Bolsonaro conclama contra instituições e o paradoxo da democracia
“Caímos num paradoxo”
A o chamar a população para participar das manifestações de 15 de março, durante discurso neste sábado (7), em Boa Vista, capital de Roraima, o presidente Jair Bolsonaro ataca o Brasil promovendo um ato que contraria as instituições que sustentam o Estado Democrático de Direito.
Semanas atrás, ele negou que tivesse encaminhado vídeos por sua conta pessoal no WhatsApp, convocando para as manifestações, fato que gerou especulação sobre um suposto crime de responsabilidade, agora Bolsonaro assumiu seu posicionamento que corrobora com os ideais antidemocráticos de sua base política sem nenhum pudor.
Se acaso acharmos que a nossa jovem democracia é suficientemente capaz legitimar um ato dessa natureza, sob o argumento da liberdade de expressão e manifestação popular, caímos num paradoxo:
Concebemos um ato democrático contra a democracia? E se tergiversarmos sobre os efeitos de ataques, como esse, à Constituição, legitimamos o fim do Estado Democrático de Direito com base na própria Constituição, de modo a tornar nosso futuro institucional impraticável?
Devemos cobrar limites. A teoria da separação dos poderes de Montesquieu, na qual se baseia nossa democracia reforça a distinção dos três poderes junto com suas limitações: precisamos, então, fazer valer os freios e contrapesos. Nenhum poder é livre para agir a vontade.
Bolsonaro namora com o autoritarismo e seus correligionários, que vão às ruas neste 15 de março, sabem disso. Seus opositores sabem. Congresso e o Supremo Tribunal Federal também. O que ninguém sabe ou não quer saber é quem irá frear o presidente em seus ataques a democracia.
