Usabilidade não é para todo mundo, mas acessibilidade é! — Uma abordagem sobre Design Universal

Felipe Assis
IxDA Belo Horizonte
3 min readJun 22, 2018

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Por acaso você, ou a equipe com que você trabalha, já se questionaram sobre o quão importante é prover acessibilidade para todo mundo que interage com o seu produto digital? Por mais básico que possa parecer, infelizmente, muitos designers e empresas nunca levantaram esse tipo de questionamento mesmo muitas vezes sabendo que deveriam.

É comum pensar que seu produto não enfrenta esse tipo de problema quando temos em nossas mãos algo que pode muito bem ser avaliado, de acordo com todas as Heurísticas de Nielsen e ISOs de usabilidade, mas, deixa eu te contar um segredo, isso não quer dizer que seu produto é acessível!

Antes de explorarmos o conceito de design universal, e como combinar usabilidade e acessibilidade para alcançar um resultado satisfatório, vamos primeiro entender melhor a diferença entre os dois.

Usabilidade, de acordo com a ISO 9241, é "Capacidade que um sistema
interativo oferece a seu usuário, em um determinado contexto de operação, para a realização de tarefas de maneira eficaz, eficiente e agradável”.

Criar fluxos de navegação e interações optimizadas, para que seu usuário consiga realizar uma ação mais rápido e prover bons significantes para que ele entenda melhor quais affordances estão presentes no sistema, são bons exemplos de usabilidade.

Por outro lado, acessibilidade é uma prática inclusiva que busca remover barreiras que impedem a interação de pessoas com algum tipo de inabilidade (seja uma deficiência motora, física e até mesmo um transtorno mental) em relação a algum meio ou plataforma. Acessibilidade é, com toda certeza, para todo mundo!

Alt text escrito de maneira limpa e clara dentro de um website para que alguém cego possa entender o que está ali ou um feedback de texto sublinhado no lugar de apenas uma mudança de cor quando se passa o mouse por um link ou botão para ajudar uma pessoa com daltonismo a identificar o significante ali presente são bons exemplos de acessibilidade.

Aproximadamente 15% da população mundial possui alguma deficiência ou necessidade especial. Com números como esses, além de algo importante e benéfico para o produto em si, é um dever ético do designer remover as barreiras de acesso enfrentadas por essas pessoas.

Então como podemos prover acessibilidade, melhorar a usabilidade e ainda manter unidade e beleza em nosso design?

A resposta está na combinação de algumas práticas e processos envolvendo Design Universal, empatia e planejamento.

Vamos começar, claro, pelo começo. Quando ainda nos encontramos nas fases iniciais de um projeto onde estamos planejando e idealizando nosso produto, precisamos pensar sobre essas questões o mais rápido possível. Boa parte delas podem ser resolvidas com procedimentos simples como ter um código semântico, para as que dependem de mudanças visuais e de interação, esse é o momento que você tem para pensar e dar forma para que o sistema possa ser acolhedor, visualmente atrativo e ainda resolver problemas de acessibilidade.

Para abordar questões de acessibilidade sem correr o risco de deixar algo para trás, você pode usar o princípios do Design Universal como guia.

Design universal é o "Design e composição de um meio para que o mesmo possa ser acessado, entendido e usado da maneira mais completa possível por todo tipo de pessoa independentemente da idade, características físicas, habilidade ou inabilidade". O conceito de Design Universal foi criado no século XX e pode ser aplicado em praticamente qualquer processo de design, independente do campo de atuação a ser abordado. Esse framework cobre desde esforço físico para praticar uma ação até tolerância ao erro quando usando um sistema. Ele influencia de maneira positiva e ajuda a dar forma para as interações, feedbacks, arquitetura de informação e design visual de um produto afim de prover acessibilidade para todos os tipos de usuário.

Junto dos princípios de Design Universal vem a empatia do designer. Se colocar no lugar, tentar usar da mesma maneira, fazer testes para ter certeza e tornar a experiência a mais completa o possível para o maior número de pessoas é, sem dúvida, algo diretamente relacionado com a empatia pelo usuário.

Quando nós cobrimos problemas de acessibilidade, automaticamente resolvemos vários problemas de usabilidade e então podemos focar em melhorar a qualidade e experiência de uso com foco em nosso usuário modelo. Passando por esse processo, conseguimos garantir um produto final acessível para todos e ainda optimizar o uso paranosso target obtendo um design final que valoriza a experiência e a inclusão.

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Felipe Assis
IxDA Belo Horizonte

Product and UX designer at Ci&T. Writes about design, culture and life. IG: felipeisassis