Design de conteúdo e a construção de uma visão de futuro
Aprendizados da minha atuação no visiontype do Itaú Shop
O objetivo deste artigo é contar brevemente os meus aprendizados atuando no contexto estratégico do Itaú Shop.
Porém, antes de falar sobre esses aprendizados, vale apresentar alguns conceitos.
Então, vamos lá!
O que é contexto estratégico?
Para explicar o que é o contexto estratégico, contei com a ajuda de pessoas que participaram ativamente desse projeto.
Cíntia Godoy, coordenadora de Design no Itaú, define contexto estratégico como:
A análise de desafios e oportunidades das visões de negócio, cliente e mercado, coletando dados qualitativos e quantitativos.
Segundo Carolina Faria, coordenadora de Design no Itaú:
O contexto estratégico permite a geração de insights e dá direcionamento para criarmos a visão de futuro com foco na proposta de valor (visioning) e a visão de futuro com foco em experiência e interface (visiontype).
Já para o Eduardo Bessa, especialista em Design do banco, tanto o visioning quanto o visiontype estão contidos no contexto estratégico e também são entregáveis desse trabalho.
A minha participação na primeira parte do contexto estratégico (visioning) foi muito mais como observadora, mas isso foi de extrema importância para a minha atuação na construção do visiontype: tema principal deste artigo.
Visioning
É o processo de criar uma visão clara e inspiradora para o futuro de um produto e envolve a definição de um estado ideal ou um objetivo ambicioso que a organização deseja alcançar.
O Visioning é uma ferramenta estratégica importante para motivar os membros da equipe, orientar a tomada de decisões e a definição de metas. Cíntia Godoy
Visiontype
Talvez você já o conheça com o nome de moonshot.
Sobre o que é o visiontype ou moonshot, a Cíntia traz a seguinte explicação: "Eu diria que visiontype é o protótipo para representar o futuro das soluções, tendo como base o direcionamento do visioning.”
Em resumo, nesse momento, tangibilizamos nosso propósito, nossos pilares estratégicos e a experiência em que apostamos e que fará sentido para o futuro. É o design de produto criando a melhor experiência para atender às estratégias de negócio e às necessidades dos clientes.
A seguir, compartilho algumas perguntas que foram importantes para direcionar o visiontype:
- Quais necessidades dos clientes queremos atender?
- Qual é o objetivo do negócio?
- Qual propósito foi definido?
- Quais as expectativas para a evolução do produto?
- Em qual lugar no tempo a visão de futuro deve ser situada? Três, cinco ou oito anos?
Depois, atuamos em parceria com Product Designers para colocar a mão na massa. E é desse momento que compartilho meus aprendizados com você.
Design de conteúdo no visiontype: meus principais aprendizados
Nesta seção, apresento algumas boas práticas de UX Writing que foram fundamentais para construir textos para uma visão de futuro.
É importante frisar que algumas delas são aplicáveis independentemente do projeto, mas resolvi trazê-las, pois se destacaram ao construir um moonshot.
1. Escrever sem pensar na limitação técnica
No dia a dia, muitas vezes é necessário podar alguns trechos da escrita por causa das limitações técnicas.
Porém, quando estamos em um projeto que está antecipando o que queremos entregar no futuro, a limitação técnica deve sair de cena.
Na construção de um visiontype, temos a oportunidade de pensar fora da caixa. Inclusive, isso é muito importante porque como estamos falando de uma visão de futuro, o objetivo é que todos os times trabalhem para chegarmos na versão que acreditamos ser melhor para o negócio e para os clientes.
2. Texto conversacional: usar características da fala na escrita
No livro Redação Estratégica para UX, Torrey Podmajersky nos apresenta que conversacional ou dialógico é quando as pessoas reconhecem o texto, as palavras. (2018, p. 107)
Logo, podemos afirmar que o texto conversacional adota características da fala, permitindo que seja entendido por toda e qualquer pessoa. Escrever de forma conversacional é dizer não ao burocratiquês, é escrever de forma fluida, é usar uma linguagem simples e estabelecer uma conversa com o cliente.
