O unicórnio mudou: agora todo designer precisa produzir conteúdo

Kelson Douglas
IxDA Belo Horizonte
4 min readMay 21, 2018
Crédito da foto: MJ Breiva via Pexels

Unicórnios? Sim, claro que eles existem!

De acordo com o Dr Miles Leeson, diretor do Iris Murdoch Research Centre, durante séculos os gregos afirmavam em livros científicos (e não de fantasia) que estes animais eram tão reais quanto a democracia — outra invenção deles. E os gregos não estavam sozinhos nessa crença: os norte coreanos também compactuavam com ela, tanto que ainda em 2012 eles fizeram um anúncio oficial dizendo ter encontrado um antigo covil de unicórnios dentro do país.

No entanto, além dos gregos e do governo da República Popular Democrática da Coreia, os empresários também tem acreditado e procurado cada vez mais por um tipo de unicórnio bem específico: o Unicorn Designer.

Mas que raios de bicho é esse?

A anatomia do Unicorn Designer

Para entender melhor o que seria um designer unicórnio, eu indico que você leia os textos publicados aqui no Medium pelo Guilherme Gonzalez e pelo Caio Calado. Dois caras que já explicaram muito bem a anatomia desse ser mítico.

Mas, para facilitar, podemos dizer que Unicorn Designer é aquele sujeito que trabalha com design visual, analisa e ainda projeta a experiência do usuário já pensando no HTML e CSS. Uma lista de expertises que dificilmente alguém terá com menos de 10 anos de carreira.

Agora, como já aprendemos com os produtos da Apple, mesmo aquilo que acreditamos ser mágico às vezes precisa de atualizações.

O Unicorn Designer versão 2018

Em seu texto, Caio Calado faz questão de dizer que as definições de “Unicorn Designer” estão sendo atualizadas, usando até mesmo um report do John Maeda como referência. A ideia é que com a chegada de novos tipos de interação e necessidades no mercado, novos tipos de profissionais (e até unicórnios) vão sendo procurados, como aqueles que também conseguem escrever e se comunicar bem.

John Maeda falando sobre os novos papeis que os designers precisam desempenhar

No entanto, acredito que mais do que escrever bem, um verdadeiro Unicorn Designer precisa mesmo é ter o poder especial de criar bons conteúdos.

O valor da produção de conteúdo para o currículo dos designers

Saber como escrever um bom conteúdo pode ajudar os designers em vários aspectos: com isso é possível aprender a estruturar as ideias, contar histórias e até a ter empatia com sua audiência. Porém, como sabemos, o conteúdo hoje em dia vai muito além dos textos.

Podcasts

Como aprendemos com o Movimento UX, da Izabela de Fátima, existe toda uma demanda de conteúdo de UX em formato podcast. E produzir isso, em português, pode ser uma boa maneira de levar o conhecimento sobre design de interação para mais pessoas e ainda, de quebra, melhorar seus conhecimentos a respeito de produção, uma vez que não é nada fácil casar a agenda de bons entrevistados com a sua.

Ah, e ainda vale ter em mente que UX é apenas um dos temas que você pode abordar em seu podcast. Sinta-se livre para falar de vários outros.

Vídeos

Produzir vídeos com conteúdo, seja por meio de motion design ou locações e entrevistados reais, pode ser interessante para ampliar seus conhecimentos de edição, roteiro e estruturação de narrativa.

Eventos

Sim, eventos físicos (como encontros, palestras e até hackathons) também são excelentes tipos de conteúdo que você pode explorar.

Com eles você aprende pelo menos 2 pontos importantíssimos para qualquer unicorn designer: liderar times e negociar prazos e gastos.

Lembre-se que um bom evento — com convidados interessantes e temas variados — pode gerar ótimas experiências para os convidados, e gerar esse tipo de experiência é o trabalho principal de todo UX.

Blog

Por fim vem os blogs e o conteúdo em texto.

A escrita em si é bastante útil por diversos motivos para quem a faz. No entanto, o planejamento do que será escrito é ainda mais interessante.

Veja o caso da Agnes Kim, que fez alguns testes com o app da Amazon para iOS: em seu post no Medium ela narrou todo o processo de descoberta sobre como as pessoas usam o aplicativo mobile da empresa, como ela encontrou pontos problemáticos na experiência do usuário e quais soluções foram testadas para resolvê-los.

Parte do processo compartilhado por Agnes Kim

Todo esse processo de escrita da Agnes teve como foco o compartilhamento de uma ideia que poderia ser de fato útil para a comunidade de UX e isso poderia trazer até mesmo benefícios profissionais para ela.

Além disso, nunca é tarde para lembrar que quem domina as técnicas de SEO pode ainda aplicá-las em posts de blog para melhorar o tráfego de um determinado site.

É impossível pensar em uma composição única e definitiva para um unicorn designer. Até alguns anos atrás não existiam redes sociais e a internet não dava conta de entregar experiências como as que temos hoje. Aliás, o primeiro UX profissional só foi surgir a pouco mais de 20 anos.

As coisas hoje mudam rapidamente e, com isso, é necessário sempre estar atualizado para não ser apenas mais um designer. Porém, uma coisa não muda: as pessoas sempre estarão interessadas em consumir conteúdo de qualidade. Esteja preparado para entregar isso à elas.

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