A quem ajuda apontar publicações de fotos antigas como fake?

Em meio a crise mundial, o debate sobre o que é fato ou fake no ativismo digital nada ajuda com a Amazônia em chamas.

Joab Freire
Joab Freire
3 min readAug 25, 2019

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Jornal Nacional rotula como ‘Fake’ publicação do presidente da França Emmanuel Macron sobre a Amazônia. A imagem havia sido publicada em 2012 — Reprodução/GloboPlay

Essa semana literalmente pegou fogo. Enquanto a Amazônia estava chamas e o Brasil em uma de suas piores crises diplomáticas, países do G7 defendendo o debate do problema ambiental no Brasil na reunião da cúpula e isto tudo reverberando no acordo comercial União Europeia-Mercosul com risco de boicote a produtos brasileiros motivados questões ambientais, além de Jair Bolsonaro e sua equipe de governo trocando acusações com o presidente francês Emmanuel Macron.

Apesar do clima de caos, o debate mais preponderante que movimentou a imprensa e as redes sociais. No Twitter, bolsonaristas emplacaram a hashtag #MacronLies em primeiro lugar. Isto porquê, o francês utilizou uma foto de 2012 de um incêndio na Floresta Amazônica. Como resposta, na quinta-feira, (23), o filho do presidente brasileiro, e provável embaixador do Brasil em Washington, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou o que chamou de “recado” para o presidente da França: um vídeo do youtuber Bernardo Küster intitulado “França em crise — Macron é um idiota”.— E não, isto não foi nada diplomático.

O fato que isso realmente entrou na pauta do debate. Personalidades e ativistas foram acusados de estarem mentindo por estarem usando fotos antigas da Amazônia em chamas. Agora, a quem ajuda apontar essas publicações como fake?

Atualmente, é relevante destacar quando informações são verdadeiras ou falsas, sobretudo as que confundem a opinião pública, para isso diversos veículos de comunicação investem na chamada checagem de notícias, utilizando rótulos como: fato, fake, mentira, verdade, controverso…, as plataformas ajudam a equilibrar os ânimos que parecem ainda mais acalourados quando tudo se politiza.

A edição de sexta-feira (23) do Jornal Nacional exibiu a matéria Fato ou Fake mostra equívocos em fotos de queimadas onde exibiu publicações com fotografias categorizadas como fake pela checagem.

Agora qual diferença faz se uma fotografia de um fato que se repete é de hoje ou de ontem? Desmerecer o ativismo de líderes, artistas, na acusação injusta de estarem passando informações falsas por usarem uma foto ilustrativa não ajuda a apagar o fogo e confundem ainda mais.

Mais grave que isto fez o presidente Bolsonaro ao acusar — sem provas — as Organizações Não Governamentais que atuam na Amazônia de promover as queimadas. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tentou minimizar a catástrofe ao dizer que queimadas acontecem todos os anos, contrariando nota técnica do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam).

A ex-ministra Marina Silva, ressalva que sim, queimadas acontecem todos os anos mas “nunca incentivadas pelo discurso de um presidente”.

Entre todos os focos de incêndio que foram pautados essa semana na imprensa, o menor e menos relevante diz respeito ao conteúdo fotográfico utilizado para denunciar o problema.

Por fim, a reação dos líderes mundiais em especial aos que querem romper comercialmente com o Brasil só comprova que a política ambiental proposta por Bolsonaro não é compatível com os novos tempos. É preciso salientar que o agro não é tão pop assim.

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Joab Freire
Joab Freire

Distribuidor de versos, prestador de atenção, contador de histórias, arteiro e buliçoso. Estuda jornalismo, pesquisa cultura e atua imprensa da PB desde 2010.