Haiti 2010: a menor expectativa de vida do século 21

Eduardo Willrich
Jornalismo de Dados — UniRitter
3 min readJun 10, 2017

Haiti, em 2010, teve o ano com a menor expectativas de vida do século XXI, segundo dados da Gapminder Fundation, uma Organização Não Governamental (ONG) da Suécia que, desde 2006, promove o desenvolvimento global através da compreensão de estatísticas. Duas questões foram preponderantes para a baixa expectativa de vida no país: no Haiti, uma catástrofe natural, e na Eritreia, uma guerra contra e Etiópia.

Localizado no Caribe, o Haiti ocupa uma pequena porção territorial — são pouco mais de 27 mil km² — ao leste da Ilha de São Domingos. Em 1804, tornou-se a primeira nação independente da América Latina. Mas engana-se quem pensa que, a partir de então, o país teria um desenvolvimento pleno. Longe disso. No século XIX, 20 governantes comandaram o Haiti. Destes, 16 foram depostos ou assassinados. No século XX, entre 1914 e 1934, os Estados Unidos passaram a ocupar o país. E, novamente, engana-se quem pensa que o país teria uma guinada. Em 1957, o médico François Duvalier foi eleito e, em seguida, apoiando-se no contexto da Guerra Fria, instaurou uma voraz ditadura, apoiando-se no terror disseminado pelos “tontons macoutes” – em francês, bichos-papões –, uma milícia fortemente armada que obedecia às regras estipuladas por François. Estima-se que a trupe do ditador tenha sido responsável pela morte/desaparecimento de aproximadamente 150 mil pessoas.

O período de ditadura no país foi longo, e durou até 1990, quando o país passou por eleições diretas. Jean Bertrand foi eleito pela maioria. Porém, engana-se quem pensa que o sofrimento deixaria de fazer parte da rotina dos haitianos. No ano seguinte, Bertrand foi deposto em um golpe de estado e o país, novamente, passou a conviver com a ditadura.

Em 1994, quando a expectativa de vida do Haiti era de 55 anos, com a ajuda dos Estados Unidos, uma força multinacional foi criada com o intuito de restabelecer a democracia no país. Apesar do sucesso, o Haiti permaneceu mergulhado em pobreza e crise. Durante o século XXI, novos problemas políticos assombraram o país e, em 2004 após uma nova ameaçada de golpe, o presidente interino Bonifácio Alexandre pediu o auxílio da ONU para manter a segurança interna. Com a chegada da ONU, engana-se que, enfim, o país daria uma guinada. Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de proporções catastróficas devastou o país. Estima-se que 80% das construções da capital, Porto Príncipe, foram destruídas.

A tragédia vitimou cerca 200 mil pessoas, deixando mais de três milhões de desabrigados — o que diminuiu a expectativa de vida do país de 61 para 32 anos. Com isso, Haiti, no ano de 2010, teve a menor expectativa de vida mundial desde 1994, quando um genocídio massacrou mais de 500 mil pessoas em Ruanda e diminuiu a expectativa de vida do país de 46 para 13 anos.

--

--