Grana Forte

Thiago Canellas
Jogo Bonito
Published in
2 min readJan 24, 2024

As finanças dos clubes de futebol viraram um campeonato à parte. Os debates são apaixonados, e o mais recente envolve a Liga Forte Futebol, que vendeu 20% das receitas com o Campeonato Brasileiro pelos próximos 50 anos por R$ 2,6 Bilhões.

A primeira coisa que impressiona são os 50 anos de “sociedade”. A maioria das análises consideram que foi um mau negócio para os clubes, que estariam “rifando” direitos valiosos por um longo tempo, por migalhas.

Mas a conclusão pode não ser tão óbvia.

O crescimento das receitas para o futuro está longe de ser certo. Na última negociação dos direitos de TV em 2023, a Premiere League fechou nos mesmos valores da última negociação. O mercado de direitos esportivos passou por um boom nos anos 2000/10, numa época pré-streaming e com muito menos concorrência pela atenção do público.

Por outro lado, os clubes terão uma posição comercial muito superior com uma Liga organizando o campeonato e criando pacotes comerciais unificados.

2024 é ano de negociação dos direitos do Campeonato Brasileiro. Um cenário otimista para a Liga Forte seria fechar em R$ 1,3 bilhões por ano, proposta da TV Globo para a Libra, que conta com uma base de torcedores significativamente maior. Nesse caso, considerando que o valor se mantenha, a taxa de retorno para os investidores seria de 9%.

A título de comparação, comprar títulos do governo atualmente paga 11,75%, e as dívidas dos clubes são muito mais onerosas do que isso.

O Fluminense, por exemplo, pagou R$ 18 milhões em juros sobre uma dívida total de R$ 56 milhões em 2022. São quase 30% de juros ao ano. Com isso o clube acaba operando no prejuízo, mesmo que a operação do futebol feche no azul.

Esse adiantamento certamente é um ótimo negócio para sanear dívidas extremamente onerosas, mas também pode fazer sentido para clubes equilibrados financeiramente sob a perspectiva de gestão de riscos do negócio.

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