Por que Capitã Marvel é um filme para as mulheres?

Jéssica Costa
A Garota do TI
Published in
3 min readMar 10, 2019
Disney (Divulgação)

Ver filmes é um das coisas que mais gosto, filmes de ação e ficção científica estão sempre na lista. Dessa vez recebi a indicação de uma amiga super fã de quadrinhos que adora uma personagem: Capitã Marvel. Resolvi assistir com ela e fomos lá na sessão lotada rs. Só vou avisar que o restante do texto é cheio spoiler, se não assistiu, leia depois.

O filme introduz a personagem Carol Danvers (Capitã Marvel) ao mundo Marvel dos cinemas e teve como destaque ser o primeiro filme da Marvel com uma protagonista feminina (poxa, Marvel). A história do filme tem muitos flashbacks e o espectador tem que ficar bem atento para entender toda a história, particularmente gostei desse estilo. O enredo da história se passa nos anos 90 com a vinda da Capitã Marvel ou Vers a Terra atrás dos Skrulls (raça alienígena em guerra com os Krees). Nesse tempo ela acaba descobrindo seu passado como pilota da Força Aérea e tudo que a ligava a Terra. Não vou falar muito do enredo, mas destacar pontos interessantes que observei no filme e que me fizeram bater palmas.

Não existe apelo sexual com a protagonista. É extremamente cansativo ver as mulheres retratadas nos filmes como se fossem uma bunda ou peitos, com o único objetivo de “enfeitar ou seduzir” na história. O uniforme simbolizou exatamente a missão da Capitã que era combater os vilões com sua força e inteligência.

Ela não teve caso amoroso com ninguém no longa. Outra coisa muito chata em muitos filmes é retratar que a motivação das mulheres para lutar por algo é conquistar um amor. Durante o filme a Capitã não se apaixonou por ninguém e foi buscar o maior dos conhecimentos: o de si mesma. Isso não quer dizer que não se possa lutar por um amor, mas existem tantas outras coisas pelas quais batalhamos que a conquista amorosa torna-se simplista demais para o tamanho de uma mulher.

Seja a melhor versão de si mesma. Durante o filme vemos uma clara evolução da personagem: de insegura soldada até a grande heroína. Quando descobrimos nosso verdadeiro potencial e deixamos as amarras de lado conseguimos chegar muito longe. Ser a melhor versão é a cada dia identificar nossas fraquezas e nossas forças e saber usá-las da melhor maneira. Evolução sempre.

A amizade tem um poder transformador. A amizade entre Carol Danvers e Maria Rambeau foi decisiva para que Carol recuperasse suas memórias e descobrisse pelo que vale a pena lutar. A relação das duas é uma relação de amor que acrescenta e te eleva como ser humano, só para constar, esse tipo de relação não precisa ser romântica, simplesmente a amizade. Só para constar quando mulheres se apoiam transformações acontecem.

Você é muito emotiva. Yon-Rogg treina Carol para ser uma guerreira Kree e em muitas cenas ele diz que ela é muito emotiva e que isso a atrapalha. Quantas vezes somos levadas a acreditar que mulheres são seres emocionais e que isso as atrapalha? Como se o fato de demonstrarmos emoções fosse nosso ponto fraco. Na verdade isso pode até ser uma grande força para nós.

Não preciso provar nada para você. Puxando o gancho da emoção, Yon-Rogg tenta muitas vezes fazer com que Carol prove algo para ele, seja deixar de lado suas emoções ou seus poderes para conseguir vencê-lo. É muito comum sermos coagidas a provar algo como se não fôssemos capazes de executar algo por sermos mulheres. Além disso sermos algo que não somos para ter aceitação. Simplesmente ignore, faça o que deve ser feito, você não precisa provar nada para ninguém. Muito menos sorrir quando você não quer.

É bom saber que até que enfim o Cinema está caindo em si e vendo que as conquistas femininas estão presentes e não tem volta. E nosso papel é ajudar outras mulheres a descobrirem o seu valor e o seu potencial, empoderá-las. De princesas indefesas que esperam o príncipe acordá-la com um beijo a heroínas que lutam por ideais e não tem medo de cara feia. Que outros filmes possam retratar exatamente o que somos: guerreiras.

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Jéssica Costa
A Garota do TI

Mestre em Ciência da Computação, GDE em Machine Learning e Cientista de Dados