Construindo sistemas tolerantes a falhas: uma introdução à arquitetura de software resiliente

Itaú Tech
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6 min readJun 4, 2024

Por Rubens Alves, Gerente de Engenharia na Comunidade Shared Experiences PF

No cenário tecnológico atual, em que a dependência de sistemas digitais cresce exponencialmente, a resiliência em software se tornou um aspecto crucial para a continuidade dos negócios e garantir a satisfação do usuário. Mas o que exatamente significa resiliência em software e por que ela é tão importante?

Neste artigo iremos trazer o conceito dessa arquitetura, sua importância e exemplos que irão ilustrar na prática os benefícios de uso.

O que é e qual sua importância

Resiliência em software refere-se à capacidade de um sistema de se adaptar e se recuperar de falhas, continuando a operar de forma correta, mesmo sob condições adversas. Em outras palavras, um sistema resiliente pode resistir a falhas, reduzir seu impacto e retornar rapidamente ao estado normal de operação.

Podemos elencar diversos ganhos com o uso dessa arquitetura que justificam sua importância. Primeiramente, há um impacto direto para a continuidade dos negócios: sistemas resilientes garantem que, mesmo diante de falhas ou problemas inesperados, as operações críticas continuem funcionando, assim, minimizando interrupções que podem causar prejuízos financeiros e danos à reputação. Além disso, a capacidade de se recuperar rapidamente de falhas significa menos tempo de inatividade, o que é essencial para manter a confiança dos clientes e parceiros.

Esses são aspectos que também já possuem impacto na visão de experiencia do usuário, em que termos a disponibilidade de nossos serviços operando de forma consistente garante uma experiência consistente, confiável e que promova a retenção de clientes.

Para o mercado, empresas conhecidas por terem sistemas resilientes ganham uma reputação positiva, atraindo mais clientes e parceiros de negócios. Além disso, estes sistemas, trazem uma maior capacidade de inovação, pois há maior segurança sabendo que suas operações críticas estão protegidas contra falhas inesperadas.

Quanto ao compliance e regulações, implementar resiliência ajuda as empresas a atenderem essas exigências e evitar consequências como o não cumprimento de regulamentações.

Portanto, a resiliência em software não é apenas uma característica desejável, mas uma necessidade imperativa no ambiente digital de hoje. Investir em práticas de resiliência garante que os sistemas não apenas sobrevivam a falhas, mas prosperem, proporcionando uma base sólida para a continuidade dos negócios, satisfação do usuário e vantagem competitiva. Empresas que priorizam a resiliência em suas arquiteturas de software estão mais bem posicionadas para enfrentar os desafios do futuro e se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

As possibilidades de falhas (e como mitigá-las)

Hoje em dia não dá para pensar em um sistema que fique indisponível. Imagina chegar em casa com fome, pronto para pedir algo para comer, e encontrar o aplicativo fora do ar? Caótico, certo? Por isso precisamos entender as possíveis falhas que um sistema pode ter para que possamos pensar em como contorná-las.

Confira exemplos de falhas que podemos nos deparar!

1. Falhas de Hardware

Falhas em componentes físicos, como servidores, discos rígidos e roteadores, são inevitáveis. Um servidor que falha pode levar à indisponibilidade total de um serviço.

2. Erros de Rede

Problemas de conectividade, como latência elevada, perda de pacotes ou falhas de roteamento, podem interromper a comunicação entre diferentes partes de um sistema distribuído. Esse tipo de falha pode levar à interrupção de serviços ou à degradação de seu desempenho, provocada por conexões lentas ou instáveis.

3. Sobrecarga do Sistema

Situação problema: a falta de capacidade para lidar com aumentos repentinos na carga de trabalho pode levar à sobrecarga do sistema. Exemplos incluem picos de tráfego inesperados ou aumento súbito no número de transações.

  • Falhas de Serviço: Sistemas sobrecarregados podem parar de responder, resultando em falhas de serviço.
  • Experiência do Usuário Ruim: Desempenho lento ou tempo de resposta elevado pode frustrar os usuários e levá-los a abandonar o serviço.

4. Erros de Software

Situação problema: Bugs ou falhas no código de software podem causar comportamentos inesperados ou falhas totais do sistema. Exemplos incluem exceções não tratadas, erros de lógica e memory leaks.

