3 aspectos para a corrida de relevância, ops perdão, para o Superapp.

Jae Lee
Jae’s Blog
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5 min readMar 27, 2020

Há 7 meses, escrevi um texto sobre a questão da relevância de aplicativos de pagamentos (https://www.linkedin.com/pulse/briga-pela-relev%C3%A2ncia-app-de-pagamentos-jae-lee/). Naquela oportunidade, falei um pouco da Rappi, Picpay, Ame Digital e a Trigg. Passaram-se apenas 7 meses e o mercado continua muito movimentado. Gostaria de atualizar a minha visão atual após uma curta passagem que tive recentemente na China.

A briga pela relevância continua. Ainda mais intenso do que antes.

Gostaria de compartilhar três aspectos desse cenário atual, sendo que os dois primeiros analisam o cenário atual e o último analisará uma ferramenta que provocará uma mudança drástica no mercado: a implementação do pagamento instantâneo.

1. Briga em POV (Ponto de Venda) vai se intensificar:

Além das intensas brigas das maquininhas como a Cielo, Stone, Rede, Safra Pay, Pagseguro e outros, recentemente todos têm notado um forte investimento em publicidade online e offline do Mercadopago e a Picpay.

Sim, isso mesmo, mudar o hábito de uma pessoa requer um trabalho árduo de evangelização, e o Mercado Pago tem feito isso de uma forma agressiva, em um ponto de vista de investimento e infraestrutura. Eu chamo isso de infraestrutura — não sei se o termo é o mais correto para mostrar o caso — mas, isso se deve às integrações no nível ERP (Enterprise Resource Planning), simplesmente com o sistema financeiro do CNPJ que está participando do jogo.

Por outra lado, a Picpay foca bastante em cashback. Por incrível que pareça, tenho percebido durante a entrevista com nossos usuários que várias pessoas usam o aplicativo regularmente para ganhar o cashback ao pagar um conta. Ou seja, a Picpay virou a rotina deles.

Insight: Quero convidar você a acompanhar até quando as infinitas cashbacks (créditos) que a MercadoPago oferece ao comprar ou Picpay oferece ao pagar um boleto vão durar. Isso com certeza é um prejuízo tremendo para ambas as empresas, e os recursos são limitados.

2. Os “Mini Programas” estão apenas começando no Brasil

Tenho certeza de que quem já visitou a China tem se encantado com o famoso “Mini Programas” que estão embutidos no Alipay e Wechat.

(Acesso de Mini Programa da Wechat — espécie de Whatsapp desenvolvida pela Tencent)

Só para você ter uma ideia da dimensão disso, no ano passado os mini programas do Wechat movimentaram mais de 115 bilhões de dólares em GMV (Volume bruto de mercadoria), além de ter alcançado 300 milhões de usuários ativos diários.

Eu tenho percebido as seguintes razões para esse sucesso: (1) Carona de Base de Usuário; (2) One stop shop em um aplicativo, com sistema de pagamento embutido; (3) Plataforma aberta para os desenvolvedores.

(Acesso de Mini Programa da Alipay)

E não é isso que a Rappi, iFood e MercadoPago tem feito aqui no Brasil?

Sim, e muito em breve, conseguiremos pedir um prato em um restaurante popular através dos aplicativos citados. Tenho certeza que eles vão intensificar ainda mais as ofertas. Os empreendedores, por outro lado, estarão oferecendo diversas ofertas assim que a plataforma deles estiverem aberta.

(Aluguel de guarda chuva)

Imagine você em um dia chuvoso. Ao ver que é possível alugar um guarda chuva, você imediatamente sente o alívio tomar conta. Daí você percebe que precisa: baixar um aplicativo, fazer um cadastro e inserir o seu cartão de crédito — até percorrer todas essas etapas, você resolve tomar uma chuvinha até o próximo ponto de táxi ou chamar um carro compartilhado, como Uber ou 99. Os “Mini Programas” resolveriam claramente esse problema, pois você abre um aplicativo que você já usa diariamente, e lá está esse app (mini programa), digitaliza o Código QR e já desbloqueia o guarda-chuva imediatamente, pois o processo de cadastro, KYC (Know Your Customer) e já está feita, além de pagamento ocorrer pelo cartão adicionado previamente.

Insight: Vamos acompanhar quem lançará a 1a plataforma aberta para Mini Programa? Meu chute é o Mercado Pago, mas pelo jeito que o mercado está andando, a Picpay, Rappi e iFood são fortes candidatos.

3. Pagamento instantâneo

Você já deve ter ouvido que o Banco Central (Bacen) está preparando uma série de inovações no sistema financeiro. Um deles que está para nascer, segundo o cronograma do Banco Central que prevê a 1a fase no 2o semestre deste ano, é o pagamento instantâneo.

Não vou entrar em detalhes de arquitetura de pagamento instantâneo, pois essa não é a minha especialidade, tão pouco entendo como está hoje. Uma coisa que posso afirmar com muito certeza é a introdução do Código QR.

Segundo o Bacen, está previsto para este ano ainda, o Código QR do cidadão, ou seja, todos teremos um código QR que estará vinculado a um CPF ou CNPJ. Em outras palavras, podemos vincular o nosso QR gerado pelo Bacen a uma carteira virtual como contas correntes de bancos ou carteiras digitais. Ainda no ano que vem, os estabelecimentos também terão seu próprio código QR para recebimento.

Isso vai intensificar ainda mais o uso dos autotitulados Superapp

A briga pela relevância continua, mas com a mudança drástica de sistema, como pagamento instantâneo e a intensificação dos “Mini Programas”. Como um espectador, vou continuar torcendo que essas inovações não parem, pois quem vai sair ganhando com todas essas novidades, somos nós, usuários ou melhor, os clientes.

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Jae Lee
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