Pesquisa em cena

Isabel Linck Gomes
Isabel Linck Gomes
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2 min readMay 1, 2019
Foto: Qex Bittencourt

O Câmpus Centro abriga, ao lado da Sala Redenção, um laboratório de pesquisa um tanto quanto diferente. Lá, o jaleco dá lugar ao figurino e, em vez de vidrarias ou microscópios, o ambiente se compõe por um palco, uma cortina e dezenas de cadeiras. O material da pesquisa? A reação do público. Esse lugar é a Sala Qorpo Santo, que se faz laboratório pois é onde acontece a Mostra Universitária Anual de Teatro: Teatro, Pesquisa e Extensão (TPE), a qual oportuniza aos alunos do Departamento de Arte Dramática (DAD) apresentarem seus espetáculos produzidos durante a graduação como uma forma de aperfeiçoar a equipe e, consequentemente, o espetáculo por meio da reação do público e de todos os processos produtivos que envolvem a experiência da apresentação. “É um laboratório tanto para quem é da equipe [técnica], quanto para quem apresenta. No curso tu apresenta uma vez, no máximo duas. Então, quando tu tem essa possibilidade de apresentar uma temporada do espetáculo, tu aprende, porque cada público é um e cada dia o espetáculo se modifica”, justifica Ines Marocco, coordenadora do TPE.

Este ano, a Mostra chega em sua 17ª edição e tem como tema Arte, Crise Experimentação. Segundo Ines, o teatro, enquanto produto artístico, apesar de qualquer crise, proporciona a possibilidade de "experimentar e transcender". Com o texto de Guillermo Calderón e direção de Silvana Rodrigues, Neva é o espetáculo que dá início aos trabalhos da Mostra abordando a crise cultural e o poder transformador (ou alienante) da arte por meio da história da atriz russa Olga Knipper em uma companhia de teatro durante o Domingo Sangrento — massacre que aconteceu em 1905 na cidade de São Petersburgo, na Rússia.

Além das fichas de avaliação comumente distribuídas ao público em cada sessão, este ano a Mostra conta também com o retorno dado pelas críticas publicadas no blog Qorpo Crítico, projeto de extensão coordenado por Henrique Saidel que estreia este mês. “O blog vai ajudar na formação de um pensamento mais amplo sobre as artes cênicas, com algum tipo de reflexão teórica aplicada na área de espetáculos. Por outro lado, para os alunos que recebem as críticas, é importante porque os espetáculos criticados já saem da Universidade com mais chances de ter uma sobrevida, de continuar e entrar no circuito profissional. A peça ganha mais destaque se recebe uma crítica publicada”, explica Henrique.

As críticas podem ser encontradas em www.ufrgs.br/qorpoqritico, e a Mostra se estende até novembro, com temporadas de outros seis espetáculos após Neva, que se apresenta durante todas as quartas-feiras de abril, às 12h30 e 19h30, com entrada franca.

Matéria de divulgação cultural. Texto produzido para o Jornal da Universidade (UFRGS). Porto Alegre, abril de 2019.

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