Qual o impacto:

  • Crash do Sistema: Bugs críticos podem causar a parada completa do sistema.
  • Inconsistência de Dados: Erros de software podem levar à corrupção ou perda de dados.

5. Dependências Externas

Situação problema: Sistemas que dependem de serviços externos, como APIs de terceiros, estão sujeitos às falhas desses serviços. Se um serviço externo ficar indisponível, ele pode afetar diretamente a funcionalidade do sistema.

Qual o impacto:

  • Interrupção de Funcionalidades: Funções críticas que dependem de APIs externas podem falhar.
  • Perda de Funcionalidade: A indisponibilidade de serviços externos pode resultar em funcionalidades reduzidas.

6. Problemas de Configuração

Situação problema: Configurações incorretas de sistemas ou serviços podem levar a falhas operacionais. Exemplos incluem configurações de rede erradas, permissões inadequadas e parâmetros de sistema incorretos.

Qual o impacto:

  • Falhas de Inicialização: Sistemas podem não iniciar corretamente devido a configurações erradas.
  • Vulnerabilidades de Segurança: Configurações inadequadas podem expor o sistema a ataques de segurança.

7. Ataques de Segurança

Situação problema: Sistemas não resilientes são mais vulneráveis a ataques cibernéticos, como DDoS (Distributed Denial of Service), injeção de SQL e exploração de vulnerabilidades.

Qual o impacto:

  • Comprometimento de Dados: Ataques podem levar ao roubo ou corrupção de dados sensíveis.
  • Interrupção de Serviços: Ataques DDoS podem sobrecarregar servidores e torná-los indisponíveis.

8. Erros Humanos

Descrição: Ações humanas, como comandos errados, exclusões acidentais de dados ou má configuração de sistemas, são causas comuns de falhas.

Impacto:

  • Perda de Dados: Ações humanas podem levar à perda permanente de dados críticos.
  • Interrupções Operacionais: Erros podem causar interrupções nos serviços, afetando a operação normal.

Falhas em sistemas não resilientes podem ter impactos significativos nos negócios e na experiência do usuário. Identificar e entender essas falhas comuns é o primeiro passo para construir sistemas mais robustos e resilientes. Investir em práticas de design e implementação que visem a resiliência podem ajudar a mitigar esses riscos, garantindo que os sistemas possam se adaptar, se recuperar rapidamente de falhas e continuar operando de forma eficiente.

Benefícios de uma Arquitetura Resiliente

A implementação de arquiteturas resilientes traz uma gama de benefícios cruciais para as empresas, abrangendo desde a alta disponibilidade, que aumenta a confiança do usuário e mantém a reputação da empresa, até a melhoria na experiência do usuário por meio de interações sem interrupções e performance estável. Estas arquiteturas também contribuem para a redução de custos operacionais, otimizando recursos e diminuindo gastos com recuperação após falhas. Além disso, facilitam a manutenção e atualizações, permitindo implementações sem interrupções e reduzindo riscos associados a mudanças.

A escalabilidade é outro benefício, suportando o crescimento do sistema de forma eficiente e flexível. Em termos de conformidade, sistemas resilientes ajudam a cumprir regulamentações específicas, garantindo a segurança de dados sensíveis. Empresas que adotam essas arquiteturas ganham vantagem competitiva, atraindo clientes que valorizam a confiabilidade e diferenciando-se no mercado. A resiliência também prepara melhor os sistemas para enfrentar ameaças de segurança, promovendo uma recuperação rápida de ataques e incidentes.

Por fim, a inovação segura é incentivada, permitindo a experimentação e adaptação rápida a novas demandas ou mudanças no mercado, promovendo uma cultura de inovação contínua. Portanto, a resiliência não é apenas uma medida de prevenção, mas uma estratégia que impulsiona o crescimento sustentável e a competitividade no ambiente empresarial.

Conclusão

Chegamos ao fim deste artigo e espero que você já consiga entender tanto os benefícios do uso da arquitetura de softwares resilientes como fidelização e percepção positiva do usuário, segurança do negócio, economia de custos entre outros.

Compartilhe conosco no uso dessa arquitetura nos comentários abaixo e fique sempre atento as novidades por aqui!

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