Futuro do trabalho, inteligência artificial e o potencial humano

Itaú Tech
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4 min readApr 12, 2022

Por Marcele Barros, líder de engenharia mobile no Itaú Unibanco

Quanto mais a tecnologia evolui, mais ágil se torna a criação de soluções para atender as demandas e expectativas que rodeiam as nossas vidas. Com isso, também surge a sensação de que o tempo está passando mais rápido: quando menos se espera, o ano acabou e já ocorreram vários lançamentos tecnológicos no mercado.

Essa evolução constante e cada vez mais ágil também traz um questionamento: com o avanço de tecnologias de machine learning e inteligência artificial, será que nosso trabalho pode deixar de existir? Nesse artigo, vamos explorar como a evolução da tecnologia deve impactar o mercado de trabalho no futuro — e também como podemos potencializar nossas capacidades humanas.

Tecnologias de inteligência artificial (ou IA) podem parecer novidade, mas na verdade, sua origem remonta à década de 1950. No entanto, com a evolução dos processadores, a capacidade de análise de dados melhorou exponencialmente, o que tornou possível que essa tecnologia saísse do laboratório e mergulhasse de cabeça em nossas vidas.

E o potencial máximo da inteligência artificial ainda está longe de ser alcançado: segundo uma pesquisa realizada pela McKinsey, até 2030, a tecnologia evoluirá o suficiente para automatizar aproximadamente 50% dos trabalhos existentes que demandam mão de obra humana. Ou seja, independentemente de qual seja a sua profissão, ela poderá deixar de existir ou se transformar em algo diferente nos próximos anos.

No entanto, você já parou para pensar em quantos empregos irão surgir nessa nova realidade? Com a automatização de atividade operacionais, a tendência é atuarmos cada vez mais com o que temos de melhor para oferecer ao mundo: nosso potencial humano.

É por isso que é importante atuarmos para potencializarmos as nossas qualidades profissionais enquanto seres humanos — ou conforme você já deve ter lido ou escutado no mercado, nossas soft skills, human skills ou power skills.

Segundo o Fórum Econômico Mundial*, habilidades como resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, flexibilidade, negociação e inteligência emocional, por exemplo, estarão em alta até 2025. Mas como evoluir essas habilidades e ainda não se perder com a quantidade de informações?

Para desenvolvermos essas habilidades em nós mesmos, é essencial sermos pessoas curiosas e questionadoras — e não somente na especialidade em que trabalhamos. Você já parou para pensar no que aprendeu de novo nos últimos meses?

Elon Musk, fundador das empresas SpaceX e Neuralink, co-fundador da PayPal e da Tesla e uma das mentes mais respeitadas da atualidade, diz o seguinte a respeito do conhecimento:

“É importante você ver o conhecimento como uma espécie de árvore semântica. Primeiro, certifique-se que entendeu os princípios fundamentais, ou seja, o tronco e os grandes ramos. Isso é importante antes de entrar nas folhas ou detalhes, onde surpresas podem te aguardar”.

Vamos trazer essa citação para um exemplo prático e aprender um pouco mais sobre arte. Para isso, siga os seguintes passos:

a) Quais são as 50 obras de arte mais conhecidas do mundo? Selecione uma delas, estude história dela e aprenda um pouco sobre quem a criou.
b) Se puder, visite a obra.
c) Tente explicar para uma criança o que você observou e aprendeu com ela.
d) Crie mais perguntas a respeito do tema.

Dessa forma, quando você menos esperar, a sua árvore do conhecimento sobre o mundo da arte estará crescendo e criando ramificações.

Enquanto seres humanos, temos uma extrema capacidade de conseguir associar nossos diferentes conhecimentos para gerar novas ideias. Toda essa bagagem tem o potencial de impactar o modo com que vamos interpretar comportamentos humanos e criarmos produtos.

E é esse o nosso diferencial: quanto mais potencializamos nossas habilidades humanas, mais conseguiremos tornar mais simples tarefas que são complexas até para as máquinas mais inteligentes.

Este artigo não tem o objetivo de tirar todas as suas dúvidas e de prever exatamente como será o mercado de trabalho no futuro. No entanto, espero ter despertado sua curiosidade para refletir sobre o tema e aprofundar o conhecimento sobre esse assunto.

No livro 21 lições para o século 21, o autor Yuval Harari diz que “a última coisa que um professor precisa dar a seus alunos é informação. Eles já têm informação demais. Em vez disso, as pessoas precisam de capacidade para extrair um sentido da informação, perceber a diferença do que é importante e o que não é, e acima de tudo combinar os fragmentos dessas informações num amplo quadro do mundo”.

Então, de acordo com os ensinamentos do autor, você já poderá começar a evoluir as suas habilidades para o futuro e ampliar o seu quadro do mundo. Te vejo lá?

*Evento que ocorre anualmente em Davos na Suíça, com o intuito de debater questões sócio-econômicas, políticas e ambientais.

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