Os bastidores de uma marca acessível: íon Itaú
Acessibilidade tem sido um assunto frequente na comunidade de design e dentro do Itaú não seria diferente. Como um designer parceiro do time de Branding, vi isso na prática e vou contar um pouco pra vocês.
De acordo com as regulamentações do Banco Central, temos que garantir que nossos usuários não estão sendo excluídos de nenhum dos nossos serviços. Assim, começamos a olhar com mais atenção para acessibilidade em todas as partes do nosso processo, começando com um movimento de revisão e adequação das nossas marcas, fizemos palestras, workshops e através de trocas com outros times de design, gerando uma cultura acessível dentro do Itaú design e garantindo que as marcas no futuro já sejam pensadas acessíveis.
Com íon Itaú, marca da nossa plataforma de investimentos totalmente digital, não podia ser diferente.
A marca, que nasceu digital, teve seu lançamento em janeiro, com foco na comunicação em mídias sociais, mídias dirigidas, performance e no aplicativo exclusivo.
Foi um projeto desenvolvido com um pensamento de soluções voltadas para acessibilidade em alguns pontos, porém, não tratávamos do assunto no nosso guia de marca.
Pense em quantas experiências insatisfatórias esses usuários já têm em suas vidas diárias. Você não quer acrescentar nada não fazendo sua lição de casa primeiro.
Astrid Weber, User Experience Researcher , Google
WCGA
Para os estudos em acessibilidade, temos como base a WCAG 2.0 e 2.1 (Web Content Acessibility Guidelines). A WCAG é uma série de recomendações desenvolvidas pela W3C (World Wide Web Consortium) com a finalidade de tornar o conteúdo online mais acessível.
De acordo com a WC3:
Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
Segundo a W3C, trabalhamos com três níveis de exigência: A, AA e AAA. Os textos e imagens de texto no nível AA devem ter no mínimo 4.5:1 de taxa de contraste de cor (a cor do texto tem que ter no mínimo 4.5x mais luminosidade do que a cor de fundo). Essa conta inclui pessoas de visão moderada e que não precisam de assistente de contraste e também pessoas que têm daltonismo.
No cenário de nível AAA, o índice de contraste ideal vai para 7:1 (luminosidade da cor deve ser 7x mais luminoso que a cor de fundo). Pessoas que tem perca de visão acima de 20/80 precisam de tecnologia assistida para aumentar o contraste e ampliação do texto.
O estudo
A partir dessas informações, começamos a olhar para as peças produzidas nessa primeira fase de implementação da marca e testamos as possibilidades de combinações cromáticas e relação de contraste entre elas.
Foi um trabalho em conjunto com a squad de marketing de negócios, através de Brand Critiques das peças em circulação e do Brand System, squad responsável pela distribuição, capacitação e consistência dos ativos de marca dentro do banco e para fornecedores.
O primeiro passo foi definir a presença de cores dentro da nossa comunicação.
Definimos de maneira visual e direta quais combinações são acessíveis e qual a taxa elas cumprem de acordo com a WCAG.
O resultado foi compartilhado com as squads de íon Itaú ligadas à comunicação durante nosso brand critique e o resultado já ficou visível logo na sequência.
Conclusão
Apesar do caráter obrigatório, estudar acessibilidade mostrou como podemos ser mais inclusivos no nosso processo de criação. Não significa apenas criar uma marca melhor, mas construir uma boa experiência para todos as pessoas, independentemente de sua capacidade visual, auditiva, motora ou cognitiva.
Outro ponto positivo foi a união de experiências e conhecimentos dentro das áreas de design, cultivando uma cultura de acessibilidade muito rica e com cada vez mais empatia em todos os projetos.