A extrapolante produção de um veneno para o mundo

O crescimento das emissões de gases de efeito estufa as vezes aparecem de forma disfarçada, e em nome do desenvolvimento humano

Dado Nogueira
Jornalismo de Dados — UniRitter
4 min readJul 10, 2017

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(Foto: Frank Augstein/AP) / Internet

A poluição vem sendo cada vez mais discutida ao longo dos anos, e a emissão de gases poluentes que afetam a camada de ozônio é uma realidade que tem na sua principal causa a emissão do CO2. Esse gás é o principal causador do efeito estufa, responsável pela mudança climática do planeta, e sua emissão se dá em grandes quantidades em alguns países. Segundo levantamento, atualmente o Catar é o principal emissor de CO2 no mundo, gerando cerca de 2.830 mil toneladas per capita do poluente, seguido por Emirados Árabes Unidos (1.656) e Luxemburgo (1466). (Veja lista abaixo)

Países com maiores índices de produção de CO² Per Capita

Maiores emissores de CO2 per capita | Danrley Passos via Infogram

Não é de hoje que o Catar gera grandes quantidades de CO2. Historicamente, o país já vem sendo o principal emissor do mundo, sendo responsável, inclusive, pelo maior aumento de emissão da história. Entre 1962 e 1963, o país árabe pulou de 3,39 para 99,58 mil toneladas per capita na produção do gás, tendo uma produção 28 vezes maior, ou seja, 96,19 kt a mais do que no ano anterior.

Na história ainda há outros ápices de crescimento em apenas um ano, como nos Emirados Árabes Unidos e Brunei Darussalam. Estes países aumentaram cerca de 93,13 e 59,35 kt, respectivamente. No primeiro, o aumento se deu entre os anos de 1968 e 1969, já no segundo, entre 1969 e 1970.

Crescimento de emissões em um ano. | Danrley Passos via Infogram

Porém, mesmo depois destes grandes picos de emissões, houve um considerável declínio nos números, mesmo que ainda sejam fortemente prejudiciais à camada de ozônio. Após a Conferência de Estocolmo (1972), o Catar diminuiu aproximadamente 19,45 kt de emissão (entre 1973 e 1974). Se comparar o mesmo ano (1973) com 2011, o valor de diminuição é ainda maior: 43,71 kt.

Mas estes números não representam uma melhora global. Em 2011, no mundo, foram emitidas 3.2407.890,08 bilhões de toneladas, mais que o dobro do registrado em 1973 (1.2222.727,14 bilhões de toneladas).

Supremacia de poluentes

Não é coincidência que, entre os países que mais emitem CO² por pessoa, no mundo, quatro se encontram no Oriente Médio. Esta região do planeta, repleta de desertos, é a que concentra a maior quantidade de petróleo do mundo, um dos principais combustíveis fósseis que geram o poluente. Em alguns países, inclusive, essa é a principal ou até mesmo única fonte de receita. Com relação ao restante do mundo, a região chega a produzir mais da metade do petróleo do mundo — aproximadamente 60% — e acolhe países como o Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrein, quatro dos sete países que mais emitem CO² per capita no planeta.

O petróleo é tão importante que já foi motivo de conflitos no passado — como as disputas entre Inglaterra e França, por zonas do oriente médio. Essa importância mostra-se, por exemplo, na criação do OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo). Ela foi criada, basicamente, com o intuito de confrontar o poderio militar e político de países como EUA, e potencias europeias. Arábia Saudita, Catar, Kwait, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Angola, Argélia, Nigéria, Líbia, Equador e Venezuela, são países que, por serem grandes produtores de petróleo, fazem parte da organização.

EUA fora do Acordo de Paris

Selado em 2015, em Paris, na Conferência de Partes (COP21), e por 195 países, o tratado tem como objetivo principal uma ação conjunta para o controle do clima, levando em conta a diminuição da emissão de Dióxido de Carbono, o CO2. A ideia é agir para que o clima tenha um aumento muito abaixo de 2ºC, com investimentos de até 100 bilhões por ano, por parte dos países, para que sejam realizadas medidas de combate à mudança do clima.

Porém, em junho de 2017, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do acordo por parte do país. Para o presidente, o tratado traz consigo desvantagens para os EUA para beneficiar outros países. “Para cumprir o meu dever solene de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos, os Estados Unidos vão se retirar do acordo climático de Paris, mas iniciam as negociações para voltar a entrar no acordo de Paris ou em uma transação inteiramente nova em termos justos para os Estados Unidos, suas empresas, seus trabalhadores, suas pessoas, seus contribuintes “, disse. Vale lembrar que o país norte-americano é um dos maiores emissores do mundo, quando se trata de poluentes causadores do efeito estufa, como mostrado anteriormente. Dessa forma, a diminuição na produção desses gases, consequentemente, afeta o “desenvolvimento” de países como os EUA, por exemplo, que acaba por preferir pensar me problemas próprios e econômicos, do que problemas coletivos, e que envolvem a vida do planeta.

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