#JhCritica: Miley Cyrus — Plastic Hearts

O pop rock é a base para o melhor trabalho da cantora norte-americana

Johnatas Costa
#JhCritica
3 min readDec 7, 2020

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(Foto: Vijat Mohindra)

De 2017 até aqui não é muito tempo. É até um bom recorte temporal para se viver novas experiências e essas acabarem, eventualmente, se transformando em letras de música. Contudo, isso pode ser a nossa visão, não a de Miley Cyrus. Depois do seu quinto disco Young Now, a cantora continuou trabalhando. Colaborou em trilha sonora de filme, fez uma participação no disco do produtor Mark Ronson, voltou às telinhas protagonizando um episódio da série Black Mirror, entre outras coisas. Na música, o plano era voltar o quanto antes: ela iria lançar 3 EP’s que juntos formariam um só álbum. Desse projeto só saiu She Is Coming (EP), lançado em 2019, e o resto foi abortado. Contudo, eis que no segundo semestre desse ano Miley retornou no seu melhor e não só deu o pontapé inicial para uma nova era, como lançou a melhor música de sua carreira, Midnight Sky. A excelente canção é uma amostra daquilo viria a ser o sexto disco, Plastic Hearts.

O novo projeto da norte-americana tem o pop rock como base musical (que remetem aos anos 80 e 90), os ex-relacionamentos como conteúdo das composições e a utilização de samples de sucessos do passado. Ao final, temos um bom álbum em sua completude. Os singles já informavam que o projeto seria digno de nota. Além da já citada Midnight Sky, temos também ótima Prisoner, com um sample de Physical (Olivia Newton-John) e os vocais da britânica Dua Lipa.

Em termos de composição vale destacar algumas coisas. Em Gimme What I Want ela sintetiza o que muitas canções do álbum evocam: “O prazer leva à dor / Para mim, ambos são iguais”. Esse é o espírito do projeto. É um mix de rememoração de alguns momentos do passado (Angels Like You e High) e de reconhecimento sobre a toxidez que os seus relacionamentos anteriores possuíram em algum momento (Midnight Sky e Prisioner). Em meio a tudo isso, Miley ainda traz a sua costumeira atitude badass em canções como WTF Do I Know e Golden G String.

As participações (Joan Jett é uma delas) funcionam muito bem, em especial Billy Idol em Night Crawling. Elas elevam o projeto e reafirmam o gosto de Cyrus pelo rock. Expressando sinceridade sobre os fatos mais recentes de sua vida (a exemplo da ótima Never Be Me), o disco parece ser uma carta apaixonada ou até uma homenagem da cantora pelo gênero musical.

Ouvir Plastic Heart foi melhor do que eu esperava. O sexto disco de Miley Cyrus tem altos e baixos, mas vale a pena ser ouvido por completo. As músicas mostram o que a cantora tem de melhor e se isso ainda não for o bastante, o ouvinte pode se deliciar com ótimos covers. Na voz dela, as excelentes Heart of Glass (Blondie) e Zombie (The Cranberries) ganham um vigor extra e encerram brilhantemente seu o sétimo e melhor disco.

Ouça:

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Johnatas Costa
#JhCritica

Um mestrando em História noveleiro, fã da Madonna e que adora dar pitaco em tudo que pode