Só ele gozou

Mas esse não foi o problema

Dan Vazquez
It Is My Vagina
6 min readApr 25, 2020

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Photo by Romina Farías on Unsplash

A gente frequentava o mesmo círculo de amigos. Ele já conhecia o pessoal há muito tempo, sempre estava em todas as confraternizações, era muito popular. Tinha um jeito meio tímido e um bom papo. Olhava com um sorriso acanhado, de um jeito que me deixava desconcertada. Ele era o centro da atenção e nem passou pela minha cabeça que se interessaria por mim.

Até que percebi que algo estava diferente. Ele me olhava mais, sorria mais. Talvez porque eu era novata por ali, uma novidade. O fato é que estava envolvida em um clima de flerte em que eu não sabia muito bem como reagir. A primeira vez que conversamos ele elogiou o meu sotaque “engraçadinho”.

— Ariella… Bonito nome. Deve ser uma delícia ouvir você falar “seixx churraxxxcos para meuxxxx amigoxxxxx”. Comentou sorrindo sem tirar os olhos dos meus. Foi minha vez de ficar tímida. Respondi qualquer coisa na tentativa de não deixar ele ir embora. A conversa finalmente fluiu e depois de uma pequena entrevista descobri semelhanças nos gostos musicais.

— Se você quiser, te levo pra minha casa e te mostro meu pequeno acervo. Falou com a maior naturalidade. Eu sabia o que tinha por trás daquele convite e aceitei ciente do que eu estava buscando também.

Ele morava em um pequeno apartamento. A decoração tinha uma pegada industrial, com lâmpadas penduradas e as paredes de cimento queimado. Dividia o apê com um amigo, que ficou com a gente na sala enquanto terminava de comer e logo tratou de ir pro seu quarto e nos dar mais privacidade.

Dei uma pequena volta pela sala enquanto ele estava na cozinha e observei as fotos que estavam por ali: amigos, cachorros… Ele chegou por trás com duas cervejas e, quase me abraçando, me fez pegar uma das garrafas. — Vem, senta. Foi para o sofá que estava logo ao lado como se me mostrando o caminho.

Finalmente consegui ficar confortável, ele realmente sabia como conduzir uma conversa. Me mostrou seus cantores favoritos e eu mostrei os meus. Estávamos nos divertindo e em um pequeno intervalo entre as músicas eu tomei a iniciativa e lhe beijei. Um beijo com a fome de quem queria sugar aqueles lábios e não largar mais (costumo sugar os lábios quando estou com muito tesão). Ele retribuiu e me segurou pela nuca com uma das mãos por cima do cabelo, enquanto a outra estava na minha perna, subindo por debaixo da minha saia.

— Eu quero fazer uma coisa. Falou e se pôs ajoelhado entre minhas pernas. Me encarou como se estivesse pedindo permissão. Consenti com um sorriso e ele levantou minha saia sem pressa. Passou um curto tempo nas minhas coxas e virilha, intercalando entre beijos e mordidas. Minha pele ficou vermelha e eu já conseguia sentir minha buceta ficar cada vez mais molhada. Estava ficando impaciente, queria logo sentir aquela língua batendo no meu grelo.

Estava em transe, com os braços abertos apoiados no encosto do sofá, correndo o risco do amigo sair a qualquer momento do quarto e nos surpreender… Não sei, mas talvez esse medo do risco estivesse colocando tudo ainda mais intenso. Não conseguia esconder, meu mel marcou minha calcinha.

— Nossa, como você está molhada! Ele sorriu. Filho da puta! Ele sabia que estava me matando de desejo. — Lambe toda a minha buceta. Dei a ordem ao mesmo tempo que colocava para o lado a peça de roupa. Ele falou algo que não consegui ouvir muito bem. Sabia que ele estava falando da minha buceta, mas não quis perder tempo em procurar entender o que havia dito… Como era quente!

Ele tinha experiência, sabia muito bem o que estava fazendo. Fazia questão de me sentir por dentro. Parecia que tinha sede, procurava fundo até a última gota. Quando passou a meter os dedos, avisei que não iria aguentar por muito tempo. Ele diminuiu o ritmo até parar completamente.

