#JhCritica: Katy Perry — Smile

Reflexo agridoce dos seus últimos anos, o quinto disco da artista tem clichês e uma positividade usual

Johnatas Costa
#JhCritica
3 min readAug 31, 2020

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(Divulgação)

Na semana em que o álbum Teenage Dream completou dez anos de lançamento e a sua primogênita, Daisy Bloom, nasceu, Katy Perry lançou o seu aguardado quinto disco Smile. O projeto é um reflexo agridoce dos últimos anos da cantora. Permeado de clichês e narrativas fáceis de serem apreendidas, Katy nos apresenta composições um tanto melancólicas, mas com um pop good vibes que não se distancia muito daquilo que ela já lançou até aqui.

Salvo particularidades de cada época, Resilient, Not the End of the World e Smile, faixa que dá título ao trabalho, não se diferenciam muito dos hits Firework e Roar, por exemplo. Assim como essas duas, a maioria das canções do novo disco vêm duma matriz criativa que mistura positividade excessiva, esperança “levanta defunto” e psicologia de boteco. Por mais básicos que soem os versos “Sim, eu sou grata / Marque isso, amor, eu sou grata / Preciso dizer que já faz um tempo / Mas agora eu trouxe de volta esse sorriso”, não é algo que surpreenda aqueles que já ouviram “Amor, você é como fogos de artifício / Deixe suas cores explodirem” ou “Eu tenho o olho do tigre, de uma lutadora dançando no fogo / Porque sou uma campeã e você vai me ouvir rugir”. São canções que parecem de qualquer artista, mas que contém a criatividade e a alegria típicas da Katy Perry.

Vale chamar a atenção para a estética circense que a cantora escolheu para o novo projeto. Me parece que ela procura estabelecer um paralelo. Explico: o circo é um ambiente festivo e alegre, mas os seus bastidores podem conter melancolia e tristeza. Katy parece ter notado isso e levado para o novo trabalho. Apesar de uma carreira cheia de canções animadas e positivas e de ser uma das artistas mais simpáticas da indústria, a cantora tem os seus problemas e as suas decepções como qualquer ser humano. Isso pode ser visto nesse projeto: batidas alegres para letras um pouco mais “chorosas". Estando eu correto, é uma analogia interessante e que só salienta a criatividade da californiana.

Mais animado que o disco anterior, Witness, e com o otimismo costumeiro da artista, Smile possui momentos totalmente dispensáveis como Tucked e Cry About It Later, com o seu refrão chato e repetitivo, e momentos agradáveis com Never Really Over, Champangne Problems e Teary Eyes, uma forte candidata a single, em minha opinião.

O que talvez tenha faltado em Smile para ele ser grandioso como estávamos esperando era ser menos genérico e menos parecido com o que Katy já havia feito. Faltou maturidade nas composições, que as vezes são simples demais, e na sonoridade. A maternidade certamente irá apresentar à cantora um novo mundo e, desde já, sigo na torcida para que este seja refletido em seus próximos trabalhos. Que o futuro mostre uma maior evolução da artista, que até já é notável, mas ainda é muito cômoda e confortável.

Ouça o disco:

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Johnatas Costa
#JhCritica

Um mestrando em História noveleiro, fã da Madonna e que adora dar pitaco em tudo que pode