O Caminho das Cotas

Thiago Canellas
Jogo Bonito
Published in
2 min readJan 25, 2024

A venda dos direitos de transmissão dos jogos é a principal receita para a grande maioria dos clubes nas ligas esportivas profissionais. E a impressão geral é de que esses valores só tendem a aumentar. Isso se deve ao nosso viés cognitivo de projetar o futuro com base no passado, e o que aconteceu no passado foi uma valorização expressiva do valor desses direitos.

Em 2011 o Esporte Interativo, que nem existe mais, anunciou que tinha fechado a compra dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro na TV Aberta. A proposta de R$ 500 milhões/ano representava mais que o dobro do pago pela TV Globo no triênio 2009/11.

Para se ter uma ideia da ousadia do EI, na última negociação em 2019, estima-se que a TV Globo pagou cerca de R$ 600 milhões/ano pelos direitos para TV aberta. Os direitos de TV fechada foram divididos com a Turner, e cada empresa pagou cerca de R$ 500 milhões, totalizando 1,6 bilhão ao ano. Além disso, a TV Globo ofereceu R$ 650 milhões/ano como receita mínima garantida para o Pay-per-view.

2024 é o último ano do atual contrato. As negociações para um novo período já estão avançadas. A segunda oferta do Grupo Globo para os clubes da Libra, que concentram aproximadamente 70% da torcida, está em 1,3 bilhão por ano para TV aberta e fechada. É razoável estimar que a negociação com a Liga Forte gire em torno de R$ 400 milhões, totalizando R$ 1,7 bilhão, 6% acima do valor de 2019. Rapidamente ficou claro que a receita garantida pelo pay-per-view estava grosseiramente superestimada. A distribuição atual está aproximadamente 40% abaixo do mínimo garantido.

Nesse cenário, é difícil supor que a receita de TV apresente um aumento significativo para 2025. A única forma de aumentar significativamente as receitas de TV dos clubes é a formação de uma liga.

O crescimento de receita parece depender de uma mudança no modelo de comercialização que diversifique o portfólio de parceiros para além do Grupo Globo, e consiga explorar oportunidades de comercialização que são ignoradas atualmente.

Isso só será possível com a formação de uma Liga única que organize o campeonato e tenha condições de montar pacotes mais atrativos para os direitos, incluindo foco no mercado internacional onde a Premiere League já fatura USD 6 bilhões.

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