Esporte, entretenimento ou negócios? O UFC se foca em expansão de grandes eventos e retorno financeiro

O Ultimate em 2017 se encaminha para o ano com menor quantidade de eventos nos últimos três anos.

Por Diego Rodrigues e Leonardo Ferreira

A luta entre Anderson Silva e Vitor Belfort, na disputa de título da categoria peso médio, pode ser apontada como o momento em que o Mixed Martial Arts (MMA) teve grande explosão de audiência no Brasil. Antes disso, até fevereiro de 2011, quando ocorreu o confronto, o evento organizado pela Ultimate Fighting Championship (UFC) havia visitado o Brasil apenas uma vez, no ano de 1998. De lá para cá, a organização norte-americana visitou o país em outras 28 oportunidades.

O UFC em números

O Ultimate em 2017 se encaminha para o ano com menor quantidade de eventos nos últimos três anos. Comparado com 2015 e 2016, quando em ambos períodos foram realizados 41 eventos, 2017 terá dois eventos a menos. Com isso, é possível notar uma redução no número total de lutas. Mesmo com dez eventos a serem realizados ainda neste ano, é possível constatar uma redução de 9,33% na quantidade de combates realizados. Se em 2016 o UFC chegou a marca de 493 lutas, o ano de 2017 se mantiver a média de 11 combates por evento, atingirá no máximo 447.

Mesmo com menos lutas durante o ano, os números apontam que os combates foram mais atrativos para os fãs. Até o momento, 107 nocautes aconteceram nos octógonos ao redor do mundo. Se a média atual for mantida, o ano de 2017 pode acabar com 151 nocautes. Proporcionalmente ao número de lutas, a média de nocautes em 2017 é maior que os dois anos que se antecedem. As finalizações também são números atrativos durante o ano que sucede. Até o momento, 79 combates foram encerrados no momento que o adversário sucumbe antes do gongo final.

Uma recente falta de campeões brasileiros dentro da organização faz com que o interesse do público em relação ao esporte acabe sendo discreto. Se por aqui o UFC não vislumbra um cenário promissor, recentemente nos Estados Unidos o Ultimate viveu um dos momentos mais grandiosos em sua história. Em quais circunstâncias um atleta estreante num esporte como o boxe teria a oportunidade de enfrentar um lutador considerado um dos melhores de todos os tempos? Se por um acaso você seja campeão de duas categorias do UFC, atraia atenção de todos por onde passa e com isso faça que todos ao seu redor lucrem cifrar milionárias, você pode ter esta chance.

Famoso por ser extravagante em suas palavras, atitudes e postura, mas ao mesmo tempo fazer o seu papel dentro do octógono, Conor McGregor preenchia todos requisitos para ser um dos personagens na maior luta da história. Com perfil semelhante, um dos maiores nomes do boxe, Floyd Mayweather aceitou participar do confronto e com isso todos saíram com os bolsos recheados de muito dinheiro. A empresa responsável por organizar este evento em específico, informou que somente para subir no ringue, o americano Floyd Mayweather ganharia $100,000,000, o irlandês ficaria com $30,000,000. Estes valores sobem consideravelmente se somados os valores de patrocínio para a luta e vendas de pacotes de pay per view.

O planejamento da organização foi de alavancar a luta mundialmente, com isso tiveram coletivas nos EUA, Canadá e Londres. Durante os eventos, ocorreram diversas provocações de ambas as partes, o que faz com que o interesse do público aumentasse. Assim, em 26 de agosto, data da entitulada “The Money Fight”, o UFC viu seu nome representado por Conor McGregor na luta mais rentável da história em qualquer esporte de combate.

O Ultimate pelo mundo

O UFC não se limita aos grandes centros do MMA mundial. Além dos mercados consolidados como Estados Unidos, Brasil e Canadá, ao longo dos três últimos anos a organização fez ao máximo para explorar sua marca em locais até então pouco utilizados. Em 2015, o Ultimate visitou quatro novos países: Filipinas, Polônia, Escócia e Coreia do Sul, já em 2016 a Europa teve maior foco de exploração. Croácia e Holanda receberam o octógono pela primeira vez. Até então, em 2017, o foco foi consolidar-se em Nova Iorque, cidade onde até o final do ano que se passou era ilegal a realização de eventos de MMA. Somente neste ano, quatro eventos foram realizados em solo nova-iorquino.

O que esperar do futuro?

Esporte, entretenimento ou negócios? Muitos se confudem quanto a real intenção do UFC no mercado. Porém, ao passar do tempo cada vez mais se comprova a intenção de sempre visar o lucro, o lado esportivo em diversas ocasiões fica de lado. O futuro da organização parece caminhar num caminho contrário de suas reais intenções. De dois anos para cá, a organização viu suas grandes estrelas serem destronados dentro ou fora do octógono, entre outras ocasiões que se envolverem em casos de polícia.

Dois anos atrás, Ronda Rousey, considerada um dos maiores, senão o maior nome do MMA feminino, foi nocauteada brutalmente por Holly Holm, voltou ao octógono quase um ano depois e novamente foi derrotada. No masculino, Jon Jones, citado de forma praticamente unânime na lista dos mais completos atletas de todos os tempos, se envolveu em casos de doping, acidentes de trânsito e chegou até mesmo ser preso. Com isso, a esperança do UFC volta a ser McGregor, mas será que o atual campeão peso-leve pretende voltar a lutar MMA onde nunca chegou nem perto de ganhar uma bolsa tal qual a sua última luta no boxe? Segundo Dana White, o futuro de Conor é dentro do UFC e sua próxima luta será defendendo o cinturão peso-leve contra Tony Ferguson.

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