Desmistificando: psicoterapia (parte 1)

Reflexões livres sobre a prática no século XXI

Júlio de Souza
3 min readJan 29, 2018

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Quando ingressei no curso de Psicologia, uma das minhas maiores curiosidades era entender como os psicólogos conduziam a terapia com seus pacientes. Ok, eles conversam. Mas e o psicólogo, o que pensa? Ele só escuta? Como reconhece a hora certa de falar? Como sabe se determinada fala ou escuta será benéfica para a pessoa que o procura? Sim, eu me preocupava bastante em como poderia ajudar as pessoas.

Em primeiro lugar, não existe uma resposta certa para essas perguntas. Fazer terapia não é um processo linear e objetivo. Tampouco envolve apenas escuta e conversa. Eu e outros colegas psicólogos defendemos que são dois os objetivos de uma terapia: 1) propiciar o autoconhecimento e 2) auxiliar no desenvolvimento de habilidades. Habilidades emocionais, profissionais, sociais e cognitivas. Tudo junto e misturado! Às vezes, o autoconhecimento que o simples ato de falar sobre nossos problemas proporciona ajuda muito! No entanto, determinadas situações requerem habilidades específicas.

Reflita comigo: nós não temos o costume de fazer cursos formais de desenvolvimento emocional, resolução de problemas, habilidades sociais, marketing pessoal ou de outras dezenas de habilidades que a vida, mais cedo ou mais tarde, nos cobra, não é mesmo? Cada um aprende por si só (ou não) a lidar com dor, frustração, tristeza, pressão, ansiedade e desorganização. Também aprendemos a lidar com essas questões com a ajuda da família e dos amigos. Às vezes, aprendemos com as dificuldades que o próprio ambiente nos proporciona, e só o futuro dirá se nossos aprendizados serão suficientes para que consigamos lidar de maneira eficiente com os outros problemas que surgirão.

Certa vez, li em um livro* que o grande objetivo da terapia é permitir que o cliente seja o próprio terapeuta através do desenvolvimento de habilidades emocionais, profissionais, sociais e cognitivas, que lhe ajudarão a solucionar novos problemas. Nunca me esqueci dessa visão! Tristeza, sofrimento e adversidades fazem parte da vida. Em maior ou menor grau, sempre estaremos sujeitos a enfrentar emoções, sentimentos e situações negativas. Precisamos aprender a lidar com esses aspectos da vida.

O desenvolvimento humano não para. Ainda crianças, começamos a aprender a resolver problemas e a lidar emocionalmente com as situações do dia a dia, e podemos aprimorar essas habilidades durante a vida toda. A terapia pode nos ajudar justamente nisso!

Você não é algo estático, predefinido. É bastante prejudicial prender-se ao pensamento “eu sou assim”. Eu mesmo aprendi a observar minhas próprias características de uma forma mais dinâmica. Sou sempre matéria-prima para mim mesmo, nunca um produto final! A Psicologia me transformou muito como pessoa, e, com isso, surgiu o profissional que hoje utiliza não só a experiência teórica, mas também a prática pessoal. A maior lição que aprendi foi que cada um de nós é um eterno potencial para ser e fazer qualquer coisa, o tempo todo. Basta estar disposto e ter o auxílio adequado!

Este é o primeiro texto de uma série que começo hoje a escrever sobre terapia, sempre buscando desmistificar mitos e apresentar você a essa atividade tão importante na vida de muita gente. Curta a minha página no Facebook (Júlio, o psicólogo) e seja avisado por lá dos textos que eu postarei semanalmente aqui, no Medium.

Abraço e até o próximo encontro!

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Júlio de Souza
Julio, o psicologo.

Psicólogo, 30 anos, curitibano e em eterno amor por aprender e viver experiências.