3. Ontem, hoje e sempre: menos é mais
Ou melhor: apenas o necessário é importante
Temos percebido que as interfaces caminham em direção a telas mais limpas e mais objetivas. Isso envolve mais espaçamento, menos elementos visuais, menos cores e menos texto.
Por isso, precisamos escrever de forma concisa. Escrever dessa maneira não é necessariamente escrever pouco, mas dizer tudo que é importante para o momento com a menor quantidade de caracteres possíveis.
De toda forma, sabemos que algumas informações adicionais são necessárias para ajudar a construir o sentido. Nesse caso, em parceria com Product Designers, precisamos encontrar formas de ajudar o cliente caso precisem de informações complementares.
4. Personalização é o caminho
Para apresentar a definição de personalização, conversei também com o Bruno Furlan, Tech Lead aqui no Itaú. Para ele:
A personalização de recomendações refere-se ao processo de sugerir produtos aos clientes com base em seus interesses, histórico de compras e comportamento de navegação. Essa abordagem visa melhorar a experiência, tornando as recomendações mais relevantes e úteis para cada pessoa.
Os clientes querem entrar no aplicativo e sentir que tudo ali foi feito para (com) ele.
A personalização envolve recomendar produtos e serviços com base nos rastros que o cliente deixa e com base no que conseguimos prever como uma necessidade ou desejo.
Tá, mas como Content Designer vai possibilitar isso? Se pensamos em recomendação para o visiontype, precisamos entender o que ela entregará.
Não seremos responsáveis pela personalização, mas sim por criar textos que comuniquem e evidenciem para o cliente que aquele item que está sendo recomendado não está ali à toa. Entender os princípios da recomendação ajuda a sair de uma escrita genérica para uma escrita mais próxima do perfil do cliente.
5. Da escrita operacional ao encantamento
Sempre que menciono o termo “escrita operacional”, estou fazendo referência à escrita que foca no problema ou na tarefa que deve ser executada.
Sim! Sei que a escrita focada na experiência do usuário é para informar, guiar e orientar o cliente. Ok, eu concordo. Mas, como podemos fazer isso sem ser tão operacional?
Até o momento, cheguei a essas conclusões:
- Apresentar a solução em vez de focar exclusivamente no problema;
- Destacar a proposta de valor de uma tarefa e não apenas dar um comando para o cliente;
- Chamar as pessoas pelo nome, mas não ser repetitivo (Ponto de atenção para pessoas que já cadastraram um nome social!);
- Comemorar uma ação que temos certeza de que foi positiva (para o negócio e para o cliente);
- Relacionar uma recomendação com um desejo ou necessidade.
Não por acaso, falar de encantamento apareceu em quinto lugar. Não por ser menos importante, mas porque encantamento pode ser a junção de todos os pontos apresentados nos tópicos anteriores.
Finalizo este artigo com o trecho do livro Storytelling no Design de Produto, da Anna Dahlström, que diz:
O futuro tem muito a ver com o que está acontecendo e está começando a acontecer agora — das pequenas às grandes coisas. […] Cada vez mais, receberemos conteúdos e experiências mais personalizadas, com base nas preferências e no que fizemos ou não fizemos.
Esses foram alguns aprendizados que separei para compartilhar com você, fico feliz que tenha chegado até aqui.
Deixo registrado um agradecimento especial a todo time que participou desse super projeto: Marcela Souza, Cíntia Godoy, Carolina Faria, Eduardo Bessa, Vitor Marano, Ricardo Chiesa, Eluanda Andrade, Desiree Nyari e Guilherme Araújo.
Quer continuar a conversa? Me chama no LinkedIn.
Referências
- Golden Circle: como fazer e exemplos
- Redação Estratégica Para UX: Aumente Engajamento, Conversão e Retenção com Cada Palavra
- Storytelling no Design de Produto: Definindo, Projetando e Vendendo Produtos Multidispositivos
- User-centric vs. Maker-centric Language: 3 Essential Guidelines