Nossas medalhas de prata 🥈:
→ Não ficou claro o que era esperado na primeira dinâmica, alguns foram para um caminho mais filosófico e outros para um caminho mais literal;
→ Tivemos alguns pontos “contraditórios” na hora das medalhas de ouro e prata, que acabaram passando batidos pois ninguém levantou a discussão.

E como vamos tratar esses pontos?

Bom, começamos mapeando eles e agora estamos montando o plano de ação para cada um, alguns se resolvem de maneira simples e outros vão precisar de um pouco mais de cautela. Mas isso é papo para um próximo momento!

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