O que aprendi com as Piñatas.

A Piñata(ou Pichorra) é um tradicional recipiente de cerâmica, muitas vezes em forma de bicho, que tem uma única finalidade: ser quebrado. Quando o aniversariante acerta a Pinãta, esta cumpre o seu papel, que é se quebrar e revelar doces, brinquedos ou qualquer outro que seja seu conteúdo.

Alberto Ourique
2 min readMar 22, 2016

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Esses malfadados artefatos que já nascem destinados à destruição, carregam mais do que presentes, valiosas lições. As Piñatas vieram ao mundo não apenas para divertir, mas para ensinar. São verdadeiras metáforas coloridas, uma forma lúdica de expressar grandes verdades.

“Não existe êxito sem esforço, dor e destruição. A transformação é um processo agressivo, doloroso. Para nascer, é preciso morrer.”

Em outras palavras, é preciso colocar uma venda e bater até quebrar o cavalinho colorido para poder comer o doce. É cruel, mas também libertador. É necessário quebrar o ovo para fazer o omelete, um ato de fria objetividade. E com os olhos vendados, a criança aprende uma das mais áridas realidades da vida.

Algumas dasmais sábias correntes filosóficas tentam nos ensinar a acreditar em vitórias pacíficas, feitas de autoconhecimento e superação dos próprios limites. Todas elas verdadeiras e altamente proveitosas, mas esquecem de dizer que o processo de autoconhecimento pode ser incrivelmente difícil. E a suposta vitória pacífica se transforma numa batalha Dantesca.

E ao contrário da obra de Dante Alighieri, na viagem que fazemos ao centro do nosso próprio ser não existe a figura do barqueiro. Os rios e obstáculos atravessamos a custo da própria força, quebrando nossas Piñatas e revelando nosso interior, seja ele como for. Frequentemente, o que encontramos lá dentro não são doces ou presentes.

Mas tal como o aniversariante que deve quebrar sua Piñata, não cabe a nós decidir seu conteúdo. Apenas revelá-lo a todos.

E a nós mesmos.

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