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Crônica — Eu sou ausente

Jo Melo
jomelo
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2 min readJul 9, 2024

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Eu sou ausente das pessoas que quero ter por perto. Tenho aqueles que escolhi a dedo para se achegarem, pessoas em quem confio, com quem estou acostumada, etc. Passou disso, me sinto perdida.

Eu gostaria de ter mais amigas, mas só de pensar em ter de lidar com não sei quantas personalidades, jeitos e processar cada um deles, ufa, já me sinto cansada. Segurança. É disso que preciso. E, apesar de dizerem que sou ingênua, justamente por isso preciso de um tempo e que você preencha alguns pré-requisitos mentais para entrar na minha vida. E, se você consegue, considere-se com sorte porque eu consigo friamente não querer te ver mais, sem ao menos tentar fazer diferente. Foi mal, é uma rigidez minha. Nada pessoal. Meu cérebro funciona assim, ou simplesmente, como dizem, "o santo não bateu".

Não adianta forçar; se eu não fui com a sua cara, é pra sempre. Mas se eu te escolhi, pode ter certeza que terás minha fidelidade por toda nossa vida e, mesmo assim, não será todo dia ou toda hora, mas o tempo necessário para gente regar a amizade sem deixar que ela morra. Sem dramas, sem gradação, uma amizade livre, em que tá tudo bem a gente sumir por meses e voltar a se falar. A minha ausência não me deixa ser além disso. Se você espera alguém diferente disso, desculpe, não podemos ser amigas. Se eu não quero estar por perto ou manter laços, de novo, não é nada pessoal, eu só não quero. Mas isso também não quer dizer que você não possa se achegar e tentar amizade, mas não garanto que seremos #bffs. hahaaha

Ah, e antes que se esqueça, eu sou ausente, mas posso te amar muito.

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Jo Melo
jomelo
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Mãe, autista/tdah com hiperfoco em escrita, premiada na Suíça, escrevi 7 livros. Aqui, escrevo sobre autismo, mulheres, maternidade. Veja + em @jomelo.escritora