Monólogo: romantismo, romantizar, romântico (?)

Jo Melo
jomelo

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Vou romantizar é a minha mão na sua cara. Desde quando falar sobre si é ser romântico? Deturpam tanto as coisas que até a palavra "romantizar" está perdendo seu sentido e propósito. Não que eu não goste de mudanças na língua portuguesa; aliás, é o único tipo de rebuliço pelo qual sou apaixonada. As variações, as flexões, os regionalismos, até o "Vai pra puta que pariu com sua opinião sobre o que você pensa que eu romantizo" pode ser visto como dualidade ou grosseria e também simplesmente aplaudido pela sonoridade e a tal personalidade.

Ah, a língua, coisa mais gostosa, de todas as formas mesmo, figurada e literal, como a minha língua na sua ou simplesmente o tom da nossa língua portuguesa — esse seu diacho de achar que alguém está romantizando algo só porque não escreve do jeito que você quer, minha senhora. Ora, vá pras cucuias com esse seu pseudosignificado de alguma coisa; parece um papagaio que só reproduz palavras e um cachorro que come o próprio vômito ~UH-GO~.

Falando em romântico, romantismo, romance, amor... quero, sim, ser romantizada, mas daquele jeito de receber flores e o caralhos, ora pois. Vou romantizar é a minha mão na sua cara, minha jovem. Deixa estar.

Esta crônica/monólogo contém ironia, sarcasmo, figuras de linguagem, regionalismo, onomatopeia, arte. Ficaria perfeita no teatro.

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Jo Melo
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Mãe, autista/tdah com hiperfoco em escrita, premiada na Suíça, escrevi 7 livros. Aqui, escrevo sobre autismo, mulheres, maternidade. Veja + em @jomelo.escritora