Eu li o livro Que Bobagem!

Jéssica Costa
A Garota do TI
Published in
4 min readSep 15, 2023

Quando eu era criança eu escutava muito a frase “Não julgue um livro pela capa”. Não sei quem criou, mas quase sempre lembro dela quando vejo um livro na livraria. Recentemente foi lançado o livro Que bobagem! pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério da Natalia Pasternak e do Carlos Orsi pela editora Contexto e que gerou uma enorme polêmica. Eu adoro ciência e suas discussões intermináveis, justamente por isso comprei e comecei a ler.

Fonte: Imagem de Divulgação

Para começar, a polêmica do título, que muitos consideraram pejorativo. Porém os autores explicam o porquê da escolha desse nome no epílogo. Eu sei que em termos de marketing foi ótimo, porque chamou a atenção de verdade. O livro é totalmente referenciado, ou seja, boa parte do que foi comentado já foi dito por outros autores. Inclusive no final do livro tem todas as referências para quem quiser consultar e se aprofundar. Umas das coisas mais mencionadas no livro foi o efeito placebo que você vai notar em vários capítulos do livro. Os temas abordados foram:

  • Astrologia
  • Homeopatia
  • Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa
  • Curas Naturais
  • Curas Energéticas
  • Modismos de Dieta
  • Psicanálise e psicomodismos
  • Paranormalidade
  • Discos Voadores
  • Pseudoarqueologia e deuses astronautas
  • Antroposofia
  • Poder quântico e pensamento positivo.

O livro se propõe a mostrar pseudociências e algumas ideias mais difundidas no Brasil que parecem ser científicas e não são, além de plantar a semente do ceticismo. Então ele não vai discorrer sobre outras áreas do conhecimento, como filosofia, pois o viés é científico. Dito isso, não faz sentido para mim a comoção absurda, que por um lado eu achei bacana porque finalmente uma polêmica nesse país foi ciência e não escândalos, mas por outro percebi como as pessoas são agressivas ao defender o que acreditam, principalmente quando não leram o livro. Você pode não gostar de algum capítulo do livro, mas não desmerecê-lo completamente.

A maior polêmica que vi foi justamente o capítulo sobre psicanálise. Para começar é meio capítulo e os argumentos utilizados foram de outros autores. Não vou entrar no mérito da discussão, porque percebi ser um vespeiro, mas o fato é que ao contrário do que dizem, em nenhum momento os autores desprezam práticas psicoterapêuticas comprovadas pela ciência. Porque justamente o viés é científico. Já fiz psicoterapia, e foi muito útil em um dos momentos difíceis com a ansiedade.

Sobre outra polêmica, a homeopatia, eu particularmente tive algum contato na minha vida. Lembro quando criança que as pessoas falavam como se fosse algo natural. Quando comecei a pesquisar descobri que existia o termo fitoterapia para os tais remédios naturais. E as dúvidas surgiram sobre o que era homeopatia. Quando descobri o que era, só pensei que se eu tomasse água daria no mesmo. Provavelmente a galera da Química pira com homeopatia. E sim, as pessoas acreditam que homeopatia é remédio natural e não algo diluído ao máximo.

Em um mundo onde a imagem de um “cadáver de um suposto extraterrestre” gera inúmeras matérias, dá para se perceber como não é tão difícil enganar as pessoas. Sempre surge uma dieta nova de influencers que só adoece pessoas. Além disso passamos por um dos piores momentos com teorias da conspiração, antivacinas e remédios baseados em “na minha prática clínica funciona” durante a pandemia de covid. Um pouco de ceticismo é muito bom para te fazer duvidar daquilo que te dizem sem evidências. E sobre aquilo que não tem evidências ou não conheço, eu só digo:

Fonte: Twiiter/X

Outro fato importante é que a Ciência não tem ideias fincadas na pedra. Novas evidências podem superar teorias e práticas antigas. Um dia acreditou-se que o Sol girava em torno da Terra, depois se percebeu que não, que a Terra girava em torno do Sol e finalmente que até o sistema solar se move na Via Láctea. Então sempre será assim, novas evidências, novas teorias, novas práticas.

Não dá para falar de todos os capítulos do livro, porque é extenso, são mais de 300 páginas e a ideia é só passar um pouco sobre tópicos que me chamaram mais atenção na obra. Como os autores mencionam, todo mundo tem sua “pseudociência de estimação”, aquela que você gostaria que fosse verdade ou funcionasse. E tudo bem, só saiba extamente o que ela é. Espero que este texto te desperte a curiosidade de ler este livro e também muitos outros. E só ratificando, não julgue um livro pela capa.

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Jéssica Costa
A Garota do TI

Mestre em Ciência da Computação, GDE em Machine Learning e Cientista de Dados