Reconhecendo priviégios

Mariana Tuyuty
Itália, che bella!
2 min readJul 8, 2018

Antes de, efetivamente, começar a chorar sob as intempéries do meu processo em busca do reconhecimento da cidadania italiana é interessante que eu esclareça, enumere e, principalmente, seja grata por todos os privilégios que eu tenho e que me são mais visíveis desde que iniciei esta minha jornada.

O primeiro, e mais óbvio, é simplesmente ser descendente de europeus, e poder estar lutando de uma maneira mais simples, fácil e rápida para melhorar minha qualidade de vida. Percorrer este caminho sabendo que o que me espera no final não é simplesmente um lugar ao sol, mas sob o sol da Toscana é algo digno de nota. Ter a oportunidade de pegar esse “atalho” pra uma vida melhor já é um baita de um privilégio.

O segundo, e mais sensível, é ter uma família estruturada. O processo da cidadania é infinitamente mais simples se feito por vias paternas, e em um país com 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai em seus registros de nascimento, saber não só quem é meu pai, mas quem foi meu avô, bisavô e trisavô é outro privilégio para se ser grata.

O terceiro, e mais prático, é dispor do tempo e dinheiro necessários para levar a cabo os meus planos. Poder pagar por uma assessoria, ter tempo de ficar horas fazendo pesquisas, ter disponibilidade de ir até os cartórios e museus para fuçar os registros, poder pagar pelas certidões, retificações, traduções, apostilamentos, e mais uma viagem a Europa que pode vir a durar até 3 meses, sem permissão de trabalhar durante esse tempo, é uma vantagem das grandes.

Por fim reconheço também que este blog é um lindo desfile dos white people problems da minha vida. Mas no marketing nós não fomos aconselhados a encontrar nosso nicho pra produção de conteúdo na internet? Eis aqui o meu.

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