A importância de processos de design mais inclusivos

Dayane Nunes
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3 min readJul 3, 2020

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O design nasceu para resolver problemas de forma criativa e inovadora. Com base em processos determinados e colaborativos, é capaz de criar produtos e serviços que revolucionam experiências.

Diante da complexidade, o diferencial de processos mais assertivos está em considerar a diversidade humana.

Quando criamos soluções baseadas em públicos similares, uma parcela muito pequena dos usuários determina como toda uma comunidade vai utilizar um produto ou serviço, o que consequentemente pode excluir necessidades de determinado grupo social.

Um exemplo muito claro disso que está presente no mercado, é o comparativo da taxa de erro de alguns softwares de reconhecimento facial. Um estudo feito em 2018 pelo Laboratório de Mídia do MIT, mostra uma diferença que chegou a 34% na taxa de falha de reconhecimento facial de mulheres negras, comparado a 0,8% em homens brancos. Quando comparado entre homens e mulheres, sem levar em consideração a raça, a diferença é de 8,1% a 20,6%.

O mais interessante é que uma das marcas analisadas pelo estudo, alegou uma taxa de acerto superior a 97%, mas a base de dados utilizada por eles era composta por 77% homens e 83% brancos. O que explica o menor número de falhas nesse público em específico, e reforça a exclusão gerada ao não considerar algumas variáveis, como gênero e raça, nos processos.

Dito isso, trouxe algumas dicas para tornar o seu processo de design mais inclusivo e diversificado:

Escolha o método adequado para conseguir a resposta que você precisa: Existem diversos métodos de pesquisas, sempre questione se o escolhido é o mais eficiente para coletar as informações necessárias. Por exemplo: o grupo do qual você precisa coletar dados, tem fácil acesso à internet para responder a sua pesquisa online? Como chegar até ele?

Faça pesquisas com integrantes de diferentes grupos sociais: A diversidade de gênero, faixa etária, raça ou classe é capaz de dar espaço para a fala de comunidades silenciadas e criar soluções que atinjam um maior número de pessoas.

O poder de ouvir o outro: Como é possível ter empatia por uma realidade que não conheço? É muito importante dar voz às pessoas com realidades diferentes e sempre buscar entender a partir do ponto de vista de quem vive o problema.

Tenha um time diversificado: Quanto mais diverso for a sua equipe, maior a chance de trabalhar com diferentes visões, gerando debates mais construtivos e estimulando o pensamento inovador.

Tomada de decisão: Inclusão não é só fazer testes e pesquisas com minorias sociais. É incluir essas pessoas no processo como um todo, para que possam trazer vivências, perspectivas e poder tomar decisões junto com você.

Hoje, um produto já não é mais só um produto, as pessoas querem se identificar e sentir que estão sendo representadas de alguma forma pelas marcas que elas consomem. Não existe jeito melhor de entregar a experiência ideal, sem conhecer a fundo o que o seu usuário realmente necessita e quais são as nuances dessa comunidade para poder se conectar com ela. A inclusão é a ferramenta fundamental para criar experiências mais complexas e acessíveis.

Para saber um pouco mais sobre outras discussões acerca do assunto, deixo aqui uma lista de referências que utilizei e que valem muito a leitura:

Design como ferramenta de exclusão social — por Diego Rezende

Vieses racistas: Como combatê-los no design — Por Karen Santos

O segredo do Design Thinking está na diversidade

A importância de pensar empatia e inclusão dentro de UX — Por Patrícia Gonçalves

Porque não acredito em design empático — Por Don Norman

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Dayane Nunes
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Escrevo sobre experiências e vivências (talvez com mais intensidade e drama que o necessário)