Big Star: a banda que não aconteceu
Won’t you let me meet you at the pool?
Nos dias de hoje, para ouvir aquele álbum esperto que todo mundo está comentando sobre, bastam apenas alguns cliques — YouTube, Spotify, links para download a rodo etc. Não que seja tão fácil se embrenhar nas diversas opções oferecidas, mas certamente o novo queridinho dos jornalistas e dos blogueiros de música vem até você sem muito esforço. Em 1972, não era assim — para o azar da Big Star, que se consagrou como uma grande banda de jornalista, mas nunca vendeu tantos discos quanto o Led Zeppelin.
O início de Big Star: Nothing Can Hurt Me, documentário de 2012 que traz o legado do grupo, disponível no Netflix Brasil, já nos dá uma prévia da história que iremos escutar: um encontro de jornalistas de rock “de todo o mundo” seria realizado em Memphis, cidade natal da banda em questâo. A Big Star seria a principal atração do encontro — uma tentativa frustrada de organizar um sindicato com os trabalhadores da categoria, todos mal pagos — e grande maioria estava ali para vê-los, mais do que qualquer outro encontro.
A banda que ficou restrita a um círculo social sofreu com os problemas de divulgação por parte da gravadora. O disco que recebia elogios na Rolling Stone não era encontrado pelos leitores. As músicas raramente chegavam à parada de sucesso das rádios. A Big Star, portanto, nunca chegou ao grande público: o primeiro álbum, Record #1, vendeu apenas 10.000 cópias à época.
O documentário, antes de ser sobre uma banda, é sobre um fenômeno. Sobre garotos diferentes de Memphis — com destaque para a genialidade incompreendida de Chris Bell e para as visões de Alex Chilton, Lennon & McCartney à sua maneira — que se preocupavam com os mínimos detalhes de uma música, entendiam tudo de gravação e, em meio de uma gravadora especializada em soul music, construíram músicas inesquecíveis do rock and roll que se encontram, até hoje, à sombra — mesmo que In The Street tenha sido trilha de That 70’s Show na versão do Cheap Trick e que a impecável Thirteen seja queridinha dos covers e das trilhas sonoras de seriados em geral.
Big Star: Nothing Can Hurt Me, em suas quase duas horas de duração, é envolvente e ajuda a entender uma fórmula que, até hoje, gera dúvidas: será mesmo que a crítica positiva é sinônimo de sucesso para o artista?
Neste caso, de qualquer forma, os passos de Alex e Chris foram seguidos à risca por diversos outros garotos que, assim como eles, estavam sempre curiosos em saber um pouco mais sobre música.