Gripe Espanhola, o vírus que devastou o mundo

William Silva
Jornalismo de Dados — UniRitter
2 min readJun 12, 2017

O caos mundial não cessou ao fim da primeira grande guerra.

As pessoas evitavam aglomerações, o medo de sair nas ruas era constante, as famílias que tinham condições procuravam migrar para zonas rurais, ruas eram desertas, estádios de futebol mantinham arquibancadas vazias, estabelecimentos comerciais fecharam por falta de clientes. Essa foi a realidade do Brasil e de boa parte do mundo em 1918.

Quando a população mundial comemorava o fim da primeira grande guerra, uma nova catástrofe dizimou populações pelo globo. Conhecida popularmente como Gripe Espanhola (ou Gripe de 1918), a Influenza A do subtipo H1N1, tem origem desconhecida. Porém, foi designada com esse nome pelo fato de a imprensa na Espanha, que não participava na guerra, ter noticiado livremente que civis, em muitos lugares do país, estavam adoecendo e morrendo em números alarmantes. O número total ultrapassaria em muito os óbitos da primeira guerra: foram mais de 50 milhões de vitimas, contra 9 milhões do conflito mundial.

A doença começava com uma espécie comum de gripe. No entanto, os doentes contaminados por ela desenvolviam rapidamente o tipo mais viscoso de pneumonia, até então nunca vista. Algumas horas mais tarde, apresentavam cianoses, um sintoma causado por insuficiência circulatória e inalação de gases tóxicos, que se estendia por toda face, alterando a pigmentação da pele, dificultando até mesmo as possibilidades de distinguir cidadãos de pele escura e clara. A morte chegava em poucas horas, causada por sufocamento.

No Brasil, a epidemia chegou em setembro de 1918 pelos navios vindos de Portugal e da África. Ancorados nos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro, eles trouxeram consigo doentes contaminados pela gripe. Em pouco mais de duas semanas, surgiram doentes em regiões do Nordeste e em São Paulo. Na época, a expectativa de vida caiu para 26,98.

Estima-se que o vírus tenha matado 35 mil pessoas no país. Entre elas, o presidente eleito em 1919, Rodrigues Alves. Entre outubro e dezembro de 1918, 65% da população brasileira estava contaminada pelo vírus. Só no Rio de Janeiro foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, mais de 2.000 pessoas morreram.

Ainda hoje não se sabe ao certo a origem e o que fez a Gripe Espanhola uma doença tão terrível e letal, continua sendo um mistério da ciência. Através de alguns estudos científicos, apontaram que a influenza surgiu em 1916, e ao longo do tempo passou por mutações graduais e sucessivas, onde em 1918, assumiu sua forma mortal.

O mapa refere-se ao ano de 1918. As cores em tom mais avermelhados fazem referência a taxas de mortalidade cada vez menores, e as cores mais acinzentadas, fazem referência a taxa de mortalidade cada vez maior. No Brasil, a taxa era de 26,98. Em Samoa, chegou a 1 ano. Confira aqui o mapa interativo.

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