Conforto em meio aos livros

Isabel Linck Gomes
Isabel Linck Gomes
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3 min readMay 1, 2019
Foto: Rochele Zandavalli (Secom/UFRGS)

A sequência de verde, vermelho, amarelo, azul e branco preenche os olhos de quem entra na sala 105 do prédio do Instituto Latino-Americano em Estudos Avançados (ILEA), no Câmpus do Vale. Esse colorido da sala é composto pelas centenas de livros distribuídos em seis estantes organizadas por cor, as quais dividem o espaço com mesas de estudo e sofás. Aconchego, conforto e tranquilidade são as palavras usadas pelo estudante Vinicius Fernandes ao descrever a sala 105, o seu lugar favorito para passar o tempo livre enquanto está na Universidade. Carregando o nome de Sala de Convivência, o espaço foi criado com a proposta ser um ambiente de estudo e descanso aos alunos que circulam pelo prédio do ILEA.

Vinicius, estudante do 3.º semestre de licenciatura em Português/Inglês, descobriu a sala ainda calouro, em uma palestra no prédio ILEA que apresentava a Universidade aos novos alunos. “Esse foi meu primeiro contato com a Letras. Eu considero que foi aqui onde a minha jornada na Universidade começou”, relembra. Desde então, a rotina tumultuada do aluno, que cursa oito cadeiras e integra o projeto Idioma sem Fronteiras — intensificada por ser morador de Canoas — , se torna mais fácil tendo a Sala de Convivência para realizar as tarefas acadêmicas ou simplesmente para relaxar. “Eu passo muito tempo na Universidade: eu estudo e eu trabalho aqui. Então aqui [na Sala] eu me sinto em casa”, descreve.

Estudando, conversando ou relaxando, seja como for, sempre há alunos ocupando o espaço que permanece aberto à comunidade acadêmica durante manhã, tarde e noite. Em um primeiro momento, a sala lembra uma biblioteca. Os livros, — que fazem parte do acervo do ILEA e contemplam as mais diversas temáticas — inclusive, são disponibilizados para consulta local como forma de auxílio ao estudo dos alunos. O clima, entretanto, difere bastante: ao contrário de uma biblioteca, em que os momentos de leitura e estudo são individuais e o silêncio é um hábito, na Sala de Convivência os alunos podem conversar, discutir e interagir livremente em um estudo compartilhado, dando, assim, uma esfera mais descontraída ao local. Para Vinicius, apaixonado por literatura, esse é um dos principais fatores que torna a sala o seu lugar na UFRGS: a sala une seu gosto pelos livros com o conforto de um ambiente onde pode passar seu tempo. “Depois que eu entrei na Universidade, eu comecei a reparar mais no valor que a gente tem que dar para as bibliotecas e para os espaços que a gente tem para estudar. Antes eu não frequentava bibliotecas e, a grosso modo, não via o porquê de vir numa biblioteca se eu posso ficar em casa. Mas depois daqui, eu comecei a dar muito mais valor a esses espaços e o ILEA acaba funcionando como uma alternativa para quando eu quero um espaço mais flexível que uma biblioteca. Aqui a gente fica mais livre.”

Embora suas aulas se dividam entre o Instituto de Letras e a Faculdade de Educação, Vinícius se faz presente na sala do ILEA quase que diariamente, entre uma aula e outra, após o almoço e, principalmente, nas tardes de terça e quinta-feira, quando aproveita para estudar já que, segundo ele, estudando na sala sua produtividade é maior do que em casa. O estudante acrescenta que o espaço se faz ainda mais importante nos finais de semestre, quando a necessidade de um descanso é maior. “Tu pode vir pra cá e pensar ‘aqui tá tudo bem, eu posso ficar um tempo aqui, eu me permito a ficar um tempo aqui pensando pensando com mais calma nas coisas que eu tenho para fazer’. Eu acho que essa é a função da sala de convivência do ILEA: ser um lugar aconchegante”, conclui.

Perfil jornalístico (Meu lugar na UFRGS). Texto produzido para o Jornal da Universidade (UFRGS). Porto Alegre, abril de 2019.

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