Me sinto burra — 8 Lições de uma Product Manager Aprendiz

Jacqueline Yumi Asano
Mulheres de Produto
6 min readSep 13, 2016

Sou muito burra. Muito. Burra.

This feeling.

Esse era meu pensamento diário desde o momento que pisei os pés no time de produto (time que desenvolve o RD Station). Faz aproximadamente 3 meses que estou a frente do time de Gestão de Leads na Resultados Digitais. E esse pensamento ainda me persegue.

Mas calma, esse post não é depressivo e nem um desabafo (tá, só um pouco! :P) Quero compartilhar contigo a minha experiência e falar que isso é totalmente normal!

1. Entenda que existem diferentes estilos de Gestão de Produto

Tive a chance de acompanhar de perto o trabalho do Luigi, um PM (Product Manager do time de Customer Journey na RD) apaixonado por números e correlações. Eu olhava pra ele e pensava:

"Quero ser como ele. Saber trazer inputs para o produto através de uma análise bem feita do comportamento da nossa base de usuários."

Até que eu percebi que não era tão boa assim com números e correlações. Consigo me virar com uma planilha, consigo fazer correlações, mas tenho dificuldade de pensar em hipóteses: "Quais números deveria observar para validar um comportamento x". Isso me frustrou muito.

Percebi que não poderia forçar ser quem eu não sou naturalmente.

Posso trabalhar essas habilidades que não tenho, mas não posso assumir um estilo que não é o meu. É aí que entra a humildade.

2. Ser humilde x Se-vitimizar

Várias vezes eu me coloquei pra baixo pensando que não poderia ser uma boa PM porque não era tão boa quanto os outros.

Muitas vezes eu me questionei em silêncio "Será que fizeram a escolha certa neste Rotation (processo seletivo de mudança de área)? Será que eu deveria mesmo ter sido selecionada para PM?"

E essa insegurança começou a transparecer nas minhas falas: "Não sei se isso é uma pergunta burra, mas… ". Foi quando a Camila Ferreira, PM do time de Email Marketing, me fez refletir sobre minha postura. Sobre como eu deveria confiar em mim mesma e perguntar tudo que eu tivesse dúvida. Isso não era sinônimo de ser burra.

Isso era ser PM: perguntar para entender, para tomar uma decisão, para ter mais clareza.

Existe uma grande diferença entre você assumir que o outro é melhor que você em certas coisas e em achar que você é um péssimo PM.

A primeira se chama ser humilde. A segunda se chama se vitimizar.

Aquele sentimento de… se vitimizar.

3. Trabalhe seus pontos fortes, for real!

Estava alinhando uma entrega do Roadmap do meu time com o Bruno Ghisi (CTO da RD) e eis que começamos a conversar sobre como eu estava me sentindo como PM. Pude compartilhar o que sinto e ele me aconselhou a não focar nas minhas fraquezas, mas sim nas minhas fortalezas.

Recomendo muito fazer o DISC, um teste de personalidade que todos os RDoers fizeram e que me surpreendeu pela assertividade em me definir. Aqui tem um link para uma versão gratuita do teste.

4. Peça ajuda para alguém que seja forte nas tuas fraquezas

Se tenho problema pra contar uma boa história penso logo no Raphael Farinazzo e no Filipi Santana de Assis. Se tenho problema com números vou no Alexandre Spengler e no Luigi. Se quero dicas de liderança converso com a Camila Ferreira e assim por diante.

Amo trabalhar na Resultados Digitais porque estou cercada de pessoas fodas. Pessoas que querem contribuir comigo e que querem aprender cada vez mais. Se tenho alguma dúvida, quero uma opinião, quero uma luz na escuridão eu converso com algum dos PMs, seja via slack, pedindo comentários num documento ou conversando diretamente.

Eu ainda trabalho meu medo e meu eu-crítico que me fala: "Jacqueline, vai ficar incomodando as pessoas com essa dúvida besta? Você deveria fazer isso sozinha". Mas estou aprendendo pouco a pouco calar a boca dessa vozinha boicotadora.

5. Dá-lhe Quora, Feedly e Medium!

Nada melhor do que a internet pra procurar tudo que você não sabe, para aprender, para perguntar tudo sem ninguém te julgar com os olhos.

6. O feedback não é um monstro. Seu medo dele sim.

Eu morro de medo de feedback. Morro de medo de alguém ferir meus sentimentos. Morro de medo de falarem "Jack, você é um lixo. Esperava mais de ti". Mas na real, isso nem seria um feedback, né?

:x

Então o medo mora na minha cabeça e é meu eu-crítico falando comigo mesma. É igual se pesar na balança. Tem gente (eu inclusive) que morre de medo de pesar na balança, mas na real a balança não vai mudar seu peso: você não ficará mais magra e nem mais gorda se não se pesar.

O medo está na tua cabeça. Em como você vai encarar a realidade.

Comecei a pedir feedback nos meus 1:1s com o Diego Pereira (Head de Produto na RD). Que alívio que foi. Não que eu não tenha nada para melhorar, aliás, tenho muuuuito o que trabalhar, mas foi um grande alívio ver que ele estava disposto a me ajudar apontando onde eu deveria trabalhar e o que ele estava esperando de mim como PM daqui pra frente. Isso não tem preço!

7. Breathe, Coffee and Chocolate

Ache uma válvula de escape quando a pressão ou o sentimento de burrice surgir. Eu tenho 3:

  • meditar (todo dia as 16h): ainda estou aprendendo mas já é evidente o quanto me ajuda a reduzir a ansiedade
  • ir para um café ou sair do ambiente que estou: às vezes o lugar onde você trabalha fica saturado
  • comer um chocolate (não importa o dia da semana) porque nem precisa de porque ❤
Trabalhando em um dos meus lugares preferidos fora da RD (Café Patagônia)

8. Embrace your stupidity! Aceite quem você é.

Não adianta se esconder por trás de uma máscara. Não adianta fingir entender de algo que você não entende. Nem forçar gostar de números se você não gosta. O negócio é clichê, mas é super simples. Se aceite.

Se aceite!

Sério. É como se olhar no espelho. Você tem várias coisas que quer mudar no teu corpo, assim é a mesma coisa com teu cérebro. Eu queria ser mais focada, queria ter um tato para análises mais forte, queria conseguir escrever numa velocidade mais constante ou já nascer com o chip da experiência de um Gerente de Produto.

Mas não basta querer e muito menos reclamar. Se aceitar do jeito que é não significa ignorar os pontos fracos, mas entender que eles existem e porque existem. É olhar muitas vezes com uma certa miopia para seus defeitos (se você for muito crítico) e enxergar melhor aquilo que você tem de bom. Aquilo que é característico seu e que pode brilhar se você trabalhar firme e forte.

Você não precisa ser excelente em tudo.

Seja excelente sendo você mesmo.

Já é um ótimo começo.

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Jacqueline Yumi Asano
Mulheres de Produto

Founder & President of Mulheres de Produto, the largest product community in Brazil that aims to reduce gender inequality by empowering women in tech careers.