Escola da vida

Robson Hermes
Jornalismo de Dados — UniRitter
3 min readJul 10, 2017

“Toda criança e adolescente tem direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”, assim está escrito no artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O estatuto garante direitos para as crianças durante sua formação para a o trabalho na vida adulta, utopicamente.

Não é necessário procurar muito para se deparar com crianças, em meio às multidões, que têm a árdua tarefa de dedicar essa fase da vida, que deveria ser a mais cheia de sonhos e aspirações inocentes, pela responsabilidade de garantir seu sustento precocemente.

Em alguns casos, os pequenos se aventuram nas multidões sozinhos ou em grupos, acompanhados de outras crianças. Em outros, são supervisionados à distância pelos olhos de um adulto, servindo como um apelo para comover.

Devido às jornadas de trabalho, o direito à educação, muitas vezes, é deixado de lado. Na luta pelo sustento, algumas crianças largam a escola ou, até mesmo, nunca chegam a conhecer o ambiente de aprendizado.

Por todo o Brasil, existem crianças e adolescentes que enfrentam essa realidade. Segundo o Senso Escolar do IBGE, milhares de jovens — de 10 a 17 anos — evadiram da escola e, em alguns casos, são totalmente analfabetos, o que pode indicar que nunca estiveram em um ambiente escolar.

Em estados como o de São Paulo, que tem a maior população com essa faixa etária — mais de 5 milhões de pessoas — contabiliza mais de 400 mil jovens que não frequentam a escola, o que representa 7,6% dessa população. Minas Gerais é o segundo maior estado em número de jovens em idade escolar — cerca de 2,8 milhões de pessoas — e soma mais de 220 mil, que não frequentam a escola.

Esses altos números se devem à evasão escolar, pois os maiores números de analfabetos se concentram em outros estados. Ou seja, se concentram nos outros estados o número de jovens que nunca passaram pela alfabetização.

Apesar dos grandes números de jovens não frequentadores da escola, as maiores taxas proporcionais de jovens em idade escolar analfabetos estão concentradas, em sua maioria, nas regiões norte e nordeste do país.

O trabalho infantil é um dos fatores que leva ao analfabetismo, porém não é o único. Segundo dados divulgados, nem todos os estados que possuem os mais altos números de jovens ocupados coincidem com o número de jovens analfabetos.

O estado de Alagoas, localizado no nordeste, atinge a taxa de 7,9% de jovens em idade escolar, que são analfabetos. Seguido do estado do Maranhão, da região nordeste também, que atinge uma taxa de 7% de analfabetismo entre os jovens em idade escolar.

Apesar da necessidade de trabalhar dos jovens em idade escolar ser um dos maiores motivos para a evasão, diversos outros fatores podem colaborar para que isso aconteça. Algumas pessoas moram em lugares de difícil acesso, tendo que depender de transporte precário, quando o tem. Outras moram em regiões de extrema insegurança, o que anula a frequência.

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