— Vamos, não quero te fazer gozar aqui. Me pegou pela mão e me levou aos beijos pro quarto. O corredor era estreito, dava para ouvir o som da televisão e ver o feixe de luz que saía por debaixo da primeira porta. Caminhávamos nos amassando, nos cheirando. Estava arrepiada. Antes de deitar na cama, procurei uma camisinha que levava na minha bolsa. — Você não acha melhor sem? Quero sentir você! Aquela pergunta… Sou muito bolada com essas coisas. Respondi que ficaria mais tranquila se usássemos camisinha. Ele consentiu e pegou o envelope da minha mão.

Ele ainda estava vestido, mas dava pra ver que ele já estava completamente duro. Saber que ele estava com tesao me deixava ainda mais excitada. Ele tirou a minha blusa e a minha calcinha, mas eu disse que queria foder de saia. Transar com uma peça de roupa fazia me sentir mais sexy. Sem nenhuma cerimônia ou sem nenhuma tentativa de parecer sensual, ele tirou a roupa de qualquer jeito e se lançou na cama por cima de mim. Gemi baixinho quando senti minha buceta engolindo.

Percebi que ele parava de vez em quando pra arrumar a camisinha, mas em nenhum momento deixou esfriar a transa. Ele metia gostoso e tinha uma expressão como se estivesse chapado de prazer. Pedi pra ele me foder de quatro, do jeito que eu gosto, e ele prontamente atendeu meu pedido. Enquanto ele usava as duas mãos para apertar a minha cintura, eu empurrava o meu quadril contra ele. Os dois corpos se chocavam com cada vez mais força, já não conseguia sustentar o meu corpo e desabei na cama. Gosto de me exibir… Queria que ele tivesse a melhor visão. Ainda de bruços, usei minhas duas mãos pra abrir minha bunda. Ele ficou louco! Disse que não era comum tanta ousadia. Me apertou com mais vigor, não conseguia se controlar. Gozou! Havia gozado dentro e foi quando percebi que ele estava sem camisinha.

— Putz! Deve ter saído sem eu perceber. Foi instantâneo! Me senti enjoada. Me senti traída. Me senti usada. Me senti violada. Todo aquele prazer tinha chegado ao seu mais absoluto luto. Fiquei com medo. Medo do que poderia acontecer. Medo de engravidar. Medo de adoecer. Medo dele se irritar e me agredir. Medo dele fingir que nada aconteceu. — Você tem noção do que acabou de fazer? Como você pode ser tão cretino?

Meio desnorteada, peguei minhas roupas e fui ao banheiro. Me lavei por não sei quanto tempo para tirar aquela nojeira de mim. Mandei uma mensagem desesperada para uma amiga, a Núbia, mas já era tarde. Ela não iria me responder, como não o fez. Me encarei no espelho e estava muito assustada, eu só queria sair dali. Esbarrei com o idiota no corredor, quando estava à caminho da saída. Ainda tive que ouvir que não precisava todo aquele drama.

Cheguei em casa e chorei. Não consegui dormir naquela noite. Quando amanheceu me sentia um lixo. Aquilo não poderia ficar assim. Lá por umas 8h uma notificação no celular me despertou do meu transe. Era Núbia.

¨Amiga, sei que isso é horrível, mas fique calma. Vamos juntas procurar ajuda médica e saber se está tudo bem com você. Esse cara é um idiota! Stealthing é uma agressão sexual, sabia? Você pode procurar seus direitos!¨

Aconteceu que Nubia e eu fomos fazer os exames. Os resultados mostraram que estava tudo bem, menos mal! Mas ainda era preciso decidir se denunciava ou não. Minha amiga me pressionou pra seguir com a denúncia, mas eu estava morrendo de vergonha só de imaginar a situação na delegacia … No final, decidi não fazê-lo. Foi mais forte o medo do que eles iriam pensar de mim do que fazer o que era correto. Hoje as coisas estão mais claras na minha cabeça… se eu pudesse voltar àquele momento, teria denunciado.

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Dan Vazquez
It Is My Vagina

Jornalista se reinventando. Escrevo contos eróticos realistas e resenhas de filmes sobre sexo e sexualidade.