O Inovador Mercado de Publicidade Online

Gabriel Von Doscht
Irmãos de Criação
3 min readNov 5, 2015

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Quando, há alguns anos, o gerente do meu banco falou "Tá chegando uma recessão" ao me negar um cartão de crédito na conta da empresa, eu bolei a seguinte linha de raciocínio para o mercado de publicidade:

  1. A crise vai chegar.
  2. Clientes vão tirar o pé do acelerador.
  3. As agências de publicidade vão convencer os clientes a continuarem investindo, principalmente no off, que é onde estão as comissões.
  4. Aos poucos, os clientes irão deixar de lado o online.
  5. Algum tempo tempo depois, os clientes vão entender que investir em online pode ser mais barato. E na crise isso significa muito.
  6. As agências digitais e produtoras online ganharão espaço.

Mas aí que morava o erro. Esse era um raciocínio burro. O sexto item da lista não aconteceria assim tão fácil. As empresas de comunicação com foco no online jamais conquistariam um grande espaço no mercado, pois as agências de publicidade também entraram forte na crise e começaram a se agarrar em tudo que seus olhos viam pela frente. Se agarraram no marketing digital como uma adolescente agarrava a porta da van do NX Zero em 2008. Só que eles tavam fazendo isso em 2015.

Meu mini mercado

Sou um fornecedor de serviços para agências de publicidade que não possuem um setor online com grande autonomia. Até pouco tempo, acreditei que meu 2015 seria financeiramente péssimo. Pensei que as agências desistiriam de contratar fornecedores como eu e começariam a fazer todo processo internamente. Mas não foi o que aconteceu.

O que aconteceu é que houve tantas demissões dentro das grandes agências que não sobrou muita gente pra fazer o serviço de mão de obra, de produção online. O offline havia absorvido parte da criação online, mas não tinha tempo para colocar as ideias em prática. E aí as empresas, como a minha, conseguiram se manter.

Porém…

Desde que a crise apareceu, as ideias que algumas agências estão bolando para campanhas na internet são simplórias e soam como campanhas de 2008. Só mostram que elas não estavam prontas pra assumir essa fatia do mercado, mas como são donas da bola, assumiram.

Imagine todas as ações online criadas na década passada e que hoje você olha e pensa "deu muito certo, mas hoje em dia não daria". Não daria certo porque o mercado digital evolui como smartphones: a cada dia surge um novo que deixa o anterior ultrapassado.

São essas ideias ultrapassadas que agências estão bolando em 2015 e vendendo para os clientes como se fossem ideias inovadoras.

Eu morro um pouquinho a cada ação que tem como meta fazer uma hashtag virar trending topic, a cada campanha que tenta manipular o público de forma negativa pra depois aparecer com uma solução patrocinada pela marca, a cada comercial de TV que roda no pré-roll do YouTube, a cada tentativa de fazer sarcasmo, "pois a zuera é a linguagem das redes" e, sem querer, soar idiota.

Eu morro um pouquinho

Não sei se o mercado digital morre também, pois uma parcela de quem assumiu esse mercado parece não ter noção do que é publicidade na internet e acha que tá tudo bem.

Solução? Não tenho nenhuma, mas com certeza ter ~impressões~ como meta de sucesso de uma campanha não é o caminho.

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