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3 coisas que aprendi liderando projetos de Data Science

É menos sobre data e mais sobre science.

Letícia Gerola
Published in
3 min readFeb 23, 2021

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Quando te oferecem a oportunidade de tocar o front de um projeto de Inteligência Artificial, não é hora de pensar se você dá conta — é hora de fazer o pinguim de Madagascar e sorrir&acenar que sim, vamos nessa! Afinal, uma chance dessas não bate na porta todos os dias. Além disso, se o mundo acha que tu consegue, quem é você pra dizer que não?

As dores e as delícias de estar na linha de frente são muitas, e o aprendizado então… Nem se fala. Compartilho aqui um pouco do que absorvi com essa baita experiência que, no fim do dia, é muito mais sobre as soft do que sobre as hard skills.

Não dispense os processos — nem no mais apertado dos prazos.

Atrasar uma entrega é muitas vezes desenhado como o pior cenário, mas acredite, nenhuma bomba vai explodir se você precisar de uma semana a mais. Especialmente se esse tempo extra garantir consistência e qualidade! Pra ‘entregar mais rápido’ muitas vezes podemos atropelar processos essenciais, que vão definir a qualidade da sua aplicação em produção. Respeitar o ciclo do new branch — pull request — revisão do Github é importantíssimo pra garantir um bom versionamento do código e facilitar a vida lá na frente, quando as alterações inevitavelmente surgirem. Testes constantes dos scripts, confirmação por escrito das pendências e até uma rápida ata das reuniões enviadas aos participantes por e-mail, por que não? São processinhos como esse de confirmação de demandas que facilitam o alinhamento de expectativas, mantendo todo mundo na mesma página e, principalmente, falando a mesma língua. É surpreendente o tanto de mal entendido e erros que podem ser evitados simplesmente confirmando se estamos alinhados que A é A e B e B.

Traçar limites é tarefa sua.

Ninguém é obrigado a saber até onde você aguenta. Isso significa que, enquanto você estiver aceitando, as demandas vão sim continuar vindo — e é nessa hora que saber dizer não é de suma importância. Pessoalmente foi um processo novo pra mim, acostumada a dizer sim primeiro e me virar sobre como fazer, depois. A verdade é que sempre vai ter coisa pra fazer, sempre vai ter algo que poderia estar mais adiantado do que está hoje e que, se você não souber ‘desligar’ e virar a chavinha no final de semana, simplesmente vai emendar uma semana na outra e ser engolido pelas pré-ocupações. Meditar ajuda bastante, pratico há alguns anos e é uma âncora de paz em meio ao caos. Aconselho ter em mente que dizer ‘não’, não faz de você um mal profissional ou uma pessoa ruim! É simplesmente um traçado de limite, dizendo que, a partir daqui, hoje não. Talvez amanhã sim, mas hoje não. E presta atenção: quem se incomodar demais com seus limites é quem se beneficiava quando você não tinha eles bem definidos!

Peça ajuda.

Líder ou não líder, já se acostume com a ideia de que você não vai acertar sempre E não vai ter todas as respostas. Fazer as pazes com os erros é urgente pra dormir à noite e confia, eles fazem de você humano, não um incompetente. Não é porque você é o frontend que tem que ter todas as soluções, pelo contrário: acredito muito que as melhores lideranças são aquelas fundadas no pilar da humildade, que, ao deparar-se com algo que não sabem resolver, consultam a equipe, seus superiores, o cliente, os universitários e quem mais for preciso pra fazer uma boa entrega. Não é sobre você, sobre se proteger, se blindar — é sobre o projeto, e garantir uma aplicação de sucesso muitas vezes significa ser vulnerável, pedir ajuda, ou admitir que não sabe pra onde ir. A gente é melhor junto do que separado e tem muita gente boa nesse mundo! Ser inacessível é fora de moda e pouco produtivo.

Pra fechar, um conselho do jornalismo pra vida: negocia esse deadline, que o não você já tem :)

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Letícia Gerola
Joguei os Dados

Cientista de dados e jornalista. Autora do blog de Data Science ‘Joguei os Dados’.