Marketing humanizado: o que é e porque é uma tendência entre as marcas

Julia Lima
ioasys-voices
Published in
5 min readJul 23, 2021

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Você já deve ter ouvido falar em marketing humanizado ou pelo menos ter percebido a movimentação das marcas em adquirir características mais humanas.

Essa é uma tendência que entrou em ascensão principalmente com o surgimento do consumidor 2.0, que assume uma posição de maior poder e exige mais das empresas que consome. Esse consumidor, contemporâneo e engajado no processo, produz e acaba construindo, junto com a empresa, a percepção da marca e sua consolidação no mercado.

Além disso, o público hoje é mais consciente com relação àquilo que consome e com os propósito das marcas que ele se associa. Assim, com essas novas necessidades dentro do marketing, surgiu o marketing humanizado.

Por isso, além de ser uma tendência do mercado atual, ele passa a ser quase uma exigência do consumidor, que se identifica com marcas que se personificam. Seja por meio de uma persona materializada, como a Magalu da Magazineluiza, ou através da atribuição de comportamentos considerados humanos, como o Nubank.

Nesse artigo vou falar um pouco sobre o que realmente consiste essa estratégia e porque ela é importante dentro do contexto atual. Continue a leitura para saber mais!

Mas o que é marketing humanizado?

O marketing humanizado, de maneira geral, pode ser entendido como a atribuição de características humanas à identidade da marca de tal forma que elas se mesclam com a visão, missão e valores da empresa.

Nessa estratégia as marcas se personificam, incorporando traços e formas humanas com o intuito de promover uma comunicação mais próxima com seu consumidor.

É por meio dessa personificação que a empresa molda sua personalidade (citada por autores como David Aaker, grande estudioso de marketing). Ela é a base das suas ações como marca e passa a abranger atributos clássicos humanos como: sentimentos, emoções, interesses, carinho, etc.

Algumas análises: a Apple é uma empresa jovem, enquanto a Natura é ativista e a Coca-cola é família. Esses são exemplos de características humanas conferidas a corporações, fazendo com que os consumidores muitas vezes interajam com elas como se fossem pessoas.

Além disso, essa estratégia também demanda que as marcas demonstrem suas falhas como humanos, reconhecendo seus erros e sendo sinceras com relação a isso. Nesse novo contexto, as empresas precisam estar dispostas a manifestar suas vulnerabilidades, sendo menos intimidadores e se tornando mais acessíveis.

O marketing humanizado extrapola então a relação básica entre consumidor e marca, tornando esse relacionamento quase como uma amizade, ou parentesco. A ideia é a marca ser vista como uma pessoa e assim estar mais próxima do público.

E porquê aplicar essa estratégia?

Dentro do marketing, o marketing humanizado se tornou uma tendência devido seu potencial em aumentar a fidelização do cliente, a interação com a marca e a credibilidade dela. Com esse resultado as marcas viram essa estratégia como uma possibilidade de mudar a relação com o consumidor.

Fidelização do cliente

Ao nos conectarmos com uma marca como com um ser humano, percebendo suas falhas, sentimentos e emoções como as nossas próprias, tendemos a ter mais dificuldade de nos “separar” dela.

Depois que laços reais e pessoais foram criados, a chance do consumidor romper esses laços diminui. Seria como romper um relacionamento humano, o que é positivo para a marca.

Além disso, quando uma empresa passa por um processo de personificação e alinha sua personalidade a valores humanos, isso gera uma identificação perante o público.

No processo de escolha de compra, cada vez mais o consumidor 2.0 se sente seguro e inclinado a ter relações duradouras com marcas que estão alinhadas com seus próprios valores, fazendo com que ele se identifique e, assim, se fidelize à empresa.

Interação com a marca

Ao incluir traços humanos na marca, criando uma personalidade, ela passa a se comunicar com o público de uma forma mais próxima, gerando uma interação antes não alcançada.

A personalidade criada para a marca faz com que os consumidores interajam com ela como se fossem uma pessoa, aprovam ou desaprovam uma atitude, ficam felizes ou tristes com acontecimentos da empresa, e assim por diante.

Marcas que adotam um marketing humanizado deixam de ser intimidadoras e passam a ver os clientes como amigos, fazendo parte integral das suas vidas e, consequentemente, das suas decisões de compra.

Credibilidade na era digital

A credibilidade, como muitos acreditam ser a base do sucesso de empresas, é um fator que o marketing humanizado potencialmente contribui, principalmente dentro do contexto da transformação digital.

Com a ascensão da inteligência artificial e empresas digitais, marcas humanizadas são um diferencial. Muitas vezes o marketing humanizado nesse cenário precisa demonstrar empatia e conexões de pessoas para pessoas, mesmo que exista tecnologia envolvida no processo.

Podemos perceber isso como um diferencial em situações como atendimento ao cliente. Muitas vezes, apesar de eficiente e digital, algumas empresas são capazes de manter esse relacionamento pessoal, como por exemplo o Nubank.

Assim, a partir do momento que uma marca se comporta como uma pessoa ela atribui uma personalidade humana coerente com as exigências do consumidor 2.0 e alinhada com seu próprio comportamento. Isso gera identificação e interação, causando laços fortes que desencadeiam em uma fidelização à marca.

O marketing humanizado então passa a ser uma alternativa viável e atrativa para marcas interessadas em expandir a relação robótica marca-consumidor, criando vínculos significativos a longo prazo.

Obrigado por ler até aqui!

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