Bike Itaú: feita dentro de casa pra colorir as ruas.

Julia Haiad
Itaú Design Team
Published in
6 min readFeb 28, 2021

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Vem ver um pouco do projeto de marca mais inesperado e mais divertido que vivi no Itaú: o rebrand das laranjinhas.

A Bike Itaú é o serviço de compartilhamento de bicicletas laranjinhas que a gente vê em algumas capitais, sabe? E é o único com presença e alcance significativos no Brasil, e carrega, como marca, a responsabilidade de cuidar do bem-estar das pessoas.

O projeto de marca da Bike era antigo, da época em que as laranjinhas só circulavam em São Paulo e no Rio. Ao longo dos anos, outras cidades entraram no roteiro (inclusive Santiago, no Chile, e Buenos Aires, na Argentina) e o sistema de identidade precisou acomodar essas variantes. O conjunto cresceu conforme a necessidade — com muitos símbolos e pouca clareza — e a linguagem gráfica não se adaptou aos meios digitais.

Sistema antigo de marca da Bike Itaú: Muitos símbolos e submarcas regionais

Como time de branding, recebemos um chamado no início de 2020: O Itaú e o parceiro Tembici estavam estudando novidades no projeto operacional que poderiam levar a Bike a dividir espaços — e atenções — com outras marcas. Já enfraquecida, a marca corria o risco de “sumir” no meio dos outros elementos. Foi nesse ponto que começamos o projeto de rebranding.

Em 5 meses, com um time de 3 designers e um redator, atualizamos todo o projeto de marca: estratégia, redesenho do logo, layouts das bicicletas e das estações e nova identidade visual e verbal. Tudo isso para fortalecer uma das principais marcas de causas do Itaú, aumentar a consistência e o impacto visual na ponta, facilitar a experiência e deixar a Bike com carinha de 2021 ;)

A proposta de valor e as três dimensões da marca.

Começando pelo início 😜, juntamos pessoas com experiência em marketing, design, mobilidade e patrocínios para exercitar e definir a proposta de valor da marca:

Bike Itaú é um serviço de bicicletas compartilhadas que alia tecnologia a um sistema confiável e inclusivo, permitindo que todas as pessoas transformem a experiência de mobilidade nas cidades.

Cruzando a proposta de valor com as três personas de clientes potenciais da Bike, chegamos nas dimensões da marca. As dimensões são os territórios que a marca explora para fazer essa entrega virar realidade. Elas definem a personalidade, guiam a comunicação, o relacionamento com os clientes e inspiram a experiência, online e offline.

Inclusão — Conectamos destinos, pessoas e experiências: Levamos todas as tribos a todos os cenários.

Liberdade — Acreditamos na liberdade de ir e vir, livres e felizes: A cidade é o nosso quintal.

Movimento — Acreditamos na vida ativa, saudável e em constante evolução: Somos energia em transformação.

Pesquisar é preciso.

Antes de começar a desenhar, fomos entender como as pessoas percebem as Bikes enquanto objetos no cenário urbano.

Gráfico com resultados de pesquisa: percepção de cor, formato e nome.

Ouvimos homens e mulheres de 18 a 55 anos no Rio, São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre. Começamos a pesquisa pelo nome: Bike Itaú? Laranjinha? Bike Rio? Vimos que nosso nome é bem forte e que temos até apelidos :D

Testamos também o formato das bicicletas e o resultado mostrou reconhecimento e associação com a marca.

E a conclusão quase unânime: se é laranja, é a Bike Itaú! E essa cor ainda se destaca e serve como recurso de segurança para os ciclistas. Ponto pra nós, que investimos cada vez mais no nosso asset mais importante. 🧡 Quem sabe a gente não lança um @pantone, hein?

Com a base estratégica consolidada e os aprendizados da pesquisa, partimos para o projeto visual e verbal, curtindo todo o ventinho no rosto que sentimos nesse caminho.

A decisão de manter a Bike como submarca no portfólio foi natural.

Hoje, a marca representa a atuação do Itaú em mobilidade urbana, fora do core financeiro e impulsionando evolução e sustentabilidade. A “bolacha do Itaú” compõe o logo e vem nas suas cores originais (azul e amarelo) garantindo consistência no sistema gráfico e exposição da marca. Além disso, o desenho do logo nasce com pensamento de portfólio, ou seja, pensado para que futuras submarcas “irmãs” da bike possam nascer do mesmo pensamento construtivo: lettering + bolacha.

Marca Bike Itaú sobre fundo laranja
Malha construtiva da marca Bike Itaú

O lettering nasceu da customização dos caracteres vindos da tipografia do Itaú, a Itaú Display. Inspirados pelas formas das bikes, deixamos o B e o E bem geométricos e circulares, assim a marca sempre pedala por onde passa. Trabalhamos kerning, o equilíbrio formal e, da dimensão do movimento, veio a inclinação diferente para o E.

Em cada cidade, a Bike Itaú tem uma parceria com a prefeitura. Por isso, o logo se desdobra em identificadores regionais, num sistema bem amarrado.

Sistema de submarcas regionais: Bike Sampa, Bike Rio, Bike Salvador, Bike Pernambuco, Bike Poa, Bike Santiago.
Sistema de variantes regionais.

Tal mãe, tal filha.

A Bike é uma submarca que vive bem coladinha na marca mãe e recebe seus principais assets naturalmente. A gente já suspeitava, mas a pesquisa mostrou: o laranja é o ingrediente visual mais poderoso da identidade da marca Itaú e é por isso que ele se manteve super protagonista no projeto da Bike. O #EC7000 reina absoluto, acompanhado de branco e chumbo, em uma paleta simples e marcante. De partida, a estratégia cromática foi refletida nos novos adesivos das bicicletas — não só nas bikes comuns, mas também nas novíssimas bikes elétricas.

A cor laranja aparece também com volume e gradiente na forma de um grafismo geométrico e granulado, que fala do cenário urbano, do asfalto e do movimento das rodas.

As imagens geram engajamento e conexão entre a linguagem e as pessoas. Representam a diversidade de forma espontânea e falam de liberdade, em todos os sentidos. E a tipografia ganhou peso nas composições, garantindo espaço para a mensagem escrita.

Imagem da bicicleta sobre fundo laranja acompanhada do texto: “De laranjinha, a cidade pedala pra frente.”
Aplicações gráficas da linguagem. Textos: “Da Galeria do Rock pra casa do Samba pra onde você quiser.” / “A Bike acordou assim: elétrica.”
Aplicações digitais da linguagem. Textos: “Sextou na cestinha.” / “De bike, a cidade fica mais perto de você.”

As laranjinhas têm um jeito bem próprio de falar.

Uma linguagem que se sente à vontade na cidade, e por conhecer tão bem os caminhos, conecta destinos possíveis — ou até improváveis 😁 Os textos são livres, leves, soltos e valorizam a jornada. Pedalam sempre pra frente, com otimismo e muito bom humor.

Para construir a voz, as dimensões dão origem às verticais com mensagens e tons, que se completam e se equilibram na fala bem humorada da marca. Essa lógica guia os redatores e quem mais precisar escrever na voz da Bike.

Esquema do racional de linguagem verbal.

Equilibrar os três tons de voz pode ser bastante divertido. Os pesos de cada tom podem variar, para entregar com mais força um dos conceitos, dar ritmo às comunicações com o jeitinho da marca.

Um projeto de mobilidade urbana em 2020.

Esse trabalho começou a ser desenvolvido em janeiro de 2020, em um cenário pré-pandemia de covid-19. No meio do desenvolvimento, o cenário urbano e o uso dos modais mudou radicalmente por causa do isolamento social. Com isso, conversamos bastante sobre como a linguagem verbal da marca deveria ser direcionada para mensagens de otimismo e cuidado com as pessoas durante esse período.

A implementação da nova linguagem nas bicicletas (comuns e elétricas) e estações começou em outubro do mesmo ano, em capitais como o Rio e São Paulo, e vai ganhar força ao longo do ano de 2021. O projeto de marca com pensamento de portfólio abre caminho para as próximas iniciativas do Itaú em mobilidade.

Página inicial de site mostra imagem da bicicleta acompanhada do texto “De bike, a cidade fica mais perto de você.” Tela de início e menu do aplicativo.

Linguagem Visual: Elisa Penido, Tom Oliveira, Helena Sulzbeck. Linguagem Verbal: Felipe Valério.

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