Reflexão sobre a cultura do estupro

Jo Melo
jomelo

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“Ajoelhou tem que rezar”
“Não aceito não como resposta”
“Agora já era”
“Tá na chuva é pra se molhar”

Talvez você não saiba, mas frases como essas em contexto sexual são um retrato fiel à cultura do estupro.

Quando se reproduz essa e outras ações, quando está na rodinha com os amigos, em grupos do Facebook e WhatsApp ou quando fala essas frases pra sua companheira, sinto dizer, amigo… você está reproduzindo a tal cultura.

Por isso, siga essas três dicas importantes:

  • A partir do momento que você diz que uma mulher tem de fazer o que ela não quer na hora sexo, só pra te agradar, é abuso.
  • Se ela mudou de ideia no exato momento, mesmo dizendo antes que queria, respeite.
  • Perceba os sinais no coito, porquê, fechar os olhos e continuar como se estivesse metendo em um buraco sem sentimentos, pode causar desconforto.

Quantas mulheres tiveram medo de pedir pra parar com medo de serem pegas a força? E que aquela situação desconfortável e dolosa seria menos pior que ser agarrada? Eu mesma passei por isso.

De todas as mulheres que conversei, todas, TODAS passaram por abuso e isso pode incluir sua família.

Não é frescura. Não é c* doce, não é mimimi, não é ser chata, só quem viveu sabe o horror que é lembrar e sentir nojo de si mesma, do abusador e ainda ter de ler frases assim.

Fiquem espertos.

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Jo Melo
jomelo

Mãe, autista/tdah com hiperfoco em escrita e premiada na Suíça. Escrevo sobre autismo, mulheres, maternidade. @jomelo.escritora. Aqui tem textos desde 2016.