Benefícios da comunicação Não-Violenta para empresas

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4 min readFeb 9, 2023

Comunicação Não-Violenta (CNV) como potencial para transformação

Por Rodrigo Azeredo, agente de transformação e entusiasta de cultura organizacional e comunidades de aprendizagem.

Em meados de 2022, uma comunidade do Itaú identificou um importante bloqueador da transformação: os relacionamentos entre as pessoas da gestão precisavam de mais confiança, necessária para a cooperação ágil entre equipes. Abaixo trago mais detalhes e aprendizados sobre este estudo de caso.

Para atuar sobre este bloqueador, a alta gestão da comunidade definiu a realização de duas frentes:

  • Auxiliar a comunidade no desenvolvimento de acordos de trabalho;
  • Realizar um workshop sobre Comunicação Não-Violenta (CNV).

Inicialmente, ambas seriam conduzidas por empresas externas. Entretanto, um parceiro propôs que o workshop de CNV fosse realizado por pessoas do próprio banco — e me convidou para criar e facilitar este workshop. Recebi este convite com alegria. Acredito no potencial da CNV de gerar transformações organizacionais.

Antes de continuar contando esta história, quero falar sobre os problemas que a CNV nos ajuda a resolver e como ela faz isso.

Como a CNV nos ajuda a desarmar arapucas da mente

Ao longo da evolução de nossa espécie, o cérebro passou a criar mecanismos (chamados heurísticas) para tomar decisões rápidas, com baixo consumo de energia. Estas heurísticas(1) são criadas a partir de nossas experiências (2). Logo, sua constituição é influenciada pela maneira como interagimos com outras pessoas.

Hoje, as sociedades são completamente diferentes das dos tempos ancestrais(3) — mas nosso cérebro é, biologicamente, o mesmo. Por isso, ele cria heurísticas que, em determinados contextos, resultam em comportamentos disfuncionais.

Estes comportamentos impactam nossos relacionamentos. Acho que toda pessoa já experimentou uma dinâmica que chamarei neste artigo de “troca de ataques e acusações” — um nome autoexplicativo. Estas dinâmicas nunca nos levam a algum lugar: falham em proporcionar entendimento entre as
partes
e, como são reapresentações da mesma tragédia, nada se aprende.

A CNV nos oferece maneiras diferentes de se conversar. Ao mudar nosso jeito de ouvir e falar, ela nos proporciona experiências diferentes. Tais experiências permitem a criação de novas heurísticas, resultando em comportamentos que previnem conflitos e geram conexão.

Desenhando e executando a solução

A ideia de se introduzir a CNV no dia a dia da comunidade por meio de um workshop me pareceu pouco efetiva, pois vejo que processos de mudança de comportamento raramente ocorrem por meio de ação pontual.

Por isso, sugeri que fizéssemos um incremento: além do workshop, uma jornada de aprendizagem. Esta jornada compreenderia encontros adicionais após a realização do workshop — permitindo o acompanhamento da prática da CNV no dia a dia por algumas semanas.

Nos encontros semanais, conversaríamos sobre a experiência das pessoas: aprendizados e desafios encontrados. Ainda, realizaríamos exercícios adicionais. Este conceito foi aprimorado iterativamente, em colaboração com vários times.

Após a aprovação da proposta, passei a desenvolver os materiais e dinâmicas. Adotei três princípios no design que, creio,foram importantes para a experiência de aprendizagem:

  • Ciclos curtos de conteúdo, prática e reflexão;
  • Exercícios e dinâmicas relacionados ao dia a dia da comunidade;
  • Uso escrupuloso da CNV na elaboração do material e durante a facilitação.

Colhendo os frutos

Trinta dias após o último encontro semanal, realizamos um encerramento da jornada. Os feedbacks superaram minhas expectativas. Alguns deles:

  • A CNV contribuiu para que os acordos de trabalho firmados fossem
    cumpridos
    (sinergia com a frente de trabalho conduzida pela empresa externa);
  • A CNV ajudou a se ter conversas difíceis, inclusive com pessoas da alta administração do banco;
  • Há percepção de mudança acelerada na maneira de se comunicar entre as pessoas da gestão da comunidade;
  • Houve aumento na qualidade da comunicação com as pessoas dos times.
  • Crença no potencial da CNV para a transformação.

Estes feedbacks me levam a crer que a jornada de aprendizagem em CNV contribuiu para prover condições de se construir relacionamentos com mais confiança entre as pessoas da gestão da comunidade — que era o objetivo inicial.

Próximos passos

Em função dos resultados obtidos, foi decidido que a jornada seria oferecida às pessoas dos times. A primeira turma será em fevereiro de 2023. No momento, manteremos a estrutura básica da solução desenvolvida.

Vale ainda comentar que a jornada é só um começo: desenvolver-se na prática da CNV pode ser um grande desafio. Por isso, seguiremos acompanhando a comunidade, para verificarmos se os resultados se sustentam — e agir caso necessário.

Referências:
1. Positive Psychology: https://positivepsychology.com/cognitive-
biases/#cognitive-biases

2. Scientific American: https://blogs.scientificamerican.com/observations/wh
at-neuroimaging-can-tell-us-about-our-unconscious-
biases/

3. Affirmity: https://www.affirmity.com/blog/unconscious-bias-6-
insights-immediate-action/

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