Landlocked: um pornô que excita e abre debate.

Um exemplo de que o “pornô feminista” não deve ser apenas para mulheres.

Dan Vazquez
It Is My Vagina
3 min readApr 17, 2020

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Um pornô excitante que exibe o sexo real, a insegurança masculina e exalta a troca de intimidade e de confiança entre os amantes. A personagem feminina não está ali para satisfazer os desejos e vontades do homem dominante. Um verdadeiro exemplo de que se sairmos um pouco do pornô mainstream podemos encontrar conteúdos adultos extremamente envolventes, que não nos fazem acreditar que não nos encaixamos nos padrões de beleza, que o sexo não precisa ser violento, nem muito menos que os homens precisam ser o macho alfa da relação.

Landlocked é dirigido por duas brasileiras, a cineasta Lívia Cheibub e a produtora Angélica Amalin Abe, donas da produtora Wild Galaxies, criada em 2016. Descobri o filme por acaso, lendo sobre mulheres diretoras de conteúdo pornô no Brasil, e me surpreendi. Em seus 49 minutos, Landlocked revela uma relação intensa entre dois jovens que acabam de se conhecer, Joana e Thomas. Eles têm pouco tempo para ficarem juntos, apenas 6 dias, e o sexo é a maneira encontrada para desfrutar dessa conexão. Mas o que mais chama a atenção na trama é a evidente insegurança masculina.

Particularmente achei o início do filme um pouco sem sentido. O momento em que eles se encontram e ela decide ir para a casa dele não me convenceu muito. Mas isso não atrapalha o resto da trama, que é cheia de cenas quentes.

A preocupação em deixar marcado que as mulheres têm opinião e gostam de falar de temas como política fica explícito também no início do longa. Nitidamente uma das diferenças com o pornô mainstream. Ela é uma mulher jovem, livre, recém chegada da Argentina e que demonstra ter personalidade forte e sensibilidade ao mesmo tempo. Uma das cenas que mais marca essa segunda característica é o momento em que ela passa segurança a seu novo namorado quando ele revela seu ponto fraco.

As cenas explícitas são uma delícia. É muito excitante ver a transa desde as preliminares até o êxtase. Mas se você espera takes que exibem apenas a mulher e o dorso no cara enquanto penetra sua parceira. Pode esquecer. Assim com também não vai encontrar a personagem se exibindo pra câmera em cenas de close da sua vagina. Tudo acontece naturalmente. A trilha sonora também ajuda a criar um clima maravilhoso.

Adorei as cenas de nudez masculina também chamam a atenção para a representatividade de um homem normal (por mais estranho que possa parecer falar uma coisa dessas). Um homem que tem um corpo normal, com suas inseguranças e desejos e que tem um pau que também fica mole.

Durante todo o filme o personagem tenta esconder a sua insegurança, que depois se revela no medo de não satisfazer a sua parceira. Essa é uma das partes interessantes do filme, porque não é o tipo de situação que se aborda nos conteúdos pornôs que conhecemos. Muito menos é um assunto fácil para os homens tratarem entre eles e com suas parceiras.

Definitivamente todo o clima criado pela diretora, a sensibilidade sobre as imperfeições e inseguranças dos personagens e a veracidade das cenas de sexo me fizeram empatizar com toda a situação, me fazendo chegar a uma excitação mais profunda e prolongada do que o pornô convencional. Landlock é uma ótima opção para assistir com o boy, transar delicinha e ainda discutir sobre insegurança masculina e os efeitos da pornografia mainstream.

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Dan Vazquez
It Is My Vagina

Jornalista se reinventando. Escrevo contos eróticos realistas e resenhas de filmes sobre sexo e sexualidade.