crônica da nojeira

se eu pudesse teria uma mala de ouro enterrada no meu quintal. acharia dinheiro na rua —pelo menos uns 10 mil— pra pagar minhas dívidas e não ficar contando moeda pra comprar uma bolacha. se eu tivesse grana, talvez os problemas não me maltratassem, ou melhor, eles nem existiriam. e, aqueles que aparecem por motivo de força maior, seriam tratados pelos melhores especialistas. a culpa não é a falta de terapia, mas a falta de dinheiro. des-oportunidades e des-igualdades. bufunfa. o mal que nos persegue é o mesmo que pode nos salvar. me lembra o trecho da poesia de augusto dos anjos: "a mão que te afaga é a mesma que apedreja". já o escarro é por conta daqueles que estão em cima de nós, diretamente na nossa boca aberta que olha pra cima e espera um salvador que não existe. só quem salva é aquele que te mata. 8 ou 80. não tem mais nem menos. só mais dinheiro pra quem tem e menos saúde pra quem não pode ter. ah, se eu pudesse encontrar o pote de ouro no meio do arco-íris, esse que é tão real quanto a minha sorte existente — só que não —. me dá dinheiro?

crônica da nojeira.