FALTA DE POLICIAIS MILITARES NAS RUAS AFETA POPULAÇÃO

Diego Lemos
Jornalismo de Dados — UniRitter
3 min readJul 10, 2017
Foto : Evandro Oliveira/Seduc

Por: Diego Lemos e Guilherme Escouto

No início deste ano, uma operação do governo estadual deslocou 350 policiais do interior para a capital gaúcha, que se uniram ao efetivo presente na cidade e aos 200 soldados da força nacional. Após a operação, o número de homicídios em Porto Alegre caiu 23,5% em relação ao período de março à maio de 2016.

Dados do Comando de Policiamento da capital mostram uma relação direta entre o tamanho do efetivo policial e o número de mortes por armas de fogo. E, com a redução significativa do número de policiais nas ruas nos últimos dez anos, o índice de violência ganhou corpo.

Fonte: Comando de Policiamento da Capital

Em 2006, Porto Alegre possuía 2.880 policiais militares. Com a baixa no número de servidores, é perceptível o aumento da criminalidade: de 413 homicídios naquele ano para 802 em 2016.

Em 2016, em um período de sete meses, com um contingente maior de policiais militares, foi registrada uma redução nos roubos a pedestre. Em outubro do mesmo ano, o índice apresentou uma redução em relação ao mesmo mês em 2015.

Ambos os dados realçam que aumentando o efetivo haverá mais policiais nas ruas para o policiamento preventivo, para o atendimento de urgência e consequentemente a diminuição da criminalidade.

AUMENTO NA POPULAÇÃO X REDUÇÃO DO EFETIVO

Como toda população mundial, Porto Alegre obviamente está neste contexto. Segundos dados do IBGE, a proporção dos cidadãos da Capital cresceu ao longo dos anos.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico

Nos anos 1970, havia menos de 900 mil pessoas residentes em Porto Alegre. Quase 40 anos depois, esse número aumentou para 1,4 milhão, segundo o IBGE. Enquanto isso, o efetivo caiu.

O sargento da Brigada Militar, Gilson Nascimento, ressalta que o tempo dos policiais militares no serviço e a falta de incentivo ao ingresso na corporação através de cursos são uma das principais causas no déficit. “O pessoal envelheceu, a tropa envelheceu e ficou um tempo muito grande dos novos para os antigos, por isso temos esse parâmetro. Não entrou ninguém nesse tempo todo. Temos um atraso de 2006 a 2012, depois do final de 2012 até os dias de hoje em 2017”, diz o Sargento. Os antigos estão se aposentando dos seus serviços entrando na reserva remunerada e assim vai diminuindo o numero de policiais nas ruas.”

PARCELAMENTO DE SALÁRIOS NO RS

Por conta da crise financeira, o atual governo do Estado, com José Ivo Sartori, decidiu parcelar o salário dos servidores públicos em meados de 2015. O número de pedidos de aposentadoria dos policiais militares cresceu após essa decisão do governo estadual, o que levou, pela primeira vez no RS, o número de brigadianos na reserva ser maior do que o efetivo nas ruas em 2016.

Outro ponto de preocupação do governo são as aposentadorias especiais. Estima-se que cerca de 21,4 mil policiais militares tenham direito a esse beneficio. Assim o número de PMs para proteger a população tende a cair mais.

O governo estadual anunciou que cerca de 3500 novos funcionários foram contratados no setor da segurança em 2017 e a precisão até o final do ano é que esse número suba para 4200 funcionários contratados.

--

--