Bienal de Quadrinhos em Curitiba termina com recorde de público

Por conta de palestras, debates, shows, oficinas e inúmeros horários de autógrafos, a Bienal conseguiu reunir milhares de fãs de HQ

Jorlab
Jornal Comunicação
6 min readSep 12, 2016

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O mural “Eu desenho, tu desenhas, nós…” estava aberto ao público e qualquer um poderia deixar sua arte registrada. (Foto: Kethelyn Brito)

Reportagem e fotografia: Kethelyn Brito | Edição: Mariana Rosa

Acabou neste domingo (11) a Bienal de Quadrinhos de Curitiba. O evento, realizado desde quinta-feira (8) no Museu Municipal de Arte (MuMa) no Portão Cultural, reuniu pelas estimativas dos organizadores cerca de 30 mil pessoas e mais de 100 artistas que interagiram com o público.

Este foi o primeiro ano que o evento ganhou caráter de Bienal e por isso passou por modificações na dinâmica e nos objetivos. Segundo o organizador Fabrizio Andriani, os quadrinhos não são mais apenas publicações editoriais, eles são objetos de indagação política, sociocultural e de influência. Foi com este pensamento que a programação foi planejada.

Além de debates sobre a representatividade feminina no universo dos HQ’s, foi realizada uma exposição de quadrinhos que retratavam o momento político que o Brasil enfrenta e uma palestra de Laerte Coutinho, uma das principais cartunistas e chargistas brasileiras.

As crianças não poderiam ter ficado de fora da programação. A Casa de Leitura Wilson Bueno foi toda preparada para receber os pequenos. Contação de histórias, oficinas de desenho, shows e peças de teatro lambe-lambe foram o suficiente para garantir a diversão dos mini fãs de HQ.

Mantendo o que a GIBICON — Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba de 2014 — propôs, houve o Duelo de HQ, em que dois artistas desenham ao mesmo tempo numa batalha de criatividade. Outra prática mantida foi a Arena dos Artista, onde o público e os artistas puderam interagir, desenhar juntos, tirar fotos e trocar ideias de histórias. Adriano Loyola, que lançou o HQ “O Senhor dos Porcos” na Bienal, estava feliz com a proximidade que o evento proporcionou. “É um delicia ver de perto a reação do público ao nosso trabalho, ver que valeu a pena o esforço”, conta.

Alguns artistas consagrados no cenário nacional ganharam espaço privilegiado para expor suas obras, entre eles estão Shiko, Jouralbo e Thiago Provin. Mas o destaque da Bienal fica com o ilustrador Benício, que recebeu o Troféu Maria Erótica pelo prêmio Claudio Seto. A marca registrada de Benício é a ilustração das pin-ups e o público pode ver algumas das suas ilustrações na exposição E Benício inventou a Mulher.

Curitiba, a capital dos quadrinhos

Curitiba vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional quando o assunto é quadrinhos. Desde 2011, a cidade realiza um dos maiores eventos do gênero no país, a GIBICON — Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba. O festival que acontece de dois em dois anos tem como principal objetivo o desenvolvimento sociocultural e a maior aproximação entre público e quadrinhistas.

O primeiro festival que daria início no ano seguinte a GIBICON, recebeu o nome de Edição Número Zero e foi realizado no Memorial de Curitiba, no Lago da Ordem. O evento recebeu 40 artistas brasileiros, além dos italianos Fabio Civitelli e Lucio Felippucci, o francês Hervé Bourhis e o argentino Salvador Sanz. Entre as principais obras expostas estava a mostra Seto — o Samurai de Curitiba. O evento recebeu cerca de 10 mil pessoas.

A primeira GIBICON de fato aconteceu em 2012 e recebeu um público de 15 mil pessoas. A edição foi marcada por três grandes homenagens: ao editor italiano Sergio Bonelli, que publicava personagens como Tex; a editora paranaense Grafipar, pela importância que tem para os quadrinhos no país; e a Gibiteca de Curitiba pelas suas três décadas de existência. A GIBICON nº1 foi tão bem sucedida que recebeu o prêmio Ângelo Agostini, com o Troféu Jayme Cortez, por sua contribuição aos quadrinhos no Brasil e também foi eleita como o melhor evento de quadrinhos em 2012 pelo HQ Mix.

A GIBICON nº2 precisou de um espaço ainda maior e foi realizada no MuMa. Contou com a presença de 104 artistas nacionais, que se desdobraram entre dar palestras, oficinas e autógrafos. O evento também contou com uma feira literária e duelos de HQ. Por conta do novo formato, a GIBICON nº2 recebeu 25 mil pessoas em quatro dias.

(Fotos: Kethelyn Brito)

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Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná.