4 dos 5 países com menor expectativa de vida são africanos

O continente enfrenta inúmeros problemas socioeconômicos, entre os mais graves estão a fome, os conflitos civis e a presença de epidemias de doenças contagiosas como a AIDS

Helena Ribeiro
Jornalismo de Dados — UniRitter
3 min readJul 10, 2017

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A média de expectativa de vida em todo o mundo é de 72,55 anos, de acordo com uma tabela retirada da fundação Gapminder. Em Andorra, país com a maior expectativa de vida, essa média chega a 84,80 anos. Mas existem pessoas que no ano de 2016 nascem com uma esperança de viver menos do que 55 anos. Esse é o caso da população dos 5 países com o menor índice, 4 deles estão localizados no continente africano e 1 no oriente médio.

Não chegando nem mesmo a 50 anos, Lesoto é o país com a menor expectativa de vida. Uma pessoa que nasce nesse pequeno país da África Austral viverá em média somente 48,86 anos se o país permanecer nas condições atuais. Esse número é quase a metade da média do país com a maior expectativa de vida.

5 países com a menor expectativa de vida:

1- Lesoto (48,86 anos)

2- República centro-africana (51,04 anos)

3- Afeganistão (52,72 anos)

4- Suazilândia (53,88 anos)

5- Somália (54,1 anos)

Confira aqui o gráfico com dados sobre a expectativa de vida por continente.

A África é o continente mais pobre do mundo. A desigualdade social nos países africanos e o grande número de conflitos e guerras civis são fatores que contribuem para a miséria e a fome. Além disso o continente vive em meio a várias epidemias de doenças contagiosas como: aids, malária, tuberculose, hepatite, entre outras.

Aids: um dos inimigos

De acordo com relatórios da UNAIDS (Programa da Organização das Nações Unidas sobre Aids), a África subsaariana sozinha responde por 69% do total de pessoal que vivem com o vírus HIV em todo o mundo. Devido à essa doença a expectativa de vida recuou cerca de 17 anos em alguns países.

Estudos comprovam que, graças ao avanço da medicina, uma pessoa soropositiva pode ter uma expectativa de vida quase igual a de uma pessoa saudável. O tratamento mais eficaz são os antirretrovirais que envolve a combinação de 3 remédios ou mais para impedir a multiplicação do vírus HIV no corpo. São remédios com menos efeitos colaterais e quanto mais cedo o tratamento começar maior a expectativa de vida.

A universidade Federal da Cidade do Cabo realizou uma pesquisa com base em informações de seis programas de tratamento contra o HIV da Africa do Sul entre 2001 e 2010. O estudo constatou que a expectativa de vida aumenta em até 27 anos entre os homens que começam o tratamento com antirretrovirais aos 20 anos. Entre as mulheres a expectativa é ainda melhor, chegando a 34 anos.

O grande problema é que apesar dos avanços ao acesso a esse tratamento, das 22,9 milhões de pessoas infectados pelo vírus HIV na África, somente 7 milhões têm a possibilidade de se tratar. Na África do Sul, um dos países mais desenvolvidos do continente, a terapia com antirretrovirais passou a ser 100% gratuita somente em 2016. Antes disso o governo pagava apenas pelo tratamento de pessoas que estavam em um estágio mais agravado da doença.

Mas apesar da epidemia do vírus ter matado nas últimas décadas, somente na África, quase tanto quanto a gripe espanhola no início do século, as instituições estão otimistas para os próximos anos. A UNAIDS tem um projeto para o fim da aids até 2030, eles afirmam que existe uma crescente melhora na expectativa de vida e no acesso ao tratamento nos últimos anos nos países mais afetados. Na África do Sul o número de novas infecções por HIV reduziu de 600 mil por ano no ano de 2000, para 340 mil no ano de 2014.

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