FALTA DE POLICIAIS MILITARES NAS RUAS AFETA POPULAÇÃO
Por: Diego Lemos e Guilherme Escouto
No início deste ano, uma operação do governo estadual deslocou 350 policiais do interior para a capital gaúcha, que se uniram ao efetivo presente na cidade e aos 200 soldados da força nacional. Após a operação, o número de homicídios em Porto Alegre caiu 23,5% em relação ao período de março à maio de 2016.
Dados do Comando de Policiamento da capital mostram uma relação direta entre o tamanho do efetivo policial e o número de mortes por armas de fogo. E, com a redução significativa do número de policiais nas ruas nos últimos dez anos, o índice de violência ganhou corpo.
Em 2006, Porto Alegre possuía 2.880 policiais militares. Com a baixa no número de servidores, é perceptível o aumento da criminalidade: de 413 homicídios naquele ano para 802 em 2016.
Em 2016, em um período de sete meses, com um contingente maior de policiais militares, foi registrada uma redução nos roubos a pedestre. Em outubro do mesmo ano, o índice apresentou uma redução em relação ao mesmo mês em 2015.
Ambos os dados realçam que aumentando o efetivo haverá mais policiais nas ruas para o policiamento preventivo, para o atendimento de urgência e consequentemente a diminuição da criminalidade.
AUMENTO NA POPULAÇÃO X REDUÇÃO DO EFETIVO
Como toda população mundial, Porto Alegre obviamente está neste contexto. Segundos dados do IBGE, a proporção dos cidadãos da Capital cresceu ao longo dos anos.
Nos anos 1970, havia menos de 900 mil pessoas residentes em Porto Alegre. Quase 40 anos depois, esse número aumentou para 1,4 milhão, segundo o IBGE. Enquanto isso, o efetivo caiu.
O sargento da Brigada Militar, Gilson Nascimento, ressalta que o tempo dos policiais militares no serviço e a falta de incentivo ao ingresso na corporação através de cursos são uma das principais causas no déficit. “O pessoal envelheceu, a tropa envelheceu e ficou um tempo muito grande dos novos para os antigos, por isso temos esse parâmetro. Não entrou ninguém nesse tempo todo. Temos um atraso de 2006 a 2012, depois do final de 2012 até os dias de hoje em 2017”, diz o Sargento. Os antigos estão se aposentando dos seus serviços entrando na reserva remunerada e assim vai diminuindo o numero de policiais nas ruas.”
PARCELAMENTO DE SALÁRIOS NO RS
Por conta da crise financeira, o atual governo do Estado, com José Ivo Sartori, decidiu parcelar o salário dos servidores públicos em meados de 2015. O número de pedidos de aposentadoria dos policiais militares cresceu após essa decisão do governo estadual, o que levou, pela primeira vez no RS, o número de brigadianos na reserva ser maior do que o efetivo nas ruas em 2016.
Outro ponto de preocupação do governo são as aposentadorias especiais. Estima-se que cerca de 21,4 mil policiais militares tenham direito a esse beneficio. Assim o número de PMs para proteger a população tende a cair mais.
O governo estadual anunciou que cerca de 3500 novos funcionários foram contratados no setor da segurança em 2017 e a precisão até o final do ano é que esse número suba para 4200 funcionários contratados.