#JhCritica: Kylie Minogue — Disco

O novo álbum da australiana é um passeio por lugares-comuns da disco music

Johnatas Costa
#JhCritica
2 min readNov 16, 2020

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(Darenote Ltd. 2020)

Façam um exercício mental: quando lerem “disco music” pense em tudo aquilo que você conhece sobre o tema. Pensou? Pois é, as referências mais gerais sobre o gênero musical dos anos 70 você poderá encontrar no novo álbum da Kylie Minogue. As vezes de forma literal: Studio 54, “I will survive” …

Em contraponto aos discos da Róisín Murphy e da Jessie Ware, por exemplo, que fizeram o uso da disco music em doses homeopáticas e, por vezes, de forma mais comedida, Kylie Minogue se jogou no gênero e trouxe tudo de mais genérico sobre o tema. O passeio que a australiana fez em Disco foi por lugares-comuns a todos que conhecem minimamente o universo das discotecas. O trabalho é repleto de referências aos clássicos: Donna Summer, Nile Rodgers, CHIC, ABBA, Bee Gees, East, Wind & Fire, Gloria Gaynor, Kool & The Gang, Anita Ward, Sylvester, enfim… Provavelmente tudo o que você sabe sobre disco music você encontrará no novo álbum da Kylie Minogue direta ou indiretamente.

Disco é o 15º álbum da artista australiana e, não muito diferente do que ela já lançou até aqui, está mais dançante do que nunca. O novo projeto se assemelha com os álbuns Light Years (2000) e Aprodite (2010) no sentido de retorno às pistas de dança com força total. Em Disco, Kylie só vai dar um descanso na cafona Celebrate You e ainda assim você não fica parado. Para além dos ótimos singles Magic e Say Something, canções como Real Groove, Supernova, Where does the DJ go? e Last Chance são os maiores e melhores momentos do projeto. E vale fazer uma menção honrosa à divertida Fine Wine que, infelizmente, ficou para a versão de luxo do álbum, repleto de músicas dispensáveis.

O novo trabalho de estúdio de Kylie é a mais recente amostra do que ela sabe fazer de melhor: melodias cativantes, letras simplíssimas e, por vezes, bobas (em geral, ou se deseja um amor, ou se livra de um ex-amor), palminhas nas músicas, uma euforia quase juvenil e uma transmissão de contentamento que lhe é característico. Em tempos de pandemia não temos certeza de nada, mas Disco talvez seja o último ato desse revival nostálgico que vivemos nos últimos meses. Se a discoball voltar para o porão em 2021, poderemos respirar aliviados porque ainda tivemos a oportunidade de ver Kylie Minogue prestando a sua homenagem ao gênero musical este ano.

Ouça:

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Johnatas Costa
#JhCritica

Um mestrando em História noveleiro, fã da Madonna e que adora dar pitaco em tudo que pode