Hacking na agenda presidencial

Alexandre Vinic
IO Publishing
Published in
3 min readOct 5, 2015

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O tema entrou no debate em visita do presidente chinês à Casa Branca.

No final de setembro o presidente americano Barack Obama recebeu o seu colega chinês Xi Jinping na Casa Branca e dentre os diversos assuntos debatidos no encontro, os presidentes deram bastante destaque ao tema da segurança cibernética. Isso porque é frequente na mídia e em instituições do governo americano a alegação de que os chineses estão atacando organizações americanas de maneira sistemática, roubando segredos industriais e de áreas de inteligência.

Em uma extensa entrevista ao Wall Street Journal, publicada poucos dias antes do encontro, Xi Jinping nega que esta atividade faça parte da política chinesa, ele diz:

A China trata o assunto da cibersegurança muito à sério. A China também é vítima de ataques desse tipo. O governo chinês não se envolve no roubo de segredos comerciais de nenhuma natureza e nem incentiva ou dá suporte a estas práticas. O roubo de segredos comerciais e o ataque contra redes governamentais são ambos ilegais; são crimes e devem ser punidos de acordo com a lei e convenções internacionais relevantes. China e EUA compartilham preocupações com relação à cibersegurança. Nós estamos prontos para estreitar a cooperação com os EUA sobre esse tema.

No entanto, com as revelações de Edward Snowden, se tornou claro que a espionagem, tanto industrial ou política ocorre de parte à parte, de modo que atacar ambientes de adversários, tanto do governo quanto do setor privado é algo da natureza dos nossos tempos.

Em entrevista à BBC, Kevin Mandia, responsável por segurança na empresa Fire Eye diz ter evidências claras que apontam para uma estrutura organizada, com vínculos nas forças armadas do país, a qual dissemina os ataques. Segundo ele, sua conclusão está fundamentada em investigações que catalogaram diversos ataques — só em 2014 foram 226. A análise forense desses incidentes têm levado a empresa a concluir que o Estado Chinês está observando os Estados Unidos.

Ainda segundo Mandia, a empresa tem evidências dos endereços IP, domínios, técnicas, ferramentas e identidades usadas nos ataques. Ele criou um registro de 15 a 20 sinais que identificam cada um dos grupos militares chineses através de pistas deixadas em cada ataque. E diz, "os ataques não são aleatórios. Os chineses promovem ataques bem organizados e direcionados a empresas e indústrias específicas". Ele termina dizendo que o peso da evidência indica que a China está por trás dos ataques. "Ou isso ou forças independentes conseguiram infiltrar-se no exército Chinês e estão usando seus servidores por duas décadas".

De acordo com o comunicado oficial da Casa Branca sobre o encontro, foram estabelecidos quatro acordos no tema da cibersegurança:

  • Foi estabelecida a cooperação entre os dois países no que se refere ao fornecimento de informações e assistência para a investigação de possíveis crimes cibernéticos.
  • Os dois países concordaram que nenhum deles irá conduzir atividades de ciberespionagem contra o outro.
  • Ambos os lados se comprometeram a se esforçar por identificar e promover na comunidade internacional normas adequadas de comportamento do Estado no contexto do ciberespaço.
  • Os presidentes se comprometeram a unir forças no combate ao crime cibernético estabelecendo contatos entre forças de segurança dos dois países.

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