Sobre eu ter voltado a falar de música e sobre a playlist da vida

izadorapimenta
Izadora Fala Sobre Música
3 min readApr 5, 2018
Um quadrinho do Liniers porque eu amo

Março foi um mês desses bem turbulentos, no qual tudo aconteceu ao mesmo tempo. Não é sempre que eu lido bem com as mudanças, mas elas são mais do que necessárias. Principalmente quando essas mudanças vêm para trazer novos ares, novos rumos, novas ressignificações ao “quem sou eu?” diário. E, se você já me conhece há um tempo, você sabe que por muito tempo eu fui uma pessoa que escrevia sobre música. Passei um bom tempo colaborando como editora do extinto site Rock ’n’ Beats, criei meu próprio site, também extinto, o BACKBEAT e escrevi em vários outros vizinhos por aí. Por um bom tempo, essa sempre foi uma boa resposta para incluir quando perguntavam sobre mim.

Certo dia eu decidi que não era isso que, exatamente, me definia. Então, eu larguei mão. Outras coisas foram aparecendo no caminho e, quando eu vi, essa parte de mim ficou pra trás. Eu lembrava desses tempos, que me renderam tantas coisas que hoje são influências claras na playlist da minha vida, com nostalgia, mas nunca com vontade de voltar. É porque não dá pra voltar, né? As coisas estão bem diferentes hoje em dia. Nem todo mundo entra em um blog para consumir informação (eu comecei a escrever em um tempo no qual ninguém se informava pela timeline do Facebook) e os blogs não têm tanta supremacia assim em decidir o que nós vamos escutar. Nós temos o Spotify e seus algoritmos que nos direcionam os lançamentos da semana. Temos as redes sociais para receber a novidade diretamente das mãos do artista que nós gostamos em uma barreira muito mais transparente do que quando estes postavam suas músicas no MySpace. Mesmo que eu ainda esteja no auge dos meus 25 anos, eu vivi muita coisa que tão logo ficou obsoleta e também me conformei de que não conseguiria acompanhar esse bonde.

Faz tempo também que eu desisti do sonho (que nem mais sonho é) de ganhar minha vida escrevendo sobre música. Hoje em dia eu tenho outras paixões e aspirações profissionais. Achava que isso também seria um bloqueio para continuar falando. Mas estive reparando no quanto eu estava compartilhando músicas com afinco na minha conta do Twitter e querendo falar algo mais do que 280 caracteres sobre elas para as pessoas. E também em todas as sensações que a música sempre me despertou e continua despertando. Esse amor, mesmo que deixe de ser sonho, nunca morreu.

Então é isso: eu decidi voltar a falar sobre música. Se eu decidi um formato? Não decidi ainda. Porque a minha vontade é fazer textos. É fazer vídeos. É fazer podcasts. É fazer playlists. Talvez eu me deixe livre, sem amarras por enquanto, até me sentir mais confortável em um ou em outro. Mas eu quero compartilhar histórias (e até por isso adicionei várias coisas que já escrevi nessa vida aqui no Medium — coisas que eu talvez faria diferente hoje em dia, mas tudo bem).

Pra celebrar esse retorno, eu decidi montar uma playlist da vida. Não é formada exatamente pelas minhas músicas favoritas, mas sim por músicas que me despertam sensações específicas. Algumas com letras catárticas, algumas que me levam para outro lugar e outras que estão ali apenas por estar. É uma boa terapia montar uma playlist dessas e depois escutar só isso e mais nada. Vamos nessa.

--

--