Sempre abrace a mudança

Felipe Lobo
Involves Rocks
Published in
6 min readNov 20, 2017

Eu me perguntei algumas vezes sobre o que poderia ser o meu texto de “Hello World”. Para mim era muito importante que esse texto refletisse não só aquilo que eu acredito, mas que desse uma introdução à altura para o que deve ser esperado de mim e das publicações que eu faço parte.

Depois de quebrar um pouco a cabeça com essa dúvida, muito por causa da minha inabilidade em aceitar que um tema é bom o bastante, eu decidi escrever sobre algo para o qual eu ainda não consegui uma resposta definitiva:

Por que nós sempre devemos abraçar as mudanças?

Não se engane caro leitor, eu não tenho dúvidas internas sobre o assunto. Mudança é sempre melhor. E eu deixarei isso claro.

A questão d’O porquê

A partir dessa afirmação, a primeira pergunta que sempre aparece na cabeça é: por quê?

Isso induz ao erro. Todo o mindset de resistência à mudanças está relacionado a simplesmente organizar o seu ceticismo na forma dessa pergunta.

Não é sua culpa, é a sua natureza. O seu cérebro tem a necessidade de entender o todo, ele enxerga uma mudança como uma tarefa inacabada. Você não lida bem com a incerteza. Precisa encontrar todas as respostas antes mesmo que você sequer tenha se feito uma pergunta. Historicamente, figuras alegóricas como Zeus ou Helios sempre surgiram para explicar fenômenos até então desconhecidos.

Nós sabemos que a nossa cabeça tem a tendência a criar rótulos e preconceitos e, como seres inteligentes que somos, criamos um método de olhar para algo e tirar informações de forma objetiva, sem que estes tenham como ser influenciados por preconceitos de quem propôs ou observou. Nós chamamos isso de método científico.

O método é bem simples: apresente uma hipótese, uma proposta de solução, a metodologia usada e suas conclusões. Assim, qualquer um que for exposto à conclusão pode replicá-la, questioná-la e apresentar contrapropostas.

Observe, é aqui que entra a parte complicada. Pelo método, você deve questionar e contrapropor tudo aquilo que é proposto. A base da ciência é o questionamento, entretanto a pergunta que você deve se fazer não é “por quê?” pois, quando você monta o questionamento dessa forma, está tirando de si a responsabilidade de saber o que essa mudança representa pra você. O que não faz sentido, pois a responsabilidade de entender como algo impacta você é sua.

Ao invés, pergunte como.

Como eu implementaria essa mudança? Como essa mudança impactaria na minha vida ou no meu ambiente? Como (de que forma) isso se mostra superior ao atual? Você consegue então replicar ou simular, levantar suas próprias hipóteses e chegar às suas próprias conclusões. E até, se for o caso, contrapropor.

Em outras palavras, a resposta do porquê mudar tem que sempre ser dada por você mesmo, em harmonia ou não com a proposta de mudança, mas sempre tendo sido exposto a todos os fatos relevantes.

O simples é seguro

Existe uma tendência no ser humano de achar que conhece mais sobre alguma coisa do que realmente conhece. De modo geral, temos só uma compreensão superficial da maioria das coisas. E a inabilidade de questionar as nossas certezas, gera uma ilusão de que na verdade conhecemos as coisas profundamente.

E se eu conheço algo profundamente, aquilo é simples pra mim.

Eu ouvi a frase “o simples é seguro” do Nicolas Cage, no filme Matchstick Men e fiquei com ela na cabeça desde então. Faz sentido pensar que quanto mais simples algo é, menos variáveis relacionadas, portanto menos risco agregado. Bem objetivo, certo?

Cena do filme Matchstick Men (2003) com Nicolas Cage

Ao mesmo tempo, como o descrito anteriormente, o que é simples para nós vai variar em cima de uma percepção, muitas vezes ilusória, que temos sobre as coisas.

Percebemos como mais seguro resistir à mudança e continuar com algo que já foi validado, que já sabemos dar certo. Partindo dessa percepção, tomamos uma posição antimudança procurando por estabilidade.

Mas nós realmente temos como saber que algo dará certo? Afinal, o que é seguro? Existe realmente algo como a estabilidade?

O mito da estabilidade financeira, por exemplo, é um que vem sendo espalhado por gerações. Se pararmos para pensar só um pouco, vemos que esta não existe pois não existe nenhum fator garantidor dessa estabilidade. Empresas podem falir, serem engolidas pela concorrência. Governos podem mudar e com eles a economia. Você pode se tornar defasado e ser jogado de volta em um mercado sem estar preparado. Na “corrida dos ratos”, ninguém sai vencedor, o único jeito de vencer é parar de correr.

"Por que eu estou correndo mesmo?"

Ou seja, se quisermos nos manter estáveis, nós temos que estar à frente das mudanças. Isso é bastante complicado. O único jeito de fazê-lo é constantemente lembrar-se de que não existem certezas. Permanecer estático é sinônimo de definhar. Se nós não questionarmos e estivermos abertos àquilo que vai nos ser oferecido amanhã, podemos não estar prontos para as novas oportunidades.

E mais do que não estarmos preparados para oportunidades, podemos ser engolidos pela…

Inevitabilidade da mudança

O mundo gira. As coisas mudam. As pessoas mudam. Você é hoje uma versão diferente daquela que você era há um ano atrás. E é uma versão muito diferente daquela que você era há uma década atrás.

Você não usa os mesmos produtos, não interage do mesmo jeito com as outras pessoas e, se for pensar, não vive nem em um mundo com as mesmas dinâmicas.

Quando posto em perspectiva, chega a ser até ingênua a ideia de estabilidade. Não tem como estarmos preparados para todas as mudanças às quais seremos expostos.

Assim, quando resistimos à mudança, existe uma grande chance de simplesmente estarmos adiando o inevitável. É preferível esperar que a mudança seja forçada pra cima de você, sem estar preparado, ou apostar em uma posição proativa e adotar essa mudança antes?

Para usar uma analogia, é preferível estar na crista da onda ou onde ela quebra?

E para isso é necessário experimentar. Não existe certeza, lembra? Você não vai conseguir abraçar a mudança sentado do canto aconchegante e quentinho da sua zona de conforto.

Se exponha à mudança! Entenda os impactos. Saiba das vantagens e desvantagens. Aponte, preveja, trabalhe para melhorar. Aproveite o novo, pense criativamente e pense diferente, da próxima vez seja você o primeiro a mudar.

Um chapéu ou uma jibóia que engoliu um elefante?

“Só aqueles loucos o bastante para acreditar que podem mudar o mundo é que realmente podem fazê-lo”

No máximo, você surfou a onda com sucesso e esteve totalmente preparado e contribuindo para a mudança. No mínimo você errou.

Não existe inovação sem mudar

And cut the bullshit

Se você não está errando, você não está inovando.

Falhar rápido é uma das coisas mais importantes, ainda mais se estamos falando de um mundo totalmente incerto e instável. O melhor jeito de testar e validar hipóteses é colocar elas nas ruas e colher feedback.

O botão do Snapchat já é parte do senso comum. Mas você se lembra como eram os apps com câmera antes dele?

Inovar tem a ver com impacto.

E o impacto vai ser sentido de formas que as pessoas nem imaginam ainda. Vai também ser medido conforme a exposição ao novo aumenta. Para isso é necessário mudar antes.

Repito, mudar é sempre melhor

Se você muda, você está se expondo ao novo e a uma possível evolução. Está trabalhando junto com quem estiver mudando com você e evoluindo para algo melhor. E se você errou, bom também. Pelo menos você testou uma ideia e agora sabe aquilo que não funciona